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Colesterol sob novo olhar: Brasil endurece metas e reconhece risco cardiovascular extremo

A diretriz de 2025 da SBC redefine o acompanhamento dos níveis de colesterol, ampliando a responsabilidade da prevenção para muito além de quem já apresenta doenças cardiovasculares

O Liberal
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“Não existe mais um nível ‘seguro’ para o colesterol alto. Quanto mais baixo, menor o risco de infarto e AVC.” A afirmação do cardiologista Antônio Monteiro, diante das novas diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), marca uma mudança de paradigma no cuidado com o coração dos brasileiros. Agora, até mesmo pessoas consideradas de baixo risco cardiovascular devem manter níveis mais rigorosos do chamado colesterol ruim (LDL).

A diretriz de 2025 da SBC redefine o acompanhamento dos níveis de colesterol, ampliando a responsabilidade da prevenção para muito além de quem já apresenta doenças cardiovasculares. A meta para quem está em baixo risco passou a ser LDL abaixo de 115 mg/dL. Acima disso, a recomendação é clara: iniciar mudanças sustentadas no estilo de vida. Se o valor ultrapassar 145 mg/dL, entra em cena a possibilidade de tratamento medicamentoso, algo antes restrito a grupos de risco mais elevado. Segundo Monteiro, essa mudança se baseia em estudos recentes que demonstram uma relação linear entre o LDL e os eventos cardiovasculares. “Cada redução no LDL representa uma queda no risco de infarto e AVC. Isso muda completamente a prática clínica”, afirma o cardiologista.

Uma das principais novidades da diretriz é o reconhecimento oficial de um grupo até então tratado como 'caso individual', os pacientes de risco cardiovascular extremo. Esse perfil inclui pessoas que já passaram por múltiplos eventos cardiovasculares, como infartos ou AVCs, ou que convivem com doenças progressivas mesmo em tratamento. Também entram nessa categoria quem já teve um evento cardiovascular combinado com pelo menos duas condições de alto risco, como diabetes, tabagismo ou doença renal crônica.

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Veja as novas metas para o colesterol LDL

Para esses casos, o alvo é ainda mais rigoroso: LDL abaixo de 40 mg/dL. “A lógica é simples: quanto mais agressivo o controle, maior a proteção”, explica Monteiro. A medida está alinhada com diretrizes internacionais, que também reconhecem esse grupo como prioridade absoluta no tratamento.

Se as metas ficaram mais exigentes, o caminho para atingi-las começa fora da farmácia. A diretriz reforça a importância dos hábitos saudáveis, principalmente para quem está em baixo risco. Segundo Monteiro, “alimentação balanceada, atividade física regular e controle do peso podem, sozinhos, manter o colesterol dentro da meta e evitar o uso de medicamentos”.

As recomendações práticas incluem:

  • Alimentação natural e rica em fibras, com menos ultraprocessados e gordura saturada.
  • 150 minutos semanais de atividade aeróbica.
  • Controle do IMC (Índice de Massa Corporal).
  • Redução de álcool e abandono do tabagismo.

“Esses hábitos, se iniciados precocemente, têm poder real de evitar doenças graves”, alerta o cardiologista.

O uso de medicamentos, como as estatinas, continua indicado de forma individualizada, com base na estratificação de risco. Em casos de risco alto ou extremo, a medicação pode ser iniciada imediatamente, mesmo com mudanças no estilo de vida. Já em pessoas de risco baixo, o médico deve aguardar pelo menos três meses de mudanças comportamentais, antes de considerar o uso de fármacos, a menos que os níveis estejam muito elevados.

Entenda a nova classificação da pressão arterial

Além do LDL, os médicos avaliam uma combinação de fatores: idade, histórico familiar, presença de diabetes, pressão arterial e até exames de imagem, como o cálcio coronariano.

A atualização das diretrizes também traz uma mudança significativa na interpretação da pressão arterial. O tão conhecido valor "12 por 8" (120x80 mmHg), que sempre foi considerado ideal, agora é classificado como pré-hipertensão. O termo não significa doença, mas alerta para um risco aumentado no longo prazo.

“Não é para sair tomando remédio, mas sim para adotar medidas preventivas com urgência, como reduzir o sal e praticar exercícios”, explica Monteiro.

Saiba a frequência ideal para exames do coração

Diante de tantas mudanças, a SBC reforça a importância do acompanhamento regular da saúde cardiovascular. As recomendações são:

  • Pressão arterial: medir ao menos uma vez ao ano, mesmo sem sintomas.
  • Colesterol: a partir dos 20 anos. Se normal, repetir a cada três a cinco anos; se houver risco, o controle deve ser anual.
  • Exames complementares, como ultrassom de carótidas ou escore de cálcio, podem ser indicados conforme o histórico de cada paciente.

A nova diretriz deixa um recado direto para a população: a prevenção é o melhor remédio, e agora, mais do que nunca, precisa ser levada a sério. “As metas ficaram mais rígidas porque a ciência mostrou que o risco começa antes do que pensávamos. Temos a chance de evitar doenças graves, mas isso exige uma mudança de postura coletiva”, conclui Antônio Monteiro.

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