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Eleitos, Igor Normando e Cássio Andrade falam sobre planos para a gestão de Belém

Prefeito e vice-prefeito eleitos concederam uma entrevista ao Grupo Liberal para uma conversa sobre os planos de gestão para a capital paraense

Emilly Melo
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O prefeito eleito Igor Normando (MDB) e o vice Cássio Andrade (PSB) compartilharam com o Grupo Liberal os planos da nova gestão para a cidade de Belém após a posse, que acontecerá em 1º de janeiro do próximo ano. Durante a entrevista, os representantes eleitos do Executivo municipal relembraram a caminhada política até a vitória nas eleições municipais deste ano, falaram sobre a transição entre gestões, as soluções para os principais problemas da capital e como esperam contribuir para o crescimento do município.

Igor Normando e Cássio Andrade alcançaram 421.485 votos no segundo turno, o que representa 56,36% dos votos válidos, enquanto que o seu adversário, delegado Éder Mauro (PL) obteve 326.411 votos válidos (43,64%), perdendo a disputa.

Igor Normando tem 37 anos, já foi eleito vereador de Belém, em 2012 e 2016, e deputado estadual em 2022. Em fevereiro de 2023, assumiu a Secretaria Estratégica de Articulação da Cidadania (Seac) do Pará, onde permaneceu até junho deste ano.

Cássio Andrade tem mais de 20 anos de mandato, é empresário e advogado, já foi eleito o vereador mais jovem de Belém, foi deputado estadual por três mandatos, depois tornou-se deputado federal e é presidente estadual do PSB-PA. Ficou à frente da Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEEL), em 2023, onde ficou até junho de 2024 e saiu para ser candidato a vice-prefeito de Belém na chapa com Igor Normando (MDB). Veja a entrevista completa:

- O senhor disse no domingo (27/10) que quer devolver o orgulho de morar em Belém. O que isso significa na prática e como a Prefeitura vai atuar para isso na sua gestão?

Igor Normando: Primeiro, nós vamos ter que colocar em dia a manutenção urbana da cidade, isso passa tanto pela coleta de lixo regular, passa pela iluminação pública funcionando, os serviços básicos que a prefeitura precisa ter, fazendo, realmente, jus ao imposto que a população paga. Isso, desde a questão relativa ao médico e remédio no posto de saúde até, como eu coloquei anteriormente, a coleta de lixo. Fazendo todos esses serviços de forma regular, nós conseguimos pensar nos grandes projetos para a cidade, mas primeiro nós precisamos cuidar daquilo que precisa ser cuidado e que é urgente, e a manutenção urbana da cidade não pode esperar.

Vamos ter nesses primeiros 100 dias, talvez nos primeiros seis meses de gestão, vamos ser zeladores e síndicos da cidade você não colocar a cidade em ordem e depois que tiver tudo organizado, nós vamos fazer com que os grandes projetos possam voltar a nossa cidade para gerar emprego e gerar renda, para que as pessoas não precisem sair de Belém para morar no interior do Estado ou até em outras cidades do Brasil. Precisamos fazer com que o belenense volte a ter orgulho de morar na cidade, uma cidade de oportunidade, uma cidade que pulse o que temos de mais valioso, que é a nossa população e a nossa gente.

- O atual prefeito Edmilson Rodrigues disse no domingo que sua equipe está pronta para um diálogo transparente com o senhor, assegurando uma transição de governo “produtiva e responsável”. Já houve alguma conversa com ele?

Normando: Quero salientar a postura harmônica, educada e democrática do atual prefeito de Belém. Tivemos embates no período eleitoral, que foram duros, mas ao final do processo, ele age como democrata, não soltando apenas uma nota, mas se deixando à disposição para fazer a transição. Isso é algo que nós precisamos respeitar e louvar, pois tem muitos prefeitos de outras cidades que não fizeram esse gesto que ele fez. Vamos fazer uma transição harmônica para que a gente possa imprimir o nosso jeito de governar a partir do dia 1º de janeiro. O nosso vice-prefeito eleito, Cássio Andrade, foi escolhido para ser o coordenador da transição, a partir de hoje é ele quem vai fazer a discussão dos dados, números, fazer os levantamentos, para que a gente possa tomar as melhores decisões dentro daquilo que nós planejamos ao longo do processo eleitoral.

Cássio Andrade: Por orientação do nosso prefeito eleito Igor Normando, esse grupo foi criado, protocolamos junto à Prefeitura Municipal a indicação de 10 nomes técnicos, e eu, nessa coordenação, aceitando esse desafio que o prefeito me designou. A equipe vai ter como função primordial o diálogo com a equipe do atual prefeito Edmilson Rodrigues, a aquisição de dados e informações da prefeitura, pois é importante para que o prefeito, ao assumir dia 1º de Janeiro, tenha as informações completas da prefeitura, tais como anda a saúde fiscal do município, como anda os contratos. A equipe de transição tem um viés muito importante no que diz respeito à parte técnica e orçamentária. O prefeito eleito designou, e escolheu a dedo, nomes importantes na área técnica. Quando eu digo isso, quero deixar bem claro que essa é uma equipe que vai sintetizar essas informações, buscar encaminhar ao prefeito tudo aquilo que é necessário para as tomadas de decisões que ele fará a partir de 1º de janeiro e, dentro do que nós captarmos na gestão, como será montada a reforma administrativa que ele já determinou que será feita uma reforma nos pontos que ele apresentou durante a campanha eleitoral.

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- No pronunciamento de domingo, o senhor se comprometeu a entregar todas as obras que estão sendo realizadas para a preparação da capital paraense para a COP 30. Quais serão as prioridades do governo antes do evento na área de infraestrutura?

Normando: Nós vamos focar em colocar em dia o mínimo necessário para que a cidade tenha qualidade de vida. Paralelo a isso, vamos acelerar as obras da Copa, pois estaremos sediando o maior evento que essa cidade já viu, em novembro de 2025. Precisamos garantir que essas obras aconteçam, pois são muito importantes do ponto de vista turístico, mas também são essenciais para a população. Estamos falando do canal da Mata Fome, do canal São Joaquim e do Parque Urbano São Joaquim. Essas obras não vão apenas agradar o turista, mas também beneficiar a população que mora no entorno, contribuindo para o fim dos alagamentos. São obras muito importantes que vamos cuidar, inclusive diariamente.

Recentemente, declarei que estarei lá, com uma câmera em tempo real, para acompanhar o avanço das obras. Estarei presente durante a semana para cobrar das empresas que ganharam as licitações, para que elas possam executar as obras com celeridade. Se necessário, a prefeitura pode fazer um aditivo para aumentar o número de equipes nas obras, garantindo que sejam entregues dentro do prazo combinado com a população, o governo federal e o governador.

Além das obras de infraestrutura, também temos planos de trazer a sustentabilidade para dentro da capital, com obras relacionadas a isso. Sem dúvida, Belém é a capital da Amazônia e, após a COP, vamos recuperar esse título que nunca deveríamos ter perdido. Para isso, precisamos implementar uma política rigorosa de proteção ao meio ambiente e sustentabilidade. Belém deve voltar a ser, por exemplo, uma das cidades mais arborizadas do país. Temos o grande desafio, ao fim de quatro anos, de sermos uma das três capitais mais arborizadas do Brasil. Vamos perseguir essa meta, pois temos a obrigação, sendo Belém a capital da Amazônia, no coração da floresta, de não sermos uma das cidades menos arborizadas do país.

- Na sua atuação como vice-prefeito, em quais áreas pretende focar sua atuação? Há algum tema específico, como educação, segurança, saúde ou sustentabilidade, que gostaria de abordar prioritariamente?

Andrade: Belém é uma cidade com muitos problemas, mas a prioridade deve ser resolver esses problemas, com foco na periferia. Belém é a cidade com o maior percentual de áreas periféricas no Brasil, cerca de 55% do seu território. O prefeito destacou isso durante a campanha, e é importante lembrar que quem mora na periferia enfrenta dificuldades, como a falta de luz, saneamento, esgoto e água. Essas pessoas precisam de uma atenção maior.

Desde o início, o prefeito eleito colocou que, em nossa equipe de transição e no planejamento do próximo governo, teremos um foco total na gestão, priorizando as pessoas que vivem na periferia. Um dos pontos a ser destacado é o transporte público, que é deficitário. Hoje, temos cerca de 1.100 ônibus, enquanto Belém já chegou a ter quase 3 mil. A população reclama muito dessa situação.

O prefeito tem dialogado com o ministro Jader Filho e com o governador Helder sobre a vinda de ônibus elétricos, que estão para chegar. Temos dificuldades para implementar os programas que o prefeito mencionou na campanha, especialmente na saúde pública. Os postos de saúde, que atendem a necessidade básica das pessoas na periferia, muitas vezes não têm condições adequadas, faltam remédios e especialistas. Um dos grandes desafios da gestão do Igor será transformar esses postos em postões que funcionem até às 22 horas, algo que ele enfatizou muito durante o processo eleitoral.

- Hoje, a Guarda Municipal tem apenas uma lancha para diligências nos rios, com a COP 30, a cidade receberá vários navios que precisarão ter um olhar diferenciado da segurança pública. O que o senhor pretende fazer para reforçar a segurança dos turistas que estarão nesses navios? Haverá outra ação para reforço da guarda?

Normando: Uma das grandes propostas do nosso plano de governo é a criação da Secretaria de Segurança, Defesa Social e Ordem Pública. Isso é muito importante porque vamos integrar a Polícia Militar, a Polícia Civil e todos os agentes de segurança do estado e da guarda municipal, formando uma única política de segurança e defesa do nosso patrimônio público. Tudo isso será possível com investimentos que serão captados por meio do governo federal, do governo estadual e do tesouro municipal.

Vamos valorizar e equipar a guarda municipal, estabelecendo uma política estratégica. Qualquer tipo de violência não deve ser combatido com mais violência; devemos usar inteligência e uma ação ostensiva da polícia e da guarda, mas, sobretudo, promover a cidadania. Assim, faremos com que essas três amplas vertentes se tornem realidade no combate à violência e na garantia da preservação do nosso patrimônio.

Nos próximos dois anos, pretendemos realizar um concurso para a guarda municipal, visando aumentar o efetivo. Vamos valorizar os guardas que já fazem parte da corporação, para que a população se sinta cada vez mais segura. Belém já foi uma das capitais mais perigosas do mundo, segundo o Atlas da Violência, e hoje é a quinta capital mais segura do Brasil. Precisamos avançar, mas isso requer um trabalho integrado. Não podemos transferir toda a responsabilidade ao estado; o município também tem seu papel e vamos implementar uma grande política de parceria para garantir uma abordagem unificada na segurança e na preservação do nosso patrimônio.

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- As ilhas de Belém se tornaram um forte atrativo de turistas nos últimos tempos, no entanto, muitos moradores dessas localidades apontam diversas dificuldades. Na sua gestão, haverá algum projeto direcionado para atender essas comunidades?

Normando: Temos hoje mais de 40 mil pessoas vivendo nas ilhas de Belém, que são 39 ilhas habitadas e possuem um potencial extraordinário, seja na bioeconomia, na agricultura ou no turismo. Precisamos garantir que essas ilhas não apenas tenham um viés econômico, mas também que ofereçam geração de emprego e renda para os moradores, incluindo a agricultura de subsistência. Essas comunidades vivem em meio ao que há de mais valioso na nossa cidade: nossas florestas e rios. Vamos transformar tudo isso em um ativo econômico para elas.

- Vocês dois possuem uma carreira política longa, mas, ao longo da sua trajetória, vice-prefeito eleito, quais projetos ou políticas que defendeu podem servir de inspiração ou base para seu trabalho?

Andrade: Realmente, estou um pouco mais tempo na estrada que o Igor, né? Ele tem 37 anos e eu, 43. É uma chapa jovem. O Igor foi vereador duas vezes e deputado estadual duas vezes, tendo uma experiência magnífica no legislativo. Ele foi relator do orçamento do Governo do Estado do Pará, uma função de grande envergadura, pois é onde se definem os recursos que vão para os municípios. Ele conseguiu alocar muitos recursos aqui na capital, quando foi relator do orçamento, mostrando sua sensibilidade e a ligação que tem com Belém.

Ele foi secretário das Usinas da Paz, na verdade da Secretaria de Cidadania, e sempre vincula seu trabalho às usinas. Ele tem mostrado competência e experiência para estar à frente da gestão. Por outro lado, eu fui vereador, deputado estadual por três vezes, deputado federal e fui secretário de Esporte e Lazer. Hoje, assumo com muita alegria o papel de auxiliar o prefeito, contribuindo com o plano que ele projetou para nossa capital.

Ao longo da minha trajetória política, tive muitas pautas relacionadas ao esporte, o que é muito claro, especialmente no que fiz na Secretaria de Estado. O Igor nos deu a missão de iniciar um processo de valorização do esporte em Belém. Ele falou várias vezes durante nossas reuniões que a comunidade participa de muitos campeonatos, aquelas "peladas" e os campeonatos oficiais entre os bairros. Projetamos a construção de quadras, com o projeto "Campinho" nos bairros, o que vai depender da captação de recursos e da nossa influência junto ao governo federal e ao governo do estado, além da capacidade de economizar o orçamento da prefeitura, que é um dos piores per capita do nosso país.

O que fiz nos meus mandatos foi garantir recursos para a saúde e segurança pública. A Guarda Municipal recebeu recursos na época em que eu era deputado estadual e federal. Tudo isso que fizemos como parlamentares é importante, pois o parlamentar fala, sonha e projeta, mas não executa. Quem executa é o prefeito. Agora, estaremos do outro lado da mesa, podendo executar e, com a liderança do Igor, buscar recursos junto a deputados federais, estaduais e senadores para contribuir com o crescimento da cidade.

Normando: Eu brinquei aqui quando perguntaram o que fez ele aceitar o desafio. Falei que foi a insistência. Sempre vi no Cássio alguém que fazia boa política. Quando fui vereador pela primeira vez, ele já não era mais vereador, já era deputado estadual, mas foi um dos vereadores mais jovens da história da nossa cidade. Eu disse a ele que viesse conosco nessa caminhada, porque não só chamaríamos a nossa juventude e o nosso amor pela cidade, mas, sobretudo, precisaríamos pensar para frente. Precisamos planejar a cidade para daqui a 20, 30 anos, e não apenas para os próximos quatro anos, quando há um processo eleitoral. Vamos fazer com que a nossa cidade possa realmente respirar um novo tempo.

- Em fevereiro, termina o prazo dado pela Justiça para a utilização do aterro de Marituba. Como o senhor pretende lidar com essa situação?

Normando: Vou marcar uma reunião com a empresa responsável pela coleta de lixo da cidade, pela destinação final e pela limpeza. O custo desse serviço é alto, mais de 30 milhões de reais por mês, e precisamos garantir que a empresa execute plenamente aquilo que se propõe a fazer. Não aceitaremos, em hipótese alguma, que a nossa cidade viva novamente a crise do lixo. Hoje a situação melhorou, mas ainda existem problemas que precisam ser resolvidos. Vamos ser firmes com a empresa. Se ela não fizer o trabalho adequado, vamos judicializar a questão, porque não aceitaremos que uma cidade como Belém, com tanta potencialidade e uma população de mais de 1,3 milhão de habitantes, sediando o maior evento de clima e meio ambiente do mundo, ainda enfrente problemas com lixo. Isso é inaceitável. Vamos chamar a empresa e exigir previsibilidade.

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