'Não nos acovardamos', diz Edmilson sobre enfrentamento da pandemia em Belém

Em mensagem na tribuna durante a abertura do ano legislativo da Câmara Municipal de Belém, o prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) refletiu sobre o primeiro ano de mandato e como ele foi impactado pela pandemia de covid-19, além de apontar prioridades para o ano de 2022.

Na opinião dele, os investimentos em saúde feitos pela prefeitura foram fundamentais para Belém atravessar a crise sanitária.

“Nós não nos acovardamos. Foram em torno de 107 milhões os gastos com covid. A Câmara aprovou 463 milhões para a saúde antes disso. Imagina quantas casas poderiam ter sido construídas, quantos prédios recuperados. Mas nossa prioridade precisava ser a vida das pessoas”, avaliou ele.

Bora Belém tem reajuste no valor

Rodrigues anunciou ainda um reajuste no benefício Bora Belém, no valor de R$ 50 para todas as faixas do benefício, e o encaminhamento para a Câmara de um projeto que cria um auxílio emergencial de seis meses para trabalhadores do setor de lazer e turismo do distrito de Outeiro, já que diversos barraqueiros e auxiliares foram impactados diretamente pelo acidente que inviabilizou o uso da ponte que leva até a ilha, ocorrido em janeiro e com obras de duração estimada de sete meses.

"O Bora Belém é, na verdade, uma conquista do povo pois a miséria dói e se essa conquista é do povo é dos representantes do povo também. Agradeço a vocês porque nenhum vereador foi contra, porque sabem a importância de um programa como esse. Queremos garantir o mesmo para a população de Outeiro, tão afetada pelo ocorrido da ponte", anunciou.

VEJA MAIS

O prefeito também informou à Câmara que deseja transformar duas fundações em secretarias municipais: a Fundação Papa João Paulo ll (Funpapa) e a Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel).

Segundo ele, a mudança no status das pastas irá ampliar o trabalho da Funpapa com assistência social e o mesmo vale para a Fumbel, que deve reforçar ações ligadas à primeira infância e formação cultural de crianças e adolescentes. 

Saneamento é uma das prioridades em Belém, diz prefeito

Edmilson aproveitou também para refletir sobre o papel das chuvas em Belém, que se revezam nos papeis de benção e castigo para a população. Por diversas vezes ao longo do discurso, ele fez referência ao livro "Marajó: A ditadura da água", de Giovanni Gallo, para falar sobre os desafios da administração municipal em relação ao enfrentamento de enchentes na capital paraense.

"Ao longo da história alguns problemas se agravaram. O fato de Belém ter sido construída sob as águas cria um paradoxo. Ao mesmo tempo que água é sinônimo de vida e portanto representa democracia para Belém, ela também se apresenta como uma ditadura. Vejo as manchetes do mundo inteiro e fico pensando: as águas de Belém que são um ponto forte de preocupação do nosso governo, mas elas são sinônimo de democracia ou elas oprimem o nosso povo?", comentou ele, ao lembrar que a condição ribeirinha da nossa cidade precisa ser abraçada, mas que não é possível ser feliz morando em uma rua que alaga constantemente. 

Segundo Rodrigues, a prefeitura tem pautado o saneamento como prioridade. Ele lembrou que no primeiro ano de mandato conseguiu retomar contratos de financiamento que estavam abandonados para execuções de obra de macrodrenagem, infraestrutura e saneamento e que os empréstimos aprovados pela Câmara serão fundamentais para a realização de obras como os canais do Tucunduba e Mata-Fome: 60 milhões de dólares (cerca de R$ 316 milhões) que possuem como fiador o Fundo Financeiro para Desenvolvimento da Bacia do Prata e R$100 milhões da via Caixa Econômica Federal.

"Mesmo sendo uma cidade com carência de esgoto, um problema estrutural e histórico que precisa ser vencido, existem grandes investimentos para garantir a saúde e da qualidade de vida do povo. Belém é tão abençoada que as chuvas aqui conseguem lixiviar as impurezas e cumprem, portanto, um papel democrático. Trazem sofrimento e dor mas também saúde, vida e esperança. Essa é a nossa cidade, cheia de contradições", afirmou, ao lembrar que as chuvas também amenizam o calor equatorial da capital paraense. 

Combate ao analfabetismo

Na tribuna, o psolista também reafirmou um compromisso de campanha, que é tornar Belém uma cidade sem analfabetos. Atualmente, 33 mil pessoas da cidade não sabem ler e escrever.

Rodrigues falou que a meta é também pessoal já que ele é professor. Além disso, ele diz que o governo tem compromisso com a reforma e restauração de espaços históricos da cidade, como o Palacete Pinho, onde ele sonha ver funcionando uma casa de artes após um reforma que deve custar R$3 milhões, e a do Palácio Antônio Lemos, onde a prefeitura deve voltar a funcionar após as reformas que estão em andamento.