Ananindeua desenvolve projeto voltado para combater a pobreza menstrual
É o primeiro município do Pará a ter políticas públicas voltadas para jovens estudantes em vulnerabilidade social

Ananindeua lançou o projeto "Fluxo com respeito", que fará a distribuição de produtos de higiene íntima feminina e saúde básica para combater a pobreza menstrual nas escolas da rede municipal de ensino. É o primeiro município do Pará a fomentar políticas públicas para jovens em vulnerabilidade social. A iniciativa também fornecerá informações sobre o assunto através da produção de materiais educativos, oficinas e campanhas.
O projeto agora é lei (nº 3.201) e foi criado na última segunda-feira (13) pelo Poder Executivo Municipal. A partir da aprovação, a Secretaria Municipal de Cidadania, Assistência Social e Trabalho (Semcat) em parceria com as Secretarias Municipais de Educação (Semed) e de Saúde (Sesau) iniciaram a divulgação das atividades que serão feitas, entre elas o acompanhamento educacional pelas secretarias.
“O projeto é extremamente importante para as nossas estudantes da rede municipal de ensino, que a partir de agora vão ter um programa de acompanhamento que permite discutir a questão fisiológica do ciclo menstrual, além de receberem absorventes gratuitamente para que desta forma possa ser evitada a ausência dessas estudantes no período escolar. Estamos trabalhando para promover a dignidade das adolescentes do nosso município”, informou o prefeito do município, Daniel Santos.
Pobreza menstrual atinge milhões de meninas
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), no mundo, estima-se que uma em cada 10 meninas já faltou à escola por não ter condições financeiras para comprar absorventes íntimos. No Brasil, o cenário é ainda pior: uma em cada quatro. 26% dos jovens entre 15 e 17 anos não possuem recursos financeiros para adquirirem absorventes.
Uma dessas jovens é Júlia Beltrão, de 14 anos, aluna da rede municipal. Ela conta que em diversos momentos a menstruação já afetou o desempenho educacional. “Eu já faltei umas três vezes na aula, pela minha mãe não ter dinheiro pra comprar o absorvente. E sei que tem muitas meninas que os pais ainda não têm condições de comprar”, afirma.
Já para a Nicolly, de 14 anos, estudante do 7º ano da Escola Municipal Álvaro Adolfo, no bairro Guanabara, o programa vai ajudar as meninas de toda a rede a entender melhor sobre saúde menstrual e evitar passar por constrangimentos. “É muito importante esse projeto porque vai ajudar muito mesmo. Logo no início da minha menstruação eu não sabia direto os dias que ela iria vir e veio quando eu estava na aula. Então minha amiga me ajudou. Pedi para ser liberada e voltar para casa, e fiquei morrendo de vergonha, pois meus colegas viram minha roupa suja”, relata a estudante.
A primeira-dama do Estado esteve presente no lançamento do projeto e ressaltou o avanço que vem acontecendo no que diz respeito às políticas públicas. “Parabéns ao prefeito doutor Daniel por essa iniciativa e vejo que não estamos sozinhos. Juntos somos mais fortes! Fico muito feliz em ver o município partilhar e comungar da mesma sensibilidade que o Estado ao adotar uma ação de enfrentamento à pobreza menstrual. Nosso governador Helder Barbalho instituiu a distribuição de absorventes em todas as escolas da rede estadual”.
A distribuição gratuita de absorventes higiênicos será por meio de cotas mensais a cada aluna do sexo feminino da rede municipal acompanhada pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) de Ananindeua, e que participarem das demais atividades sobre a temática. A estimativa da prefeitura é beneficiar 6 mil adolescentes com idade entre 11 e 14 anos. A distribuição iniciou no dia 14 de dezembro.
(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)
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