CPMI do INSS pede para depoente telefonar a piloto que trabalhou em entidade investigada

Estadão Conteúdo

Na sessão da CPMI do INSS desta terça-feira, 28, o relator Alfredo Gaspar (União-AL) pediu a Henrique Traugott, um piloto de avião que trabalhou para dirigentes da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer), para fazer uma ligação telefônica a outra pessoa.

O depoente, ouvido na condição de testemunha, parou de falar por cerca de dez minutos e colocou no viva-voz do celular um amigo chamado Leandro Almeida, que também foi piloto da entidade e o contratou para o trabalho.

"Faz um favor para mim. Liga aí para o Leandro", disse Gaspar. Após a ligação ser efetuada, ele fez um apelo. "Vamos encurtar os caminhos. Nós estamos aqui com o senhor Henrique e, para evitar uma convocação do senhor, até porque o senhor é uma pessoa decente e trabalhadora, vamos encurtar essa conversa aqui", disse o relator.

Do outro lado da linha, Leandro respondeu aos questionamentos do deputado. Ele informou que pilotava o avião de Vinícius Ramos da Cruz, presidente do Instituto Terra e Trabalho (ITT) - ONG que desenvolve parcerias com a Conafer, cujo presidente, Carlos Roberto Ferreira Lopes, também voou a bordo das aeronaves. Disse que, quando abriu uma nova vaga para pilotar aeronaves da entidade, indicou Traugott para o emprego. "O Vinícius orientou a gente a atender a Conafer", disse.

Leandro ainda não foi convocado pela comissão, embora já haja pedido para ouvi-lo na condição de testemunha. Um requerimento foi protocolado pelo deputado Alencar Santana (PT-MG).

"Com efeito, por ter conhecimento de quem utilizava as aeronaves como passageiro, o coloca em posição privilegiada de oferecer informações relevantes sobre possíveis conexões com práticas fraudulentas que afetaram milhões de aposentados e pensionistas", justificou no pedido o parlamentar.

Traugott era remunerado pela firma de Leandro, que por sua vez, era pago por Ramos da Cruz. O vínculo, contudo, não era formal. A testemunha detalhou essa relação ao responder a questionamentos do líder do governo na Câmara, Paulo Pimenta (PT-RS).

"O senhor era assalariado de quem?", perguntou o deputado. "Pelo Leandro. O Leandro foi quem me contratou. Eu era pago em transferência e estava em processo de criar um MEI", respondeu Traugott, que afirmou não ter transportado políticos no período em que trabalhou para a Conafer.

Leandro disse ter prestado serviços para o deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos-MG) antes de trabalhar para a Conafer. Conforme revelou o Estadão, o parlamentar vendeu um avião ao ITT, que depois o repassou a outra entidade. Entre 2022 e 2023, o deputado enviou R$ 2,5 milhões em emendas para a ONG.

Em junho, pouco mais de um mês depois da deflagração da Operação Sem Desconto, o presidente da ONG formalizou a venda da aeronave, por R$ 700 mil, a Silas da Costa Vaz, presidente de uma cooperativa que é um braço da Conafer. Ela leva a entidade no próprio nome: Cooperativa de Trabalho e Comercialização da Cadeia Produtiva do Mais Pescado e Produtos Conafer (Conamap).

Já Traugott afirmou não ter transportado políticos nem com os principais envolvidos no esquema de descontos associativos. Gaspar colocou no telão da sessão as fotos de algumas das figuras centrais na investigação. Constavam na exibição, por exemplo, Antonio Carlos Camilo, o Careca do INSS, e Virgílio Oliveira Filho, ex-procurador-geral do INSS.

"Alguém aqui voou com o senhor?", perguntou o parlamentar. "Com certeza, não", respondeu a testemunha.

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