Uepa debate possibilidade de processo seletivo especial para quilombolas e criação de cotas raciais

Professor Aiala Colares media audiência pública no próximo dia 23

Caio Oliveira
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No próximo dia 23 de junho, a Universidade do Estado do Pará (Uepa) realiza uma consulta pública virtual com objetivo de debater a criação de políticas afirmativas de inclusão de grupos vulneráveis no ensino superior. O debate irá contar com a presença de diversos representantes do movimento negro, quilombolas e de indígenas, com a mediação do professor Aiala Colares, coordenador do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros (Neab) e diretor lotado na Pró-Reitora de Extensão (Proex).

 

Segundo o professor Colares, a Uepa está empenhada em se equiparar às demais instituições de ensino superior no que diz respeito à diversidade. “As quatro universidade públicas federais existentes no Estado -  Ufopa, Unifesspa, UFPA e, mais recentemente, a UFRA - já promovem políticas de ações afirmativas que incluem as populações indígena e quilombola. A Uepa ficou para trás nesse debate, então, a gestão que assumiu nesta semana e vai até 2025 resolveu construir diretrizes para poder entrar nesse debate”, explica.

 

Para que o diálogo seja amplo, o professor Colares explica que a audiência do próximo dia 23 será pautada por três eixos: a discussão do processo seletivo especial quilombola; o debate da possibilidade de um processo seletivo através das cotas raciais; e a apresentação da experiência indígena no ensino superior, com a presença do Núcleo de Formação Indígena (NUFI). “Nós já temos um curso de licenciatura intercultural indígena na Uepa, e o relato deles será útil para nós. Além disso, hoje, na Uepa, 64% dos alunos são alunos vindos da escola pública. Com base nesse dado, vou tentar saber qual o percentual que se declaram pretos e pardos, a população negra, para ver se há a possibilidade de criar a cota racial”, conta Aiala Colares.

 

Além das dificuldades naturais para que haja compensação para setores da sociedade historicamente negligenciados, o professor destaca que o principal obstáculo é a resistência de vários grupos, que chegam a praticar atos criminosos. O link para a audiência pública, por exemplo, será limitado e divulgado um pouco antes do início da transmissão, para tentar evitar que a invasão promovida por grupos extremistas se repita. “Sabemos do contexto que a gente vive: nem todo mundo é favorável. Vai ter resistência, a gente sabe disso”, lamenta o professor.

 

Além do NUFI, participam da consulta alguns movimentos importantes com histórico de luta no Pará. “Convidamos o Cedempa (Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará), e a professora Zélia Amador de Deus foi convidada ao debate, para compartilhar a experiência da UFPA, porque ela esteve à frente do processo. Convidamos também a Malungu, um movimento quilombola, regional, uma articulação de todas as comunidades quilombolas tituladas aqui no Pará, que são mais de 300. Nosso Estado é o quarto que mais tem comunidade quilombolas, somente atrás da Bahia, Maranhão e Minas Gerais”, se orgulha Aiala. “Essa é só uma das etapas das políticas de inclusão. Há outros pontos no projeto que vamos construir ao longo do processo, como a possibilidade da inclusão de refugiados. Surgiu essa necessidade de incluir outros grupos sociais vulneráveis do Estado do Pará, e nós temos essa responsabilidade como universidade pública”, projeta o professor.

 

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