Casa Dia: apenas cinco médicos atendem cerca de 10 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS em Belém

Para denunciar esse e outros problemas, representantes de entidades protestaram na manhã desta quarta-feira (23)

Dilson Pimentel
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Por causa dos inúmeros problemas que estão ocorrendo no âmbito da política de IST/AIDS e Hepatites Virais no município de Belém, representantes do Fórum Paraense de ONGs/AIDS, Redes+, Coletivos de Hepatites Virais e Tuberculose realizaram um protesto, na manhã desta quarta-feira (23).

O ato ocorreu em frente ao Centro em Atenção em Doenças Infecciosas Adquiridas - Casa Dia, no bairro da Sacramenta. A mobilização é contra a falta de atendimento médico para as pessoas vivendo com HIV/AIDS atendidas no Casa Dia. Em Belém, há somente cinco médicos para cerca de 10 mil pessoas vivendo com HIV/AIDS atendidas pelo serviço de atendimento especializado, da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma).

O Casa Dia atende pacientes do vírus HIV/Aids que são diagnosticados na rede municipal de saúde (atenção básica) e no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA)Belém. Se o resultado é positivo, o usuário é encaminhado e matriculado automaticamente no Casa Dia.

Nos últimos quatro anos, conforme denúncias da Pastoral da Aids e do Fórum Estadual de ONGs AIDS, faltam materiais para exame de CD4, que verifica células de defesa do organismo, e para o exame de Carga Viral (CV). "Esses dois exames são fundamentais para a equipe multiprofissional checar a eficácia ou falha no tratamento", disse o coordenador da Pastoral da Aids, Naldo Silva.

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Gestão municipal precisa olhar para o Casa Dia, diz coordenador de entidade

Coordenador do Fórum Paraense de ONGs/AIDS, Redes+, Coletivos de Hepatites Virais e Tuberculose (FOPAIDS), Cledson Sampaio disse que apenas cinco médicos atendem dez mil pacientes em tratamento ativo. “O espaço não comporta mais a quantidade de usuários. E há vários medicamentos básicos faltando, como Sulfadiazina. Também não é um espaço mais adequado também para os profissionais trabalharem”, afirmou, acrescentando que, durante o ato, havia lixo em frente à unidade.

Cledson Sampaio acrescentou: “Deve haver uma conscientização da população. Mas também a gente tem que ver que o gestor maior, o prefeito Edmilson Rodrigues, e o secretário de Saúde (Maurício Bezerra), precisam olhar para a Casa Dia, que não é mais um espaço adequado para tratamento dos dez mil usuários vivendo com HIV-ADI. São dois mil pacientes por médico”, afirmou.

Ele completou: "Ontem, ficamos sabendo  que o exame de CD4 e de Carga Viral só vai poder ser marcado em janeiro. E muitas pessoas dependem desse exame para entrar no sistema e receber o medicamento”.

Durante a manifestação, os representantes dessas entidades deixaram claro que o ato não é contra os profissionais e nem contra esse serviço do município. “Mas sim para que a gestão olhe para essa unidade, porque aqui a gente lida com vidas. E, quando a gente lida com vida, a gente lida com histórias. Então atrás desse usuário tem uma família, tem amigos, tem companheiro e companheira”, afirmou.

image Coordenador do FOPAIDS, Cledson Sampaio disse que apenas cinco médicos atendem dez mil pacientes em tratamento ativo. “O espaço não comporta mais a quantidade de usuários. E há vários medicamentos básicos faltando", afirmou (Ivan Duarte/ O Liberal)

Cledson lembrou que está chegando o Dia Mundial de Combate à Aids, comemorado em 1º de Dezembro. “E Belém continua como uma das as capitais se destacando em número de óbitos, de abandono de tratamento e de nascimento de crianças vivendo com HIV-Aids”, afirmou, acrescentando que o prefeito não os recebe para tratar desses assuntos.

"Isso quando tem os cinco médicos", diz Comitê Arte pela Vida

Amélia Garcia representa o Comitê Arte Pela Vida e também participou do ato. Ela falou dos dez mil pacientes atendidos por apenas cinco médicos. “Isso quando tem cinco médicos, né? Porque tem médico de licença, às vezes tem médico de férias. Então hoje nós estamos tendo atendimento indigno”, afirmou.

Também citou a falta de medicações básicas para o tratamento de doenças oportunistas. “Quer dizer, a gente está sem resposta da Sesma (Secretaria Municipal de Saúde) para o que está acontecendo. Esses dias faltou remédio para tuberculose. Enfim, são essas medicações que precisamos ter sempre no estoque”, completou.

 

 

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