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Ananindeua: de 'cidade dormitório' ao pleno desenvolvimento

O município, segundo maior da Região Metropolitana de Belém, avançou de 410,2 mil habitantes em 2001, para 535,5 mil em 2020

Daleth Oliveira / Ananindeua em Revista
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Ananindeua, que já foi considerada uma cidade dormitório, é hoje uma das cidades mais populosas e desenvolvidas do Pará. Com 77 anos de fundação, o município da Região Metropolitana de Belém (RMB) já pertenceu a Santa Isabel do Pará e Belém. Tornou-se independente em 1943, por meio do Decreto-Lei nº 4.505, e sua instalação ocorreu em 3 de janeiro de 1944. De lá para cá, muita coisa mudou: economia, ocupação, geografia e cultura.

Só nos últimos 20 anos, a cidade saltou de 410.234 habitantes em 2001 para 535.547 em 2020, apontam dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O crescimento populacional reflete em outros aspectos: em 10 anos, a frota de carros do município saiu de 70.295 (2010) para 153.983 (2020); as empresas que em 2009 eram 3.977, empregando 56.500 funcionários, somaram 4.910 em 2019, empregando 72.508 pessoas; além do índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que é o segundo maior do Pará, ficando atrás apenas de Belém, com 0,718, segundo o último senso realizado em 2010. Em 2000, o IDH era de 0,606.

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Com índices apontando para a crescente evolução da cidade, Ananindeua não pode mais ser chamada de “cidade dormitório”, aquela em que seus moradores geralmente saem para trabalhar em outros municípios e voltam para casa à noite, para dormir. Esta realidade passou a mudar em 1960, quando foi inaugurada a BR-010 (Belém-Brasília), quando as indústrias localizadas na capital começaram a se estabelecer ao longo da rodovia.

Tal industrialização foi acentuada com a implantação do Distrito Industrial de Ananindeua, criado pelo Governo do Estado em 1980 com o objetivo de atrair mais empreendimentos ao Pará em uma área de mais de 474 hectares, localizado a 8 KM de Belém. Hoje, o centro conta com 59 empresas distribuídas e contribui para a cidade ter o 4º maior PIB do Pará (2014/IBGE), ficando atrás apenas de Marabá, Parauapebas e Belém.

Transformação

Mesmo após sua mudança ao patamar de cidade independente, Ananindeua passou por um processo maior de transformação somente a partir da década de 1980, de acordo com o geógrafo e especialista em planejamento urbano, Aiala Colares. Ele conta que a partir dessa década, Belém, a capital, passa por um processo de expansão urbana e demográfica em direção às áreas periféricas distantes. De um lado, por meio da rodovia Augusto Montenegro no sentido Icoaraci. E de outro, no sentido BR-316 e Transcoqueiro, o que culmina com o surgimento de várias áreas de ocupação espontânea que dão origem a vários bairros.

A partir daí, Ananindeua deixa de ser apenas a cidade que recebia fábricas, depósitos, grandes galpões e detinha terrenos vazios sem função social. Em pouco tempo, transformou-se num espaço habitacional símbolo de resistência e de luta da população pelo direito à moradia. “É só lembrar que durante os anos de 1990 o bairro do PAAR, por exemplo, ficou muito conhecido por ser uma das maiores áreas de invasão da América Latina”, relembra, sobre o que é hoje um dos principais bairros de Ananindeua, e com a maior parte de seu espaço já urbanizado. Mas a área da BR-316 foi onde mais se concentrou vários tipos de ocupação, e isso foi se intensificando e formando um centro polarizador em Ananindeua, com forte dinâmica social e econômica.
 

Investimentos e serviços reduzem dependência da capital


Para o geógrafo e especialista em planejamento urbano, Aiala Colares, a diminuição do status de cidade dormitório se dá porque a cidade passou a receber serviços e investimentos dos mais variados ramos, possibilitando que sua população possa morar, estudar e trabalhar em Ananindeua. “Hoje temos universidades, faculdades, escolas, supermercados e muito mais. No início da ocupação do município, existia uma forte dependência em relação a Belém, quando a referência era o acesso aos serviços. Pelo fato de estar na Região Metropolitana Belém, ainda exerce forte influência sobre a cidade de Ananindeua, mas isso é algo que diminuiu bastante nos últimos anos”, explica o doutor em Geografia.

A localização do município é um fator que muito influencia no evidente desenvolvimento ao longo dos últimos anos. Colares comenta que ser um grande corredor de integração da RMB, que vai de Belém até a cidade de Castanhal pela rodovia BR-316, é crucial para o crescimento, pois com isso, os fluxos de mercadorias, capitais, pessoas e informações é mais intenso nessa localidade.

O geógrafo diz ainda que Ananindeua passa por um processo de crescimento recente devido a investimentos na área de construção civil voltados para a moradia, potencializando os mais diversos tipos de investimentos no setor de serviços e atraindo mais moradores. “É muito caro morar em Belém, que é uma das cidades com o metro quadrado entre os mais elevados do Brasil. Existe uma classe média que se desloca para Ananindeua, e isso contribui para que aos poucos a cidade vá ganhando mais autonomia em relação às determinadas necessidades da população”, completa.


Curiosidades

- A história conta que a cidade é de origem ribeirinha, com uma população estabelecida nas margens do rio Maguari-Açu, que teria fugido do confronto da Cabanagem, por volta de 1850, com etnias que misturam o caboclo com o nordestino.
 
- O nome Ananindeua vem do tupi, e tem relação com grande quantidade de árvore chamada Anani, que produz a resina de cerol utilizada para lacrar as fendas das embarcações. De grande porte, a planta tem ainda propriedades medicinais, serve para calafetar embarcações, ensebar cordas e é utilizada até mesmo na fabricação de tochas.

- Já o sufixo deua tem diversas significações de origem popular: uma diz que vem de abundância e outra que quer dizer “dar”, por exemplo “Deu Ananin”.
 
- A cidade tem cerca de 14 ilhas ao redor do Rio Maguari. As mais conhecidas são Santa Rosa, Igarapé Grande, João Pilatos, Sororoca, Viçosa e a de Boa Esperança.

- Ananindeua é a 2ª no Estado em: habitantes, frota de carros, número de empresas e IDH; só perde para Belém.

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