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Testemunha diz que trecho de depoimento contra brigadistas foi em 'tom de brincadeira'

Em entrevista a programa de rádio de Santarém, militar da reserva Jean Carlos Leitão esclareceu depoimento prestado à Polícia Civil

João Thiago Dias
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O militar da reserva e integrante da Associação dos Reservistas de Santarém (Ares), no Pará, Jean Carlos Leitão, que também é presidente do Instituto Cidadão Pró-Estado do Tapajós (ICPET), afirmou que a suspeita relatada à Polícia Civil do Estado, que ajudou a linha de investigação responsabilizando brigadistas voluntários de Alter do Chão (PA) pelos incêndios do dia 15 de setembro na região, foi dita originalmente “em tom de brincadeira”. A declaração foi divulgada na manhã desta quinta-feira (26), em entrevista gravada para o programa Cartas na Mesa, da rádio Guarany FM, de Santarém.

Na última segunda-feira (23), em matéria do jornal Folha de S.Paulo edição online, foi divulgado que a conclusão do inquérito da Polícia Civil que acusa os brigadistas Daniel Govino, João Victor Romano, Marcelo Cwerner e Gustavo Fernandes de terem causado incêndios em Alter do Chão foi feita a partir de depoimentos de pessoas ligadas a militares da reserva e a proprietários rurais da região. Além do quarteto, que chegou a ser preso por dois dias, o final do relatório indicia também um quinto brigadista voluntário, Ronnis Repolho Blair. 

Entre os depoentes estão dois caseiros de proprietários rurais das regiões incendiadas e quatro pessoas que declaram vínculo com a Ares, de onde teria partido a suspeita contra os brigadistas, segundo os depoimentos. No entanto, segundo a matéria da Folha, por meio do blog de Ana Carolina Amaral, que teve acesso ao relatório final do inquérito, não há provas e os depoentes não são testemunhas oculares do crime investigado. 

Dentre esses depoentes está Jean Carlos Leitão, que é mencionado na reportagem por meio da citação “O declarante e membros da Ares comentaram ‘será que não foram esses caras que botaram fogo?’, em razão de que não viam os brigadistas com drones e esses pareciam sempre saber onde estavam os focos de incêndio”.

Ao programa da rádio Guarany FM, Jean esclareceu que a citação usada na matéria fez parte de um momento de descontração. "Com base no meu depoimento, mas eles pegaram uma frase, pow, do meu depoimento. Uma frase que eu disse, que a gente tava lá, conversando entre nós, e surgiu essa conversa lá no meio do pessoal: ‘será que não foram esses caras que tocaram fogo aí?’. E foi até em tom de brincadeira que todo mundo tava num momento de descontração. Aí eles pegam isso e dizem que isso é uma acusação. Isso não é acusação, Ninos [radialista], se sabe disso, cara. Acusação é outra coisa. Acusação se eu tivesse dito, no meu depoimento: 'foi esses cara que tocaram fogo aqui'. Entendeu? Não foi isso. O que eu disse é que todo mundo tava comentando: 'será que não foram eles?'. Foi isso”, afirmou.  

O militar da reserva contou à produção do programa de rádio que não procurou a polícia para acusar os brigadistas. "Eu fui depor porque a Polícia Civil veio aqui atrás de mim, entendeu? Eu tava no instituto quando uma, foi uma delegada que me ligou até, acho que era uma delegada". disse. "E eles vieram conversar comigo, dizendo que eu tinha sido citado no depoimentos dos que foram antes de mim, né, do pessoal que tinha ido lá, lá da associação, da Ares. E eles citaram o meu nome, dizendo que eu estava lá junto com eles", detalhou. 

Indagado se acredita que os brigadistas tenham cometido o crime, Jean disse que não pode fazer acusação. "Eu não sei, não tenho absolutamente ideia, entendeu? Se foi criminoso, não foi criminoso. Inclusive, no meu depoimento, deixo isso muito claro. Eu não tenho envolvimento algum nessa questão de afirmar, ate porque eu não vi. O que eu não vejo, não tenho como afirmar nada em relação a isso. O que eu disse foi o que aconteceu lá quando a gente tava e a impressão que eu tive das coisas que estavam acontecendo ali, das coisas que eu vi, só isso, não teve nada além disso".

O depoimento dele, das outras três pessoas ligadas à Ares e ainda dos dois caseiros são listados como de "extrema relevância" para "inferir que a responsabilidade da ocorrência de focos de incêndio na APA de Alter do Chão encontra esteio na atuação de integrantes da Brigada de Alter do Chão", segundo o relatório de conclusão do inquérito da Polícia Civil.

A defesa dos brigadistas

A reportagem da Redação Integrada do Grupo Liberal procurou a defesa dos brigadistas, representada pelo advogado Michell Durans, para apurar o que será feito diante da declaração de Jean Carlos Leitão. "Estamos avaliando a declaração, mas, de pronto, já houve recurso por parte da defesa, questionando, inclusive, o indiciamento deles na conclusão do inquérito policial", explicou o advogado.

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