Descida do Glória teve cerimônia restrita e participação modesta na Praça Santuário

Após uma hora de missa de abertura, celebrada por padre Ramos, e duas horas de pregação do Padre João Paulo Dantas, a cerimônia  da Descida do Glória iniciou às 11h30, marcando o ponto alto da programação do Círio 2020 da manhã desta sábado (10). A Imagem Original encontrada por Plácido desceu, mais uma vez, do seu Altar-mor para ficar mais próxima aos fiéis, por volta das 11h50. 

O movimento no entorno da Basílica seguiu tranquilo durante toda a manhã. Na praça poucos fiéis acompanharam a cerimônia, do lado de fora.

LEIA MAIS:
- Arcebispo diz na Descida do Glória: acompanhem o Círio em casa'
- Mesmo sem Círio Fluvial, romeiros saem às águas neste sábado
- Devotos acompanham a descida da Imagem Original do Altar do Glória com Basílica fechada

Cerimônia coberta de delicadezas

O auge da cerimônia da manhã começou com a abertura do abrigo de vidro onde fica a Imagem Original na Basílica. Durante a Descida do Glória, a Imagem Original doi retirada do Altar-mor por Sandoval Pereira, da Diretoria da Festa de Nazaré (DFN).

O diretor retirou a coroa de ouro da Imagem Original. Ela passou de mãos em mãos, pelos demais diretores, até chegar às mãos do Arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, sob aplausos.

Houve comoção entre os presentes. Dom Taveira encerrou a cerimônia com uma mensagem e bênçãos aos presentes. O arcebispo pediu que os fiéis acompanhem o Círio de 2020 de suas casas. "O povo não está aqui. Não é por um desejo, não, mas pelo protocolo estabelecido pelas autoridades", disse ele. "É o Círio original que estamos vivendo esse ano".

Preparação durou três horas e cuidados especiais

Na missa que abriu a manhã deste sábado na Basílica Santuário, o padre Ramos ressaltou que Igreja "deve ser a igreja que sai, que vai, que está nas periferias do mundo para anunciar o evangelho de Jesus ao mundo, e Maria sai do próprio lugar, levando Jesus Cristo ao mundo". 

A hora da comunhão teve cuidados especiais na missa inicial na Basílica Santuário, que está fechada ao público este ano, por causa da pandemia. Os presentes tiram a máscaras para receber a comunhão e receberam as hóstias nas suas mãos. Os integrantes da Guarda de Nazaré também.

Na missa, padre Ramos lamentou que todas as programações estejam ocorrendo sem os fiéis, por causa da pandemia, mas ressaltou que o Círio deve ser celebrado nos corações dos fieis. 

Orações do lado de fora: Basílica está fechada (Fábio Costa / O Liberal)

Pregação falou sobre ausência de fieis: 'próximo de Maria'

A pregação do Padre João Paulo Dantas na Basílica Santuário também comentou a ausência dos fiéis. Mas ressaltou, mais uma vez, que a pandemia "não distancia o nosso coração do coração de Maria", como ponderou o celebrante. "Esse vai ser um Círio mais marcante que o Círio passado", avaliou o padre João Paulo.

"O Círio será uma Procissão espiritual. Não vamos percorrer as ruas, mas vamos percorrer os mistérios de Deus", disse o padre. Na pregação, ele  anunciou fez oito pequenas meditações sobre a fé no amor de deus e da Virgem Maria de Nazaré. 

"Estaremos mais silenciosos, revestidos de gratidão, fé, amor e paz. Esse Círio vai marcar nossas vidas a história do nosso povo que ama a Virgem de Nazaré. Vai ser uma prova de nossas santidades aqui na terra".

Pela primeira vez a Descida do Glória não está relacionada as outras romarias no sábado do Círio. Não há este ano a Romaria Fluvial, e tampouco a procissão da Motorromaria, que todos os anos antecedem a Descida do Glória na Basílica Santuário.    

Imagem achada por Plácido

A descida do Altar-mor do Glória é uma tradição que ocorre desde 1992. A descida envolve uma relíquia histórica: a imagem original encontrada por Plácido às margens do igarapé do Murucutu - fato que deu origem à especial devoção paraense a Nossa Senhora e à tradição do Círio. Diz a tradição que é neste local do encontro do caboclo com a Santa que foi erguida a pequena ermida e depois a Basílica de Nazaré. 

A apresentação ao público da Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré é rara. A sua saída da Basílica é mais rara ainda. Ela só deixou o seu interior em situações excepcionais, como na procissão do Círio 200 e durante a visita do Papa João Paulo II a Belém – ema 9 de julho de 1980, quando o Pontífice abençoou com a Imagem, da janela do Arcebispado, o povo que estava na Praça da Sé.

Atualmente, a Imagem Original só desce em outubro, no período da quinzena nazarena, e no mês de maio, quando é comemorado o aniversário de elevação da Basílica a Santuário.

Imagem Original: raridade histórica, achada por Plácido (Fábio Costa / O Liberal)

Tradição desde 1969

Em 1969, o Vigário de Nazaré, Padre Miguel Giambelli, decidiu descer a Imagem do Glória para ficar no Presbitério, mais perto do povo, substituindo a Imagem do Colégio Gentil Bittencourt. Nas primeiras descidas, o fato ocorria às 23h, após a chegada do Pároco na Basílica, depois da Trasladação.  

Antes, a Imagem Original de Nossa Senhora de Nazaré descia do Glória discretamente, com a Igreja fechada. Mas, desde 1992, a Basílica Santuário abre as portas para os fiéis acompanharem este momento especial e chegarem mais perto da Imagem encontrada pelo caboclo Plácido. Pela primeira vez desde então, este momento será fechado.
 
A Imagem encontrada por Plácido tem 28 centímetros de altura e fica no Glória, sobre o Altar-mor da Basílica de Nazaré, em redoma de cristal anti projétil. Reproduz uma senhora portuguesa e, nas nuvens onde repousa, vemos um rostinho de anjo. Traz no braço esquerdo um menino aparentando dois anos de idade, que carrega um globo. 
 
Acompanhe as transmissões ao vivo:
- TV NAZARÉ – CANAL 30
- TV Círio no You Tube  
- YouTube da Basílica Santuário  
- TV Cultura – Canal 02