Paraense que tentou explodir caminhão em Brasília é ouvido nesta quinta na CPMI do 8 de janeiro

Investigação aponta que a presença e o depoimento do empresário é “fundamental” para elucidar a “arquitetura do golpe”

Elisa Vaz

O empresário paraense George Washington de Oliveira Sousa, de 54 anos, que planejou um atentado a bomba no Aeroporto de Brasília em dezembro do ano passado, será ouvido nesta quinta-feira (22) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atentados do dia 8 de janeiro. Os documentos relacionados com a convocação do paraense estão disponíveis no site do Senado Federal.

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O requerimento número 226/2023, assinado pelos deputados Rubens Pereira Júnior (PT-MA) e Rogério Correia (PT-MG), apresenta justificativas para a convocação. Segundo o texto, a presença e o depoimento de George Washington na CPMI é “fundamental para responder aos questionamentos dos parlamentares integrantes com vistas a elucidar a arquitetura do golpe”.

 

 

Ainda há um requerimento assinado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), de número 844/2023, que indica como será o depoimento. “Pretende-se que as nossas atividades se iniciem com a dissecação dos fatos que norteiam duas importantes datas, consubstanciadas em oitivas e requerimentos de informações, a partir das quais se espera, como natural desdobramento, a investigação dos demais fatos elencados no requerimento que embasou a instauração desta CPMI. [...] Pensa-se que o senhor George trará informações de enorme valia para a condução dos nossos futuros trabalhos”, diz o texto.

O paraense é a segunda testemunha convocada pelos parlamentares, que já receberam o ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, e ainda vai ouvir o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Gonçalves Dias, e o ex-diretor-adjunto da Agência Brasília de Inteligência (Abin), Saulo Moura da Cunha, entre tantos outros.

Atentado

Preso no dia 24 de dezembro do ano passado, George Washington colocou explosivos em um caminhão-tanque de combustível com a intenção de provocar explosão nos arredores do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. O próprio documento de convocação do Senado traz um apanhado do crime: “George Washington, Alan Diego e Wellington se encontraram durante as manifestações que contestavam o resultado das eleições de 2022, em frente ao quartel do Exército em Brasília, onde decidiram ‘se unir para praticar delitos’”, diz o requerimento 226/2023.

“No dia 12 de novembro do ano passado, George transportou em um carro, de sua cidade natal no Pará até Brasília, diversas armas de fogo, acessórios e munições com propósito de distribuir armamentos a manifestantes, além de dinamites. O plano de atentado a bomba em local público foi elaborado entre George, Alan, Wellington e outros manifestantes no dia 23 de dezembro de 2022. Em seguida, em comunhão de esforços, George montou e entregou o artefato explosivo a Alan, que, por sua vez, repassou-o a Wellington para o cumprimento da ação delitiva”, continua o requerimento.

Ainda segundo o texto apresentado no Senado, o caminhão-tanque estava estacionado aguardando o momento de se aproximar da base aérea para ser desabastecido. Estava carregado de querosene de aviação e tinha capacidade para 60 mil litros. Antes, porém, que a bomba pudesse explodir, o motorista do caminhão-tanque percebeu a presença do artefato explosivo, retirou-o de perto do veículo e acionou a polícia.

Desdobramento

Em Brasília, George Washington confessou à Polícia Civil que tinha intenção de cometer um crime no Aeroporto, para chamar atenção para o movimento a favor do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Ele foi o primeiro a ser preso na investigação do atentado e confessou ainda ser o responsável pela confecção do artefato explosivo.

Em 22 de janeiro deste ano, o advogado Jorge Chediak, responsável pela defesa do paraense, disse que o cliente foi levado a agir dessa forma porque estava com medo de “comer cachorro” no governo de Lula. Em 11 de maio, a Justiça do Distrito Federal condenou o paraense George Washington e Alan Diego Rodrigues por participação na tentativa de explosão. A sentença é de nove anos e quatro meses de prisão para George, envolvendo os crimes de explosão, causar incêndio e posse de arma de fogo sem autorização.

Outros casos

Segundo informações da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape), 33 paraenses estão sendo monitorados por tornozeleiras eletrônicas por conta dos atos terroristas de 8 de janeiro, enquanto uma está custodiada na Penitenciária Feminina do Distrito Federal. Outras duas pessoas do Pará aparecem em duas listas: “Custodiados no Centro de Detenção Provisória II” e “Pessoas liberadas mediante monitoração por tornozeleira eletrônica do Distrito Federal”, portanto, não fica claro se estão presas ou soltas. Confira os nomes no infográfico.

Vários outros paraenses, no entanto, foram identificados participando do atentado, como foi o caso de Antônio Geovane Sousa de Sousa, de 23 anos, que seria morador da cidade de Novo Progresso, no sudoeste do Pará. Em 2018, ele foi detido em uma investigação por esfaquear um homem até a morte. Em seguida, fugiu d​​o local e permaneceu como foragido da Justiça, segundo informações do Extra.

Ele esteve acampado em frente ao quartel-geral do Exército, em Brasília, no ano passado, e relatou, em depoimento à polícia, ter ido à capital para se manifestar contra o comunismo que seria instaurado pelo presidente Lula (PT). Foi preso com bombas, estilingues e materiais usados para fazer coquetel molotov.

Também do Pará, um grupo de apoiadores radicais do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é natural de Santarém, no oeste do Estado. As informações são do site Jeso Carneiro. Segundo apuração, o grupo era composto pelo advogado Francisco Andrade da Conceição, inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil Seção Pará (OAB-PA) sob o número 25170, que teria liderado mais três pessoas. Entre elas também estaria um casal de empresários: Orivaldo e Francimara Aguiar, sócios-proprietários da empresa Mega Massa, nome de fantasia da F. Barroso de Aguiar.

Outro paraense na lista de apoiadores radicais de Bolsonaro envolvidos em ataques terroristas aos Três Poderes em Brasília, no Distrito Federal, é Roniclei Teixeira, identificado como um dos invasores do Congresso Nacional, de acordo com informações do G1. Em um vídeo publicado na própria rede social, o morador de Jacundá, no sudeste paraense, estimula a ação e mostra a invasão: "Bora meu povo brasileiro! Botando os vagabundos para correr, esses filhos da p*ta!".

Quem também publicou vídeo durante os ataques se identificou como Toni Guerreiro, de Capanema, na região nordeste. Além disso, o site Poder360 publicou uma lista com 54 presos nas invasões que já se candidataram a um cargo político, entre eles dois paraenses. Helmi Tavares de Oliveira foi candidato a vereador pelo PTB em São Félix do Xingu, município da região sul do Pará, nas eleições de 2020. Já Robson Barbosa da Silva foi candidato a vereador pelo PSC, nas eleições de 2016, no município de Trairão, no sudoeste paraense.

Paraenses envolvidos e presos nos atos de 8 de janeiro

Custodiados no Centro de Detenção Provisória II

  1. Alex Junior de Trindade Costa
  2. Elynne Gomes dos Santos Lima

Custodiadas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal

  1. Jucilene Costa do Nascimento

Pessoas liberadas mediante monitoração por tornozeleira eletrônica do Distrito Federal

  1. Alex Junior de Trindade Costa
  2. Elynne Gomes dos Santos Lima

Pessoas monitoradas por tornozeleiras eletrônicas de outros estados

  1. Adriana Castro Pereira
  2. Adriano Ferreira Ponciano
  3. Alan dos Santos Chaves
  4. Altamirando Pinto de Oliveira
  5. Andreia Azevedo dos Santos
  6. Clodoaldo Cardoso Silva
  7. Darley Silva Neves
  8. Ezequiel da Silva Lima De Andrade
  9. Francisco Grajau Lima
  10. Galeno de Araújo Costa
  11. Genilson Pereira Figueiredo
  12. Gustavo Barco Ravenna
  13. Henrique Fernandes de Oliveira
  14. Hildebrand Santiago da Silva
  15. Ildo Reckzielgel de Souza
  16. Jair Valente
  17. Jefferson Paczkoski Compagnoni
  18. Joelson Barbosa da Silva
  19. José Marques Chaves Filho
  20. Jose Ornede Pereira da Silva
  21. Julismar Andrade de Sousa
  22. Luis Humberto Ferreira da Silva
  23. Mizael Rosa da Silva
  24. Pablo Paulo de Souza Lima
  25. Renato Fraga Campos Matos
  26. Robson Barbosa da Silva
  27. Sabina Da Silva dos Santos
  28. Saulo Silva Evangelista
  29. Savio Wallas de Carvalho Silva
  30. Shirley Hall Linhares Vieira
  31. Vera Lucia Moraes Fernandes
  32. Wesley da Silva Ferreira Taveira
  33. Zaqueu Pereira da Silva

Fonte: Seape

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