‘O Brega é do Pará’: artistas paraenses reagem a título concedido a Recife

Cantores como Wanderley Andrade, Kim Marques e DJ Dinho criticam projeto de lei que reconhece a capital pernambucana como Capital Nacional do Brega

Matheus Viggo

A aprovação do Projeto de Lei 2.521/2021 pela Comissão de Educação e Cultura (CE) do Senado Federal provocou polêmica entre artistas paraenses. O texto, de autoria do deputado federal Felipe Carreras (PSB-PE), concede a Recife (PE) o título de Capital Nacional do Brega e teve parecer favorável do senador Humberto Costa (PT-PE). A decisão é terminativa e, se não houver recurso para votação em Plenário, seguirá diretamente para a sanção do presidente da República.

No entanto, nomes importantes da cena brega paraense se manifestaram contra a decisão, afirmando que Belém é o verdadeiro berço do brega no Brasil, tanto pelo desenvolvimento musical quanto pela valorização do estilo ao longo das décadas.

“Belém é um berço desse ritmo, haja vista que, sempre o Brega foi tocado e muito valorizado pelos paraenses. Aqui já foi até sancionado como patrimônio cultural e material do Estado. As nossas aparelhagens sempre tocaram esse ritmo desde os anos 60, 70, 80 e até os dias de hoje. Aqui o Brega já passou por várias transformações e por isso temos várias vertentes!”, afirmou DJ Dinho, da aparelhagem Tupinambá.

Dinho também destacou o papel de Reginaldo Rossi, ícone pernambucano do brega, e como ele foi amplamente abraçado pelo público paraense. “O próprio Reginaldo Rossy que é pernambucano, mas lá eles nem davam muito ênfase pelo trabalho dele, muitas vezes era tachado lá como cafona, no entanto após a sua partida ali por 2013 já passaram a valorizá-lo mais! E aqui nós paraenses sempre valorizamos o trabalho dele, por conta disso ele fazia questão de máxificar o trabalho dele primeiro por aqui, na verdade Recife só tinha ele como referência e aqui nós sempre tivemos dezenas de nomes.” Ele completa: “Então, podemos provar sim que Belém é a verdadeira capital nacional do Brega, mas vejo isso como uma questão política, ou seja cabe as nossas autoridades questionar e contra por essa tal indicação de Recife”.

O cantor Wanderley Andrade também se pronunciou sobre a polêmica. “Olha, para começar, eu acho que o Pará e o Pernambuco têm uma coisa em comum, que é exatamente esse ritmo maravilhoso que é o nosso, abre aspas, brega, fecha aspas, que de brega não tem nada. São músicas românticas, músicas que retratam o cotidiano, que falam de amor, que falam de determinado comportamento amoroso ou apelo amoroso, que vamos partir do princípio de que eu tive o privilégio de ser amigo de um dos maiores de todos os tempos, Reginaldo Rossi”, contou.

O cantor e produtor Kim Marques também se manifestou duramente: “Eu vi com muita surpresa esse título dado a Recife, mas eu há muito tempo venho falando sobre o quanto a gente vive 100% em cima de uma demagogia muito forte aqui no estado do Pará, onde a gente sempre é procurado na hora que há uma necessidade real de ter uma ligação direta com o povo. Você quer falar com o povo e chama um cantor de brega, mas na hora de dar valor, na hora de realmente ver o quanto o brega sempre teve respeito pelo povo, sempre teve carinho pelo povo. É muito difícil.”

Para ele, Recife soube transformar o brega em mercado e política pública, enquanto o Pará ainda trata o gênero de forma paliativa. “Recife viu, Recife viu, que hoje o brega ele é música brasileira, o Brega não é música só do Pará, é música brasileira, porque os artistas saíram para fazer sucesso no Brasil e Joelma, como a banda Calypso, foi o maior sucesso disso e que provou isso para todo mundo”, finalizou.

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