CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Evento na UFPA promove conversa sobre crimes homofóbicos e racismo

A roda de conversa tem como objetivo a orientação da população sobre as práticas discriminatórias que podem surgir no ambiente universitário

Camila Azevedo
fonte

O Pará registrou 172 casos de crimes homofóbicos de janeiro a setembro de 2022. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) e mostram, também, que 3 situações de crime de racismo foram contabilizados de janeiro a agosto deste ano. Nesta terça-feira (18), uma roda de conversa para discutir esses dois assuntos e a abrangência deles no campo universitário foi realizada pela Clínica de Atenção à Violência (CAV), da Universidade Federal do Pará (UFPA).

O evento teve apoio do Núcleo de Teoria e Pesquisa do Comportamento (NTPC). O objetivo é a orientação da população sobre as práticas discriminatórias que podem surgir no ambiente universitário. A ação é uma forma de criar políticas de enfrentamento contra a discriminação. O momento trouxe reflexões sobre a necessidade de aumentar a participação de pessoas negras nos espaços acadêmicos, nos trabalhos, filmes e literatura, além de incluir a comunidade LGBT em todos os ambientes sociais.

VEJA MAIS

image Após Seu Jorge, Afonso Cappelo revela que também sofreu racismo em show em Belém
O cantor afirma que um homem mandou que ele deixasse o local e quase foi agredido: 'Não queria estar no mesmo ambiente que eu'.

image Motorista de ônibus é vítima de racismo no sudoeste do Pará; veja
O caso ocorreu na noite da última quarta-feira (24), em Itaituba, município localizado no sudoeste paraense

image Racismo? Injúria Racial? Entenda a diferença entre os crimes e saiba como denunciar
De janeiro a julho deste ano, foram registrados 121 casos de injúria racial em todo o Estado do Pará

A importância deste tipo de conversa vai desde o reconhecimento pessoal até o entendimento sobre os assuntos que precisam ser tratados e combatidos. Davi Miranda, de 37 anos, é mestre em psicologia e atua pela CAV. Para ele, a oportunidade traz esperança. “No momento político que a gente está vivendo, de tanta intolerância, agressão e violência, a universidade abrir as portas pra gente falar sobre lgbtfobia e racismo é fundamental, porque quando é reconhecido que há essa necessidade a partir de várias situações, a gente sente um pouco mais de esperança”, diz.

Conceitos iniciais, como identidade de gênero, orientação sexual e a lgbtfobia foram abordados. “É importante para que a pessoa saiba a respeito do que ela está tratando e para que ela própria se conheça. O interesse é que a pessoa se reconheça e se entenda como parte de uma estrutura que é opressora e o que ela está fazendo a respeito dessa violência”, ressalta Davi. 

Violência afeta saúde mental

A preocupação alcança também a saúde mental de quem sofre as constantes violências. Davi explica que a lgbtfobia, aliada ao racismo, causa efeitos psicológicos que podem ser extremamente danosos. “Não é só na questão física, na violência sexual, patrimonial, etc, ela tem um reflexo muito importante no adoecimento dessas pessoas. Isso pode causar depressão, crises de ansiedade, pânico, medo de sair nas ruas, medo da morte. Temos uma estatística que entre os LGBTs, 50% das tentativas de suicídio, ou do suicídio em si, são entre pessoas trans. E se a gente for racializar essas discussão, pessoas trans negras são as que são mais propensas”, afirma.

image Sessão especial da Câmara de Belém debate a luta contra o racismo

image Parada LGBTQIA+ movimenta as ruas de Mosqueiro neste domingo
A concentração será a partir das 12h, na travessa Eurico Romariz, no bairro do Chapéu Virado; a expectativa é receber 100 mil pessoas

A série de episódios sofridos por essa parcela da população geram intensos desgastes emocionais. "Alguns anos atrás, a gente costumava falar sobre bullying e acaba enquadrando a lgbtfobia como bullying. Estamos procurando desconstruir, não é bullying, é violência”, conclui Davi.  

image Alexandre Julião comenta sobre as formas medidas que devem ser colocadas em prática para mudar o cenário de discriminação (Filipe Bispo / O Liberal)

Racismo pode ser enfrentado com o aumento de pessoas negras nos espaços

Alexandre Julião, de 23 anos, é advogado e participou da roda de conversa. Segundo ele, a inclusão de pessoas negras nos espaços têm aberto cada vez mais a possibilidade de conversas. “A representatividade por si só, a presença desses corpos, não inibe os casos. Mas a gente vê uma movimentação nos últimos anos em que mais pessoas negras estão entrando e a gente começa a discutir coisas. Ao fazer esse processo de incômodo social, as pessoas vem, lentamente, tendo consciência”, ressalta.

image Presidente de Portugal condena racismo contra filhos de Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso
O governante também apoiou a atitude dos artistas em acionar a polícia

Porém, a mudança não ocorre somente com as conversas. Alexandre fala que atitudes podem ser transformadoras. “A gente pensa que só o fato de discutir já vai mudar alguma coisa, mas precisamos pegar isso e transformar em atitudes. O que eu imagino é que as pessoas que estiveram aqui, que nos ouviram, possam começar a pensar mais sobre isso e, então, possam conseguir introjetar em si e incidir nos espaços. Eu acredito que é somente com mudanças coletivas e estruturais que a gente pode realmente ter um resultado bom”, finaliza o advogado. 

Serviço

Atendimento para pessoas em situação e violência - oferecido pela Clínica de Atenção à Violência (CAV), da Universidade Federal do Pará (UFPA)
Local:
rua Augusto Corrêa, 1 - altos do bloco L - Campus profissional
Horário: 9h às 12h
Dia: todas as sextas-feiras
Contato: (91) 3201-7273

Programa de empregabilidade e formação LGBTQUIA+
Local:
ICJ - UFPA
Dia: todas as segundas-feiras.

Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Belém
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

ÚLTIMAS EM BELÉM

MAIS LIDAS EM BELÉM