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Dia Mundial do Vitiligo destaca a luta contra o preconceito e a importância da informação

A data foi criada para promover a conscientização sobre a doença e combater o bullying, a negligência social e o trauma psicológico que milhões de pessoas com vitiligo enfrentam em razão da desinformação

Fernando Assunção* e Ayla Ferreira**
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A estudante Luane Pimenta, de 24 anos, convive com o vitiligo há quase duas décadas. O diagnóstico veio aos 5 anos de idade, logo após a perda de sua avó. Como resultado do abalo emocional, Luane começou a desenvolver manchas brancas na pele — o sinal mais característico da doença. “Meus pais me levaram ao dermatologista, e o diagnóstico de vitiligo foi confirmado. A justificativa apontada foi a questão emocional”, relata ela.

De acordo com a dermatologista Daniela Rodrigues, o estresse pode ser um fator agravante para o vitiligo. “Isso acontece porque, durante uma situação de estresse, o organismo libera cortisol, um hormônio que, quando em níveis elevados, intensifica o processo inflamatório, o que pode piorar as lesões”, explica a especialista.

O vitiligo é caracterizado pelo surgimento de manchas brancas de formatos irregulares, espalhadas pelo corpo. Alguns fatores de risco estão associados à condição, como a exposição solar excessiva, o contato com substâncias derivadas do fenol, doenças autoimunes e a predisposição genética. Pode surgir em qualquer faixa etária, embora seja mais comum em adultos.

Trata-se de uma condição não contagiosa e que não compromete a saúde física do paciente. O vitiligo se desenvolve devido à perda ou ausência dos melanócitos, células responsáveis pela produção da melanina, o pigmento que dá cor à pele. Embora não tenha cura, o tratamento pode evitar a progressão da doença e estimular a repigmentação da pele.

“É importante que o paciente mantenha a pele sempre bem hidratada, porque qualquer ferimento ou lesão pode predispor ao surgimento de novas manchas. Além da hidratação, o controle do estresse é fundamental, já que estamos falando de uma doença autoimune. Uma alimentação equilibrada também ajuda a fortalecer o sistema imunológico e a prevenir o aparecimento de novas lesões”, diz Daniela.

Nesta quarta-feira (25), é comemorado o Dia Mundial do Vitiligo. A data foi criada para promover a conscientização sobre a doença e combater o bullying, a negligência social e o trauma psicológico que milhões de pessoas com vitiligo enfrentam em razão da desinformação.

Luane relembra que já precisou lidar com olhares preconceituosos por causa da sua condição. “No começo foi um pouco estranho. Mas, depois que me explicaram o que era o vitiligo, que não havia nenhum grande problema além das manchas — não coçava, não me causava dor, não me prejudicava em nada — eu segui a minha vida”, conta.

Ela afirma ainda que, dependendo do nível de estresse, as manchas somem em uma área e surgem em outra. Para lidar com isso, adotou estratégias para acalmar a mente e reforçou o uso de protetor solar nas lesões. “Como é uma área mais branca e sensível à luz, procuro aplicar bastante protetor solar e controlar o estresse. Tento ter momentos de descanso, cuidar da saúde mental e aproveitar o lazer. Adoro dançar, ler e assistir a filmes”.

Para a jovem, ter uma data dedicada à conscientização sobre o vitiligo é fundamental para combater o preconceito e empoderar pessoas que convivem com a condição. “Percebi que muitas pessoas mais velhas, que tinham vitiligo quando eram jovens, eram muito acuadas, com a autoimagem destruída. Eu não queria acabar assim. Queria aprender a lidar com isso para viver bem, crescer e seguir em frente. A gente pode conviver com o vitiligo e continuar a vida normalmente”, finaliza.

A médica Daniela Rodrigues também reconhece que pacientes com vitiligo ainda enfrentam preconceito e reforça que a informação é a melhor ferramenta de conscientização.  “É importante entender que o vitiligo não é contagioso, é uma condição autoimune, e aprender a conviver com ela faz toda a diferença. Existem ainda muitos mitos que precisam ser desconstruídos, como a ideia de que o vitiligo está ligado à falta de higiene, que é transmissível ou que tem relação com hanseníase. Essas informações equivocadas só alimentam o preconceito. Por isso, falar sobre a doença é tão importante”, conclui.

Diagnóstico

O diagnóstico do vitiligo ocorre por meio de exame clínico ou biópsia de pele. Para ser atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a pessoa que apresentar sinais de vitiligo deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência, levando os documentos pessoais e o cartão SUS. O atendimento inicial será feito por um médico clínico, que, conforme a avaliação dos sintomas, poderá encaminhar o paciente para ambulatórios especializados em Dermatologia na rede pública, conforme a localização e as diretrizes dos sistemas de regulação.

*Fernando Assunção, especial para O Liberal
**Ayla Ferreira, estagiária de jornalismo, sob supervisão de Ana Laura Carvalho, coordenadora do núcleo de Atualidades
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