Tempestades que afetaram a Bahia e Minas Gerais podem ocorrer no Pará, dizem especialistas
No entanto, caso isso acontecesse, os estragos seriam bem menores, pois o estado é geograficamente mais plano e não possui regiões muito acidentadas e montanhosas

As chuvas que caíram no sul da Bahia e no norte de Minas Gerais na última semana, deixaram pelo menos nove pessoas mortas e outras 3.700 desabrigadas. Até a manhã do último domingo (12), o governo baiano já havia reconhecido situação de emergência em 25 municípios. Especialistas afirmam que os fenômenos naturais que resultaram nas tempestades e enchentes na região podem, sim, ocorrer no Pará. No entanto, os estragos provavelmente seriam bem menores, já que o Estado é, geograficamente, mais plano e não possui regiões muito acidentadas e montanhosas.
O meteorologista Sidney Abreu, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que o fenômeno da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) teve grande influência nas tempestades que deixaram dezenas de cidades debaixo d'água na Bahia e em Minas Gerais. "Lá teve muitos alagamentos porque o volume de chuva foi bem intenso e, por ser uma região muito acidentada em termos de geografia, qualquer chuva intensa gera um transtorno grande", diz o especialista.
Ele afirma, no entanto, que esse fenômeno já se desconfigurou nesta segunda-feira (13), o que deve diminuir as chances de que ocorram novas chuvas tão devastadoras como as que caíram na região na semana passada. Mas ainda há previsão de chuva para a região de Minas Gerais nas próximas 48 horas, com alerta para a região do Triângulo Mineiro — Uberlândia, Uberaba, Araguari, Frutal e Ituiutaba —, onde pode chover mais intensamente.
Riscos no Pará
O meteorologista José Raimundo Abreu, também do Inmet, explica que quando ocorre o fenômeno da ZCAS, a região sul do Pará costuma sofrer uma instabilidade climática que pode resultar em chuvas intensas. No entanto, como a ZCAS que atingiu a Bahia e Minas Gerais já se desfez, as chances diminuem. Mesmo assim, a previsão é de que o mês de dezembro seja bastante chuvoso, também por conta de outro fenômeno, o La Niña, que consiste na diminuição da temperatura da superfície das águas do Oceano Pacífico Tropical Central e Oriental.
"É muito provável que a ZCAS esteja descendo do Amapá pro Marajó, e deve chegar aqui no Pará. Então o paraense aqui em Belém pode esperar, além das chuvas normais, uma tempestade mais acentuada, devido à muita umidade e ao oceano atlântico. Nós estamos no período de La Niña, que aumenta as chuvas da região no norte e aqui no Pará, então tudo indica que tenhamos um mês também acima da média, como o mês de novembro, que foi muito chuvoso. E dezembro deve ser semelhante, com poucas diferenças", alertou José Raimundo Abreu.
Mesmo assim, caso essas chuvas intensas cheguem ao Pará, o especialista afirma que não há motivos para pânico, já que a região é mais plana e os transtornos seriam menores. "Lá, por ter uma geografia muito acidentada, de muitas montanhas e planícies, o transtorno é maior, porque você não tem uma infiltração no solo, a água não percorre. Ou seja, ela corre sobre a superfície, devido a grandes áreas de encostas, e aí a gente tem arrastamento de carros, quedas de encostas com obstrução das vias, etc. São impactos diferentes", concluiu o especialista.
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