Uso de máscara segue fundamental para evitar proliferação do novo coronavírus
“A proteção da máscara para nova variante do vírus é a mesma”, afirma a infectologista Helena Brígido
Após a chegada da pandemia da covid-19 no Brasil, em fevereiro do ano passado, a recomendação do MInistério da Saúde inicialmente era para que somente profissionais de saúde e pessoas com sintomas ou com casos confirmados da covid-19 usassem as máscaras de proteção para evitar a proliferação do vírus. Porém, diante do número crescente de casos confirmados da infecção, passou-se a discutir também a respeito do uso de máscaras por toda a população como forma de proteção.
No dia 1º de abril de 2020, o então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que "qualquer pessoa" poderia fazer máscaras de pano como barreira contra o coronavírus Sars-Cov-2 (Síndrome Respiratória Aguda Grave).
À época ele fez inclusive um apelo: pediu atitudes, para que as máscaras cirúrgicas ou N95, que oferecem maior proteção, fossem deixadas apenas para o uso de profissionais da saúde. Mandetta pediu, inclusive, para que quem comprou o modelo N95 entregasse as máscaras aos hospitais, para que pudessem ajudar o uso pelos médicos.
De lá pra cá, o uso de máscaras de tecidos, artesanais e até personalizadas começaram a ser produzidas e atingir diversas camadas da sociedade. Ainda hoje, com a circulação de novas cepas do vírus e mesmo com a chegada gradativa das vacinas para o combate ao vírus no Brasil, no Pará e em Belém, é fundamental manter o uso das máscaras.
“A máscara é uma barreira de proteção para não ocorrer a entrada do Sars-CoV 2 no organismo humano por meio de gotículas e aerossóis. A máscara impede a entrada do vírus na mucosa do nariz que, caso entrar, vai para o pulmão, que fará a distribuição para todo o corpo”, explica enfatiza a infectologista Helena Brígido, vice-presidente da Sociedade Paraense de Infectologia (SPI).
Ainda segundo Brígido, que também atua como docente na Universidade Federal do Pará (UFPA), a população em geral deve usar máscara de pano com pelo menos duas camadas de proteção. Ela ressalta que existem vários estudos com variabilidade de percentual e, de acordo com eles, afirma que o uso da máscara pode proteger a pessoa em mais de 80%.
Até durante as caminhadas a dona de casa Vânia Marques não abre mão do uso de máscara (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)A dona de casa Vânia Marques, 52 anos, afirma que só começou a usar máscara quando passou a ser obrigatória. “Passei a usar desde que foi imposta. Acho importante usar mais também porque meu esposo teve dois Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs) e é hipertenso, e tenho medo de pegar e passar a doença pra ele. Não tive ainda a covid-19. Tenho maior cuidado com o uso, até para caminhar”, diz a dona de casa, que mora no bairro do Marco.
Manuele Santos, assistente administrativa, anda sempre com márcara reserva na bolsa, além de álcool em gel (Foto: Thiago Gomes / O Liberal)A assistente administrativa Manuele Santos, 31 anos, também diz que só passou a utilizar máscaras depois que se tornou compulsória. “No começo, diziam que era obrigatória só para os trabalhadores da saúde. Depois, toda a população tinha que usar, aí passei a usar. E acho importante para me proteger e hoje já não faz muita diferença, já estou acostumada. Sempre ando com duas na bolsa, além de ter o álcool em gel e sempre lavo as mãos”, diz Menuele.
“Sempre usei máscaras devido à proteção. Vejo muita gente que não usa nas ruas, nos bares e outros lugares. Mas o uso é muito importante para colaborar com que a pandemia passe e todos sejam vacinados. No lugar em que trabalho é fundamental usar e manter todos os cuidados”, afirma Emanuel Raiol, 37 anos, que trabalha com serviços de limpeza em uma clínica e teve a covid-19 em junho de 2020.
Além de todos esses cuidados, Helena Brígido aconselha que o uso da máscara seja individual. “A máscara não deve ser compartilhada. A de pano não é descartável, mas deve ser lavada com frequência. A maneira correta do uso da máscara é que ela deve cobrir o nariz e a boca. E, após colocá-la, não deve ser manuseada, além dos lados de colocação e retirada. A máscara deve estar limpa e colocada corretamente”, aconselha a médica, que atua na linha de frente de combate ao novo coronavírus, desde o início da pandemia.
Embora haja circulação de novas cepas, as máscaras mantêm o mesmo grau de proteção
Ela orienta a população a garantir mais cuidados com a máscara. “Ao retirá-la deve-se ter o cuidado para não encostar em outros locais que possam infectar alguém. Se a máscara for descartável, deve ser utilizada apenas uma vez. Se não for descartável, deve ser lavada imediatamente após o uso com água e sabão ou água com hipoclorito de sódio”, explica a infectologista.
A infectologista Helena Brígido esclarece sobre a importância de manter o uso das máscaras (Foto: Fábio Costa / O Liberal)
Além disso, é importante sempre andar com mais de uma máscara e ser retirada para alimentação. Caso faça retirada para lavagem do rosto em banheiros ou se estiver em um ambiente muito infectado, precisa descartar a máscara.
Já quem está na linha de combate à covid-19, como os profissionais de saúde, Helena Brígido esclarece que deve utilizar a máscara N95 devido ao ambiente infectado pelo Sars-COV 2 e a necessidade contínua de proteção mais eficiente. A máscara N95 deve ser trocada a cada semana.
A médica enfatiza que, embora com a circulação de novas cepas, as máscaras mantêm o mesmo grau de proteção. “A proteção da máscara para nova variante é a mesma”, afirma a infectologista.
No entanto, além das máscaras, a população deve tomar ou reforçar outros cuidados para evitar a infecção pela covid-19. “É fundamental evitar aglomerações, ficar com uma distância mínima de um metro e meio de cada pessoa, higienizar as mãos frequentemente”.
Em qualquer sinal ou sintoma respiratório é preciso procurar atendimento médico para avaliação e necessidade de realizar exames.
Sespa reforça que uso de máscara é obrigatório
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) reforça que, de acordo com a Lei Estadual nº. 9.051, de 13 de maio de 2020, é obrigatório o uso de máscaras de proteção por todas as pessoas que transitarem em vias e logradouros públicos, coletivos urbanos e transportes públicos individuais durante o período de ações de enfrentamento ao novo coronavírus.
O decreto Estadual nº. 800, de 30 de maio de 2020, também determina que os trabalhadores e clientes usem máscaras de proteção, que devem ser trocadas de acordo com as instruções do fabricante e as indicações dos órgãos sanitários de saúde no transporte, seja coletivo ou individual, e nos ambientes públicos e de convívio social.
Além disso, os trabalhadores, em contato direto com o público, e trabalhadores do setor de limpeza devem usar máscara de proteção facial (modelo face shield).
Penalidades
A Sespa esclarece também que a Lei Estadual nº. 9.051, de 13 de maio de 2020, determina que o não cumprimento do uso de máscaras em vias e logradouros públicos acarretará em multa, na forma definida em regulamento.
O Decreto Estadual nº. 800, de 30 de maio de 2020, também determina que os órgãos e entidades do Sistema Integrado de Segurança Pública e Defesa Social (Sieds), bem como aqueles responsáveis pela fiscalização dos serviços públicos, também estão autorizados a aplicar sanções previstas em lei tais como advertência.
Além de multa diária de até R$ 50 mil para pessoas jurídicas, a ser duplicada por cada reincidência; e multa diária de R$ 150,00 para pessoas físicas, Micro Empreendedores Individuais (MEIs), Micro Empreendedores (ME), e Empresas de Pequenos Portes (EPP’s), a ser duplicada por cada reincidência; e embargo e/ou interdição de estabelecimentos.
Orientações
A Sespa sempre orienta o uso de máscaras, em vias e logradouros públicos, para circulação em espaços públicos e privados acessíveis ao público, em vias públicas e em transportes públicos coletivos, conforme determinado nos dispositivos legais.
A Secretaria afirma ainda que tem realizado, por meio do Departamento de Vigilância Sanitária, ações de fiscalização do cumprimento dos dispositivos legais e tem notificado os estabelecimentos que os descumprem.
“Até o momento, não foi aplicada nenhuma multa, somente advertências, pois, no primeiro momento, as ações foram de cunho orientativo. A partir de 2021, as ações já terão caráter fiscalizatório com aplicação das sanções legais”, frisa a Sespa.
O órgão estadual ressalta que o cumprimento das recomendações de distanciamento social, de higienização das mãos e do uso adequado de máscara “ainda são as medidas mais efetivas na prevenção da covid-19, mesmo com o início da campanha de vacinação e quem foi vacinado deve continuar seguindo estas recomendações”.
Palavras-chave
COMPARTILHE ESSA NOTÍCIA