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Em menos de 48 horas, dois motociclistas morrem em acidentes na região metropolitana de Belém

Especialista diz que as manobras arriscadas são uma das principais causas de mortes dos condutores de moto

Gabriel da Mota | Especial para O Liberal
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Nos últimos dois dias, dois acidentes fatais com motociclistas foram registrados na região metropolitana de Belém. Na terça-feira (21), o entregador de aplicativo Silvio Gabriel Brito Silva, 24 anos, foi atropelado por uma caçamba no quilômetro 7 da BR-316, próximo à entrada do conjunto Júlia Seffer, em Ananindeua. Na quarta-feira (22), Igor Jorge Araújo Santiago, 32 anos, também foi atropelado ao cair para baixo de um caminhão, no elevado Daniel Berg, bairro do Souza, em Belém.

Segundo o Departamento de Trânsito do Estado do Pará (Detran/PA), o número de acidentes com motociclistas no Pará ocorridos em 2023 continuam sendo atualizados. Em 2022, foram 3.625 registros, dos quais 70 resultaram em mortes. O órgão afirma que reforça a fiscalização eletrônica nas rodovias estaduais e que realiza campanhas educativas ao longo do ano para alertar a categoria sobre os fatores de risco de acidentes.

Em relação aos mesmos dados fornecidos pelo Detran/PA, a Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) pontuou que as principais causas de acidentes com motociclistas no ano passado foram: manobras irregulares, não uso do capacete, desrespeito em via preferencial, excesso de velocidade e avanço de sinal.

Para entender o que pode estar provocando tantos acidentes fatais com esses condutores, conversamos com a especialista em trânsito e professora da Universidade Federal do Pará (UFPA), Maísa Tobias. Ela avalia que as manobras arriscadas são uma das principais causas de mortes dos condutores de moto. Além disso, o controle de trânsito sobre esses condutores é mais difícil, devido à liberdade que possuem para circular por entre os carros.

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Por causa do acidente, um longo ​congestionamento se formou em vários pontos da cidade, como nas avenidas Duque de Caxias, Almirante Barroso e suas transversais

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O sinistro ocorreu nas primeiras horas desta terça-feira (21)

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O caso foi registrado na manhã deste sábado (18)

Na opinião de Maísa, a abundância de motocicletas que circulam em Belém pode estar relacionada à ausência de um transporte público que atenda satisfatoriamente às necessidades dos cidadãos.

“As motos ganharam força com a precarização do transporte coletivo e por ser um veículo mais barato e com grande facilidade de circulação, dentro de um sistema viário deficitário que temos, com poucas opções de rotas”, analisa.

Por isso, a professora acredita que a melhoria do transporte público em Belém é uma medida que pode ser adotada para mudar esse cenário. A especialista defende que é preciso reestruturar o sistema de transporte coletivo em Belém e na região metropolitana, buscando formas de ampliar o atendimento espacial da população e melhorar a qualidade do serviço prestado.

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O caso foi registrado na noite da última quinta-feira (9)

Motociclistas comentam sobre o trânsito de Belém

Miquéias Brilhante, 37 anos, é mototaxista em um ponto localizado na esquina da avenida Ricardo Borges com a BR-316, quilômetro 4 da rodovia federal. A poucos metros do Viaduto do Coqueiro, o trecho é confluência entre os veículos que trafegam pela BR e os que vêm do bairro do Coqueiro, pela rodovia Mário Covas, tentando acessar o sentido de saída da capital paraense.

image Miquéias Brilhante (37 anos) é mototaxista em Ananindeua (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Ele costuma fazer corridas entre os municípios de Belém, Ananindeua e Marituba, tendo a BR-316 como um dos principais caminhos diários. Miquéias relata que nunca sofreu um acidente, mas reconhece o perigo a que está exposto no trabalho.

“Aquela área próximo ao Júlia Seffer e aqui, perto do viaduto, são duas áreas de gargalo. É mais perigoso pra acidente, porque tem muita gente querendo passar de uma só vez”, observa.

Em meio ao fluxo intenso que caracteriza o trânsito na região metropolitana de Belém, o mototaxista acredita que o desgaste mental causado pelo estresse contribui para a imprudência dos condutores. “Às vezes, a gente fica sem paciência porque é muito transtorno nesse trânsito. Todo mundo fica doido para chegar em casa no trânsito parado, caótico”, complementa.

O autônomo Roni Almeida, 41 anos, possui habilitação para conduzir motocicleta há mais de 20 anos. Ele prefere circular em áreas urbanas, por considerar perigoso andar sobre duas rodas nas estradas estaduais e federais: “Só não viajo de moto porque vou com a minha esposa e filha, e preservo a vida da minha família. Mas para o dia a dia, devido ao trânsito, tem que ser moto”, revela.

image Roni Almeida (41 anos) prefere andar de moto apenas em áreas urbanas (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)

Roni diz que já se envolveu em acidentes causados pela imprudência de terceiros, mas reconhece que os próprios motociclistas costumam desrespeitar leis de trânsito. “Vamos ser justos: às vezes, somos nós mesmos que causamos acidentes. A gente que anda de moto, não quer perder tempo. Se tiver um espacinho, uma moto mais potente, faz uma ultrapassagem”, conclui o condutor.

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