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Investigação aponta 'Passarinho' como mandante de atentado contra cacique Tembé

As diligências começaram logo após o cacique ter sido encontrado, ferido. Relatos de testemunhas levaram à prisão do suspeito. Supostamente, o suspeito seria sobrinho do cacique

O Liberal
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Pelo inquérito policial da investigação do atentado contra o cacique Lúcio Tembé, na madrugada do dia 14 de maio, a Polícia Civil do Pará considera que Juscelino Ramos Dias, o "Passarinho", é o mandante do crime. A tentativa de homicídio ocorreu na localidade de Quatro Bocas, em Tomé-Açu, nordeste do estado. O suspeito foi preso no dia 16 de maio. A motivação seria uma desavença entre o indígena e o suposto tráfico de drogas na região onde ficam aldeias da etnia. A suspeita se baseia em relatos de testemunhas e no fato de que a moto de Juscelino foi vista no local do crime. Supostamente, como consta no depoimento de "Passarinho", o suspeito seria sobrinho do cacique.

No dia do crime, como apontam os boletins de ocorrências e termos de depoimento que compõem o inquérito policial, uma equipe da Polícia Civil estava em diligências pela operação "Caminhos Seguros" — que investiga exploração sexual de crianças e adolescentes — quando soube do atentado. Encontraram, na cena do crime, a caminhonete do cacique e uma outra testemunha, que estava com ele no veículo. A outra pessoa, com identidade preservada, não se machucou e foi com ele que as primeiras informações foram colhidas. Lúcio Tembé foi socorrido imediatamente.

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Entre as informações que a testemunha deu à polícia, estava que a moto usada pelo atirador era vermelha. Na moto, estavam duas pessoas. A dupla fugiu em direção à aldeia Turé-Mariquita, da qual Lúcio é cacique. No dia seguinte, por volta de meio-dia, policiais civis  e agentes da Polícia Federal estavam fazendo abordagens a pessoas que se deslocavam rumo à vila Ramal D'Água. Eventualmente, encontraram uma segunda testemunha chave para a PC: Maciano Costa Alves, um homem que estava foragido do sistema prisional paraense. Os relatos são dos investigadores Jorge Pontes da Silva, Rodrigo Oliveira de Almeida, Iran Vitor Barbosa Gomes, Rui Pereira Santos e do delegado Joubert da Silva Cândido Júnior.

Ainda no dia 15, como consta no relato dos policiais no inquérito, Kanderó Tembé, um dos filhos do cacique Lúcio Tembé. Ele foi questionado se tinha informações sobre o atentado ao pai e confirmou, concordando ir à delegacia de Quatro Bocas para prestar depoimento. Ele seguiu no próprio carro rumo à unidade policial, até que, em determinado momento, parou o carro e disse ter falado com o irmão, Paratê Tembé. Por recomendação dele, não iria mais prestar depoimento naquele dia, mas iria no dia seguinte e acompanhado de um advogado. Kanderó passou o telefone ao delegado Joubert, que ouviu a mesma versão. De fato, como consta no inquérito, ele foi à delegacia no dia 16, com um advogado e prestou depoimento.

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Lúcio Tembé precisou ser transferido para o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência durante a manhã. Quadro de saúde é considerado estável. Lúcio já vinha recebendo ameaças de morte devido à sua atuação na defesa pelas terras de sua tribo.

Na delegacia, segundo o relato dos policiais no inquérito, Maciano relatou que soube do atentado ao cacique e que soube de uma discussão entre Lúcio e Juscelino ("Passarinho"). No relato dele, a discussão teria se dado porque o suspeito do ataque estava comercializando drogas nas aldeias da etnia Tembé. Como cacique, Lúcio teria intervido. O foragido conhecia bem Juscelino e deu detalhes da aparência, da moto que usava e horário que costumava ir para casa. Uma equipe da PC se organizou e conseguiu localizar o suspeito e prendê-lo. Com ele, foram apreendidos a moto, um celular e R$ 3,7 mil em espécie.

Os relatos de Maciano, presentes no inquérito policial, ainda apontaram que outras duas pessoas teriam participado do crime, mas que não as conhecia diretamente. Para ele, a arma teria sido fornecida por Juscelino. Por outro lado, diz que o suspeito mantinha contato com uma liderança do Comando Vermelho de Tomé-Açu, conhecido por Edgar ou "DG". Porém, não sabia dar mais detalhes acerca dessa relação. Após o depoimento, ele foi preso e reconduzido ao sistema penitenciário.

Juscelino, segundo o inquérito, negou ter qualquer desavença com Lúcio e afirmou não ter sido o responsável pelo ataque. O dinheiro apreendido, segundo ele, seria do próprio trabalho, mas não soube explicar a origem da moto. Ele negou fazer parte de facções criminosas e disse não ter qualquer informação sobre quem teria cometido o atentado ou planejado ou encomendado. "Passarinho" continua preso e as investigações seguem.

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