COP30: Rainha Mary, da Dinamarca, 'suja' as mãos no açaí e cheira o cacau da Amazônia
A monarca esteve acompanhada da primeira-dama do Pará, Daniela Barbalho, em visitas na capital
Quinze policiais federais e militares escoltaram a rainha Mary, da Dinamarca, em sua travessia fluvial de Belém (PA) à Ilha do Combu. A monarca, em sua segunda visita à Amazônia, foi ciceroneada pela primeira-dama do Pará, Daniela Barbalho, em uma breve incursão na floresta.
O embarque ocorreu às 10h20 da terça-feira, dia 11, na lancha Aruanã 29, no Terminal Hidroviário Internacional de Belém. O comboio de segurança incluía dois barcos da PF e da PM paraense. O Estadão foi o único veículo brasileiro a cobrir a visita.
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A rainha Mary utilizava uma roupa estilo safári, com calça preta e camisa verde, e tênis apropriados para trilha. Durante a ida, ela permaneceu sentada na lancha. Observou a Baía do Guajará, projetando o corpo para fora da embarcação.
Experiência imersiva na Ilha do Combu
No retorno, a rainha Mary demonstrou maior descontração nos igarapés do Combu. Ao sair do "Furo da Paciência", ela atravessou a lancha em pé, posicionando-se para fotos na proa. A embarcação seguia pelo rio Guamá.
A visita buscou um registro amazônico, seguindo o exemplo de outros líderes. Chefes de Estado, ministros e diplomatas já haviam escolhido o Combu para uma experiência de imersão na selva. Entre eles estava António Costa, presidente do Conselho Europeu.
A Ilha do Combu é um local turístico e gastronômico popular entre os moradores de Belém. A comunidade de ribeirinhos desenvolveu um circuito de bares e restaurantes em palafitas. Estes estabelecimentos são destino para autoridades da COP-30.
Mulheres de uma cooperativa de ribeirinhos pilotam parte das lanchas para visitantes. Adrienny Mota, de 18 anos, e sua mãe, Ana Alice Mota, são exemplos. Elas atuam como guias de grupos e residem na ilha.
Visita à fábrica de chocolate e colheita de açaí
A rainha Mary seguiu o roteiro clássico do Combu. Ela visitou a fábrica de chocolates "Filha do Combu", da proprietária Dona Nena. Lá, ouviu explicações sobre a produção, moagem e cultivo do cacau.
A monarca sentiu o odor do chocolate moído e provou a fruta fresca, ainda azeda. Ela experimentou o chocolate 100% cacau e tomou chocolate quente. A rainha posou com a bandeira do Pará, recebeu chocolates e questionou sobre o número de funcionários da empreendedora, que são 20.
Em seguida, a rainha posou perto de uma sumaúma centenária. Ela "batucou" nas raízes para ouvir o ruído do oco. O ministro dinamarquês Jacob Jensen, da Alimentação, Agricultura e Pesca, a acompanhou. Eles assistiram à colheita de açaí. A rainha Mary se surpreendeu com a técnica de um ribeirinho que colheu dois cachos rapidamente.
"Não é o mesmo jeito que a gente sobe nas árvores quando é criança", comentou Mary. Ela experimentou a técnica antiga de extração do suco de açaí. Misturou água e espremeu os grãos da fruta em uma bacia de barro, sujando as mãos de roxo. Este método era usado antes das máquinas batedeiras.
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No restaurante Saldosa Maloca, a rainha participou de um banquete paraense. O menu incluiu moqueca de pirarucu, filhote na chapa, arroz com jambu e macaxeira frita. O açaí e o brigadeiro com creme de cupuaçu compuseram a sobremesa.
Engajamento ambiental e histórico da monarca
A rainha Mary é patronesse do PNUMA, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Em 2024, realizou sua primeira visita ao Brasil como rainha. Ela se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.
Em Brasília, a monarca visitou a Embrapa e se impressionou com a vegetação do Cerrado. Ela também esteve em Manaus (AM). Lá, conheceu o Museu da Amazônia e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). A agenda incluiu um restaurante indígena e jantar no Teatro Amazonas.
Mary Elizabeth Donaldson, de 52 anos, nasceu na Tasmânia, Austrália. Ela se tornou rainha consorte da Dinamarca em janeiro de 2024, com a ascensão de Frederik X. Ele sucedeu sua mãe, a rainha Margrethe II, após 52 anos de reinado. Atualmente, Mary possui apenas nacionalidade dinamarquesa.
A Dinamarca apoiou o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF) em seu lançamento. No entanto, não injetou recursos inicialmente devido a um processo de aprovação demorado, conforme fontes diplomáticas. A iniciativa visa remunerar países pela preservação de suas florestas tropicais. No ano anterior, o país doou R$ 127 milhões ao Fundo Amazônia.
Durante a COP-30, a Dinamarca anunciará mais recursos para preencher lacunas de financiamento. O país tornará permanente um instrumento de garantia estatal, expandindo o limite para US$ 1,8 bilhão até 2030. O governo dinamarquês projeta mobilizar US$ 4,1 bilhões em capital privado para investimentos verdes.
A Dinamarca também emitirá US$ 100 milhões em garantia estatal ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O objetivo é mobilizar US$ 400 milhões em empréstimos concessionais. Estes recursos são destinados a países da região, para acelerar a transição energética nas áreas amazônicas.
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