Igreja celebra em novembro a Jornada Mundial dos Pobres

A Igreja católica celebrará, em novembro deste ano, a IV Jornada Mundial dos Pobres, com o tema “Estenda a tua mão aos pobres”. A convocação, feita pelo Papa Francisco, objetiva mobilizar as pessoas e comunidades para a questão da pobreza no mundo. Presidente da Cáritas Belém e articulador do Ministério da Caridade, na Arquidiocese de Belém, o diácono  Raimundo Nonato disse que a Jornada Mundial dos Pobres é um evento convocado pelo Santo Papa Francisco, no encerramento do Ano da Misericórdia, em 2016.

“É um chamado do Santo Padre para todas as comunidades cristãs e todas as pessoas de boa vontade, para fazer crescer uma cultura de misericórdia, na redescoberta do encontro com os outros. Uma cultura na qual ninguém olha para o outro com indiferença. Nem vire a cara quando ver o sofrimento dos irmãos”, disse.

“E tem como objetivo testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo construindo a cultura da solidariedade, com a opção preferencial pelos pobres. Tento como a principal referência a mensagem do Santo Padre, que nos oferece como iluminação bíblica”, afirmou.

A abertura da jornada, em Belém, ocorreu no dia 11 deste mês. “A partir dela, tivemos as celebrações nas regiões episcopais, dando conhecimento às comunidades de todas as nossas ações nesse período, que vão até 22 de novembro, quando acontece a culminância da jornada”, disse.

Foram trabalhados seis eixos. Um deles é o da espiritualidade, com o objetivo de celebrar a opção preferencial pelos pobres, estimulando o espírito missionário e caritativo da comunidade. Há o eixo da caridade, para a realização de atividades solidárias com as populações mais vulneráveis. Outro eixo é o da política, considerando este um ano eleitoral, de buscar promover o voto consciente dos cidadãos e da sociedade em geral, para uma melhor participação política. E, finalizando, o sexto eixo trata do meio ambiente.

Atenção aos sem ocupação e em situação de rua

“Além desses seis eixos, temos ainda em torno de 10 atividades, onde envolvemos setor da juventude, as pastorais sociais, Pastoral Familiar, Casa da Juventude, Os Vicentinos, Pastoral das Crianças, Pastoral dos Surdos, a Fraternidade e o Caminho, Movimento República de Emaús, Comunidade Missão Belém, Pastoral Carcerária, Pastoral da Pessoa Idosa e a comunidade Sementes do Verbo. Até 22 de novembro, teremos várias ações, campanhas de repartir o pão, ação do amor, ações solidárias, distribuindo sopas e fazendo, também, a coleta de alimento não perecível para a distribuição das comunidades no entorno das  paróquias. Faremos visitas evangelizadoras. Na culminância devemos realizar uma ação social na igreja da Trindade, acolhendo a população de rua”, explicou.

Ação prevê acolhimento de famílias que estão nas ruas (Igor Mota / O Liberal)

O diácono Raimundo Nonato disse que, além dessas outras atividades, a Igreja convoca a sociedade como um todo para esse olhar de cuidado, estender a sua mão. “E, ainda, em relação aos desafios da igreja, e da sociedade, como também no enfrentamento da pobreza na região metropolitana de Belém, para nossa igreja de Belém são muitos os desafios, considerando sobretudo muitas pessoas que estão sem ocupação, muitos que vivem da economia informal, impedidos de desempenhar suas atividades e uma grande parcela de pessoas vivendo em situação de rua”, afirmou.

Ele acrescentou: “Neste caso, nem queremos fazer citação de dados estatísticos, como nos adverte o Papa Francisco. Ele diz que os pobres não são números, não podem ser reduzidos a dados estatísticos. Atrás desses dados, como recordam as conferências do Bispos aqui na América Latina, estas são pessoas com rostos concretos e vidas destroçadas, uma população em situação de vulnerabilidade”.

“Para a igreja e a sociedade, no enfrentamento da pobreza na região metropolitana de Belém, são muitos os desafios, considerando sobretudo muitas pessoas que estão sem ocupação, muitos que vivem da economia informal, impedidos de desempenhar suas atividades e uma grande parcela de pessoas vivendo em situação de rua. Como recordam as conferências do Bispos aqui na América Latina, são pessoas com rostos concretos e vidas destroçadas, uma população em situação de vulnerabilidade”, lembra o diácono Raimundo Nonato

Ainda segundo ele,  igreja de Belém tem buscado diariamente o pronto atendimento, por meio dos núcleos da Cáritas, das pastorais sociais em todas as paróquias da RMB. “Também através dos organismos da igreja que atuam na dimensão da caridade. E não são somente neste momento de pandemia, mas também nas campanhas que desenvolvemos no decorrer de todo o ano, como, por exemplo, a campanha “Belém, Casa do Pão”, onde fazemos  coleta de alimentos para atender as famílias cadastradas no entorno das paróquias. A igreja realiza também com o cuidado que ela tem, o olhar de mãe, que acolhe e que ama”.

Jornada se estende às pessoas de boa vontade

Secretária regional da Cáritas Brasileira – Regional Norte 2 da CNBB), Keila Marães Giffoni disse que a Jornada Mundial dos Pobres (JMP) é importante pois se trata de uma grande convocação feita pelo Papa Francisco, de forma particular para a Igreja Católica, mas também estendida a todas as pessoas de boa vontade, independentemente da sua pertença religiosa. E que oportuniza a culminância de forças e ações concretas em prol das pessoas em situação de pobreza, gera reflexões, a sensibilidade e a visibilidade, tanto sobre as situações e causas da pobreza, como das ações e formas de enfrentamento e combate à pobreza.

“Possibilitando, ainda, o engajamento de pessoas e instituições na construção de um mundo melhor, mais humano e fraterno. Uma oportunidade de viver e fortalecer a cultura do encontro (conosco e com o nosso próximo) e refletirmos sobre que é o nosso próximo”, disse.

No Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) confiou o processo de animação da Jornada Mundial dos Pobres à Cáritas Brasileira. Em cada Arquidiocese/Diocese/Prelazia, as equipes são constituídas de acordo com a organização local das pastorais, serviços e organismos existentes.

No Pará, a Arquidiocese de Belém, através do Ministério da Caridade, é a primeira a lançar a Jornada, com uma programação vasta de atividades formativas, lives, ações junto a pessoas em situação de vulnerabilidade social, no período de 11 de setembro a 22 de novembro.

Catadores no Guamá: papa convocou ações contra desigualdade (Igor Mota / O Liberal)

Pobreza assume várias faces, diz Cáritas

Sobre os desafios para o enfrentamento da pobreza, Keila Marães  afirma ser importante ter presente, como diz o Papa Francisco em um trecho da Carta da IV Jornada, que a pobreza assume diversas faces.

“E, se queremos realizar o enfrentamento efetivo, se faz necessários reconhecer e ter a dimensão do que significa essas diversas faces. E que pode ser de uma pessoa em situação de rua, de uma pessoa em situação de migração e ou refúgio, uma mulher, jovem, criança, pessoa idosa ou comunidades inteiras que sofram algum tipo de violência e ou tenham seus direitos ameaçados ou violados, dentre outros”, disse.

“Sabemos que se trata de um problema histórico, que tem como uma de suas origens ou a principal, a má distribuição de renda, a falta de oportunidades ocasionadas pela origem social da pessoa, a ausência de políticas públicas e serviços públicos de qualidade e que considerem e respeitem as diversas realidades, como por exemplo, a realidade amazônica, que reúne uma diversidade de realidades: urbana, ribeirinhas, indígena, quilombola, de grande dimensão territorial”, completou.

Keila Marães mencionou as mãos que foram estendidas nesse tempo de pandemia, e as diversas campanhas solidárias, com a culminância na Ação Solidária da Igreja no Brasil “É tempo de Cuidar”, que já ajudou mais de 860 mil pessoas em todo o Brasil. Citou, ainda, a campanha “É tempo de cuidar”, realizada no Pará e no Amapá, com a arrecadação de alimentos e equipamentos de proteção individual, calçados e recursos financeiros, entre outros.