'Eu não tinha participação', diz Bolsonaro sobre uso da Abin por Heleno

Durante entrevista ao Jornal da Record na noite desta sexta-feira (9), Bolsonaro negou qualquer responsabilidade na suposta coleta de dados

O Liberal
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) negou ter qualquer participação em suposto esquema envolvendo o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para se infiltrar nas campanhas eleitorais de opositores. Após declarações do então chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, ele negou participação do órgão para "acompanhar o que os dois lados" estavam fazendo.

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Durante entrevista ao Jornal da Record na noite desta sexta-feira (9), Bolsonaro negou qualquer responsabilidade na suposta coleta de dados. "Heleno falou que ia se inteirar dos dois lados. É o trabalho da inteligência dele, que eu não tinha paticipação nenhuma. As inteligências, eu raramente usava, das Forças Armadas, da própria Abin, da PF. Vi que ele ia estender o assunto e eu tive que cortar", afirma.

Essa declaração foi dada após o ex-presidente ser questionado sobre a fala do general em uma reunião realizada em julho de 2022. Uma gravação que mostra o encontro de Bolsonaro com ministros foi liberada e teve o sigilo derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após vazamentos de investigações sobre o que seria uma tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito (PET 12.100).

Heleno afirmou, na época, o seguinte: "Conversei ontem o Victor (Carneiro), novo diretor da Abin. Nós vamos montar um esquema para acompanhar o que os dois lados estão fazendo. O problema todo disso é se vazar qualquer coisa aí. Muita gente se conhece nesse meio. E, se houver qualquer acusação e infiltração desses elementos da Abin em qualquer dos lados…".

O ex-presidente Jair Bolsonaro interrompeu Heleno nesse momento e pediu que o assunto fosse tratado em "conversa particular". "General, eu peço que o senhor não fale, por favor. Peço que o senhor não prossiga mais na sua observação. Se a gente começar a falar ‘não vazar’, esquece. Pode vazar. Então, a gente conversa particular na nossa sala sobre esse assunto", disse ele, ao interromper Heleno. A Polícia Federal acredita que, na fala do general, fica sugerido o uso de agentes infiltrados da Abin nas campanhas eleitorais.

Na mesma ocasião, o general Heleno defendeu que o governo deve fazer algo antes das eleições, dizendo que, se for preciso "dar soco na mesa", deveria ser antes da votação.

"Não vai ter segunda chamada na eleição, não vai ter revisão do VAR. O que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa, é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa, é antes das eleições. Depois das eleições, será muito difícil que tenhamos alguma nova perspectiva", afirmou. VAR é a sigla para Video Assistant Referee, um árbitro assistente de vídeo, usado em jogos esportivos para verificar faltas.

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