Ecoparque de Benevides completa 10 anos e visa expansão no modelo de complexo industrial
Companhia quer usar cadeira produtiva já estruturada na área de 172 hectares para atrair novos empreendimentos para o município de Benevides
Uma expansão no modelo de distrito industrial. Essa é a principal estratégia das operações da empresa Natura a partir dos dez anos de seu complexo industrial no Pará, completados nesta terça-feira (23). Desde a sua inauguração, em 2014, na cidade de Benevides, Região Metropolitana de Belém (RMB), a fábrica no ecoparque de 172 hectares tem sido o elo entre a companhia e a sociobioeconomia amazônica. Os dez anos do Ecoparque de Benevides serão celebrados no local nesta terça-feira (22), com presença de autoridades do Pará e do alto escalão da companhia.
Em entrevista ao Grupo Liberal, a vice-presidente de operações e logística da Natura &Co América Latina, Josie Romero, afirma que o ecoparque, que já opera com alguns empreendimentos parceiros que atuam de forma voltada para a fábrica, vai, a partir de agora, atrair novos empreendimentos que trabalharão não somente como fornecedoras da fábrica, mas também do mercado amplo.
Entre os novos parceiros já está certa a implantação de uma fábrica de embalagens no segundo semestre deste ano. “É uma empresa que vai atender inicialmente a Natura, mas com um projeto muito importante de atender outras indústrias do Pará, o que significa mais empregos e mais opções de fornecedores dentro do estado”, ressalta Josie Romero.
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Ela afirma que essa expansão em forma de complexo industrial era o plano quando o ecoparque foi inaugurado. “Há dez anos a gente desenhou esse projeto com esse sonho de trazer ao Pará um complexo industrial e de pesquisa. Então, mais do que instalar uma unidade produtiva, o objetivo era trazer outros parceiros para se instalarem dentro desse espaço implantado junto às bases que podem gerar bioativos para a Amazônia, gerar riqueza para a região”, garante.
Hoje, com alguns parceiros já instalados no Pará, onde a companhia trabalha com cinco agroindústrias e quatro centrais de serviços em operação, a fábrica dentro do Ecoparque de Benevides já responde pela produção de 94% das unidades de sabonetes vendidas globalmente pelas suas marcas associadas, trabalho que, na produção de matérias-primas, envolve o relacionamento com mais de 10 mil famílias agroextrativistas das cadeias da chamada sociobiodiversidade.
Para se ter uma ideia do que isso significa, só no ano passado a fábrica de Benevides produziu 505 milhões de unidades de sabonetes, e mais de 3,2 bilhões em uma década, em formulações que utilizam desde frutos mais tradicionais no dia a dia do brasileiro, como o maracujá e a castanha, a bioingredientes menos comuns na cosmética, como a ucuuba, a andiroba e o tucumã.
Mão-de-obra 100% paraense
Com cerca de 600 colaboradores diretos e indiretos, a fábrica do Ecoparque de Benevides tem 100% da mão-de-obra operacional formada por paraenses, incluindo a alta liderança da fábrica, que há dez anos se tornou o investimento local concreto, fruto do relacionamento que a companhia, àquela altura, já tinha com o Pará há mais de uma década. “Nós chegamos no Pará no ano 2000, quando começamos a incorporar aos nossos produtos os ativos Amazônia, então já temos 24 anos de relacionamento com essa rica biodiversidade da região” destaca Josie Romero.
Ela lembra que a companhia também investe em formação, para qualificar e reter os talentos da região, com programas de capacitação, especializações técnicas, certificações em metodologias reconhecidas no mercado para liderança, monitoramento e análise de melhorias na operação, e bolsas de estudo integrais em universidades de engenharia para colaboradores. “E os reflexos desse crescimento é ver que, quem ainda não é colaborador, mas é filho da comunidade e sai dessa comunidade para estudar, deseja retornar para cá, porque sabe que hoje há um marcado de trabalho em franca expansão”, diz.
A vice-presidente da companhia ressalta que o plano de industrialização das comunidades é uma das estratégias para promover a transferência de tecnologia de processamento das matérias-primas locais, impulsionando mudanças transformadoras entre as famílias fornecedoras no Pará. “Os benefícios imediatos incluem a garantia de comercialização da produção e, com isso, a geração de novos postos de trabalho e o aumento da renda das famílias envolvidas”, afirma.
E, finalmente, perguntada sobre a questão da Amazônia ser vista como um celeiro de produção de matéria-prima a ser levada para os centros produtivos, Josie Romero afirma que o diferencial da fábrica no Ecoparque de Benevides está exatamente na verticalização da produção.
“Nosso plano, desde o início, foi focado não em extrair matéria-prima e levar do Pará, mas criar e otimizar uma logística de produção dos insumos até o produto final, e isso faz toda a diferença”, explica, sendo os sabonetes um grande exemplo desse processo, no qual a fábrica de Benevides realiza todas as etapas de fabricação – desde o manejo sustentável dos óleos vegetais fornecidos por comunidades parceiras, passando pela produção da massa base de sabonetes até a finalização da produção com outros insumos incorporados à massa.
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