Ufra projeta ocorrência de 182.096 casos e 6.168 mortes pela covid-19 no Pará até terça (25)
Lago do Tucuruí, Tapajós e Xingu estão em situação mais sensível. Há tendência de crescimento de mortes em Oriximiná, Xinguara, Muaná, Tomé-Açu, Itaituba e Cametá

Até a próxima terça-feira (25), o estado do Pará conta com projeção para ocorrência de cerca de 182.096 casos confirmados acumulados da covid-19, doença ocasionada pelo novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2). Além disso, devem ocorrer em torno de 6.168 óbitos, de acordo com a 12ª edição do Boletim Covid Pará, lançado no último dia 14, no site da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra). O estudo alerta ainda que, das 13 regiões de saúde do Estado, três ainda estão em situação mais sensível: Lago do Tucuruí, Tapajós e Xingu. E aponta que isto se deve pela tendência de aumento nos óbitos ou pela capacidade reduzida de leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Destas regiões, o boletim revela que a região do Lago do Tucuruí é a que merece mais atenção, pois existe tendência de aumento na demanda por leitos de UTI, até dia 25 deste mês. Das 40 cidades monitoradas pelo estudo, seis ainda precisam de atenção redobrada por apresentarem tendência de crescimento no número de óbitos, nos próximos 14 dias. São elas Oriximiná, no oeste; Xinguara, no sudeste; Muaná, na ilha do Marajó; Tomé-Açu, no nordeste; Itaituba, no sudoeste; e Cametá, no Baixo Tocantins.
Todavia, segundo ainda explicam os membros do estudo, Marcus Braga, que é doutor em Bioinformática e professor de Inteligência Computacional da Ufra e líder do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada, e Gilberto Nerino, doutor em Engenharia Elétrica e professor de Computação da Ufra e pesquisador do Núcleo de Pesquisas em Computação Aplicada, existem diferentes pandemias no Estado e elas ocorrem em diferentes momentos. "Agora, vamos falar da situação atual. O mais novo boletim apresenta números que apontam para a continuidade na tendência de estabilização de óbitos e de casos confirmados, quando se fala do Estado como um todo", destaca Braga.
A previsão é que os casos confirmados acumulados devem chegar a 182.096, em média, e os óbitos confirmados acumulados a 6.168, em média, no Pará, até terça (25). "Vale a pena observar que os óbitos que ainda estão ocorrendo no Estado, em sua maioria, correspondem aos pacientes já internados em condições graves e que ainda ocupam os leitos de UTI, pois, como se observa, o número de internações vêm caindo constantemente desde junho", enfatiza Gilberto Nerino.
Nerino destaca que, em se tratando especificamente da região de saúde Metropolitana I, que abrange Ananindeua, Belém, Santa Bárbara, Marituba e Benevides, o boletim prevê "a continuação da estabilidade que vem ocorrendo, com uma curva de casos acumulados que cresce de forma suave e uma curva de óbitos com tendência a estabilidade no patamar baixo".
Estudo é feito a partir de dados oficiais da Sespa
Desde a 11ª edição, o material faz projeções para duas semanas sobre o comportamento da pandemia no Estado e as 13 regiões de saúde do Pará, tanto dos casos casos confirmados acumulados quanto de óbitos da covid-19, a partir de dados oficiais da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa).
De acordo com a Sespa, o Pará soma 5.945 mortes e 178.375 casos confirmados, até 18h deste domingo (16). "Em abril, o estudo previu que o pico de óbitos seria em maio. Segundo os dados da Sespa, o pico de mortes por covid-19 no Pará ocorreu entre os dias 5 e 16 de maio. Para aquele período, a média móvel de óbitos foi de 111. Neste último domingo (16), tivemos uma média móvel de óbitos de 4,41 - o que demonstra a situação de queda dos números", explica Marcus Braga.
O boletim da Ufra é elaborado em parceria com a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em colaboração com pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade do Estado do Pará (Uepa), por meio de equipe multidisciplinar, composta por especialistas em modelagem computacional, modelagem matemática, inteligência computacional, virologia, infectologia, genética, medicina, enfermagem e fisioterapia.
Método do estudo
O modelo utilizado no boletim se baseia na técnica de Redes Neurais Artificiais para fazer previsão de curto prazo (14 dias) do número de casos acumulados, óbitos acumulados, casos confirmados nas últimas 24h e óbitos confirmados nas últimas 24h. O boletim também apresenta previsões sobre a demanda de recursos hospitalares. Nesta 12ª edição as nove regiões de regulação de leitos no Pará contam com previsões, até 25 de agosto, tendo o total de 241 leitos de UTI e 716 leitos comuns, 131 médicos, 37 fisioterapeutas, 146 enfermeiros e 315 técnicos de enfermagem.
Ainda segundo os pesquisadores Braga e Nerino, o método usado modela fenômenos presentes a partir de dados passados para tentar estimar o comportamento futuro e é amplamente utilizado em previsões epidemiológicas no mundo todo. "A projeção de tendências é então feita a partir da série histórica dos dados que, se processados em tempo hábil, podem prover informações relevantes e auxiliar a tomada de decisão do poder público, bem como ajudar na alocação eficiente de recursos", afirma o doutor em Bioinformática.
Os boletins trazem estas previsões para as 13 regiões de saúde do estado e para 40 municípios, num período de 14 dias à frente. Como forma de exemplificar a média de acerto deste sistema, Braga toma os dados previstos e ocorridos para 16 de agosto. Para casos acumulados, foi previsto no Boletim no 12 o total de 174.147. E, segundo a Sespa, ocorreram 178.375. Assim, o percentual de acerto (acurácia) de 97,62%. Para óbitos acumulados, foi previsto no Boletim no 12 o total de 6.011. E, segundo a Sespa, ocorrem 5.945. Isso resulta no percentual de acerto de 98,89%.
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