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Ser astronauta é ver o futuro nas estrelas

Amor pelos astros instiga jovens e adultos no Pará neste 9 de janeiro, Dia do Astronauta

Eduardo Rocha / O Liberal
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Entre as metáforas na letra da clássica canção “Rocket Man”, da dupla Elton John e Bernie Taupin (revisitada por Elton e Dua Lipa), é mostrada a solidão e o esforço de um astronauta na imensidão do espaço. De fato, a tenacidade e o empenho desses profissionais destemidos têm contribuído com as pesquisas científicas e fazem com que nunca saia de órbita o sonho de muita gente em aprender com a Astronomia e também ser um astronauta, ou seja, ir o mais longe possível para conhecer o Universo.

Neste domingo (9) comemora-se o Dia do Astronauta, um personagem incentivador da pesquisa do conhecimento. No Brasil, a data funciona como homenagem à Missão Centenário, da Agência Espacial  Brasileira, em 2006. Realça, também,  a viagem do então tenente-coronel aviador da Força Aérea Brasileira (FAB), Marcos Cesar Pontes, atual ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), para a Estação Espacial Internacional. Pontes tornou-se, então, o primeiro astronauta brasileiro a ir ao espaço.

Em Belém, um jovem morador do bairro do Jurunas, aos 15 anos de idade, ainda não decidiu qual curso superior pretende cursar. Mas já sabe de antemão em que área pretende atuar. “Eu ainda não me decidi sobre a minha futura profissão, mas tenho certeza que quero algo relacionado ao espaço!”, revela Antony Davi Costa de Sena. Ele vai cursar o 1º ano do Ensino Médio em 2022. Antony tem uma relação ascendente com a Astronomia, como ele próprio conta. 

“Para mim, a Astronomia é uma porta para conhecer o universo, através dela eu exploro minha curiosidade e  tento entender o Cosmos.

Eu comecei na Astronomia em 2017, durante um evento no Portal da Amazônia, onde houve sessões de planetário itinerante e foram distribuídos planisférios, que são cartas celestes ( "mapas" das constelações no céu ). Neste dia, eu reconheci uma constelação no céu pela primeira vez, o que despertou minha curiosidade sobre o assunto. Desde então, continuo estudando, pesquisando e buscando cada vez mais coisas sobre Astronomia”, destaca.

Na quarta-feira (5), ele seguiu viagem para Brasília (DF), a fim de participar do curso de astronauta análogo, na estação espacial análoga Wogel Spacelab. durante dois dias> Lá, irá participar do treinamento de astronauta análogo. Após o curso, de 8 a 10 de janeiro, ele  receberá o certificado de cadete astronauta. “Eu serei o primeiro cadete astronauta do Pará”, afirma, maravilhado, Antony.

Este é um novo momento na vida do adolescente, entre outros relacionados à Astronomia. “Nos últimos dois anos, eu conquistei alguns feitos na Astronomia, entre eles: 2 medalhas na Olímpiada Brasileira de Astronomia; 2 medalhas na Mostra Brasileira de Foguetes; a descoberta de 6 asteróides. Além disso, eu participei de diversos cursos sobre Astronomia fundamental e avançada”, revela. Em agosto de 2021, Antony foi comunicado de que lhe seria entregue  o  certificado emitido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e o International Astronomical Search Collaboration (IASC/NASA), por ter descoberto um asteroide (pequenos corpos rochosos que têm órbita definida ao redor do Sol), nas imagens captadas por um telescópio de 1.8 metros pertencente à Universidade do Hawai, o Astrometrica.

Antony afirma que a experiência em Brasília mostra-se como fundamental para o futuro dele na Astronomia “e, quem sabe, em uma carreira como engenheiro aeroespacial ou astronauta”. Sobre a contribuição de um astronauta para a sociedade, Antony Davi não titubeia para se expressar: “A contribuição de um astronauta para a humanidade é enorme, tanto falando de ciência quanto falando de inspirar pessoas; são cientistas corajosos que conduzem experimentos e constroem uma estrada para nosso futuro nas estrelas”.

 

UFPA tem mais de 100 estudantes no Núcleo de Astronomia

No Núcleo de Astronomia da Universidade Federal do Pará (Nastro UFPA), mais de 100 estudantes de cidades de fora do Estado têm assistido a aulas online, em preparação a eventos nesta área do conhecimento. Em breve, deverão ser retomadas programações de observação de astros, suspensas por conta da pandemia da covid-19.

O fundador e coordenador do Nastro, professor Luiz Carlos Crispino, destaca a Astronomia foi extremamente importante na história da humanidade, “estando diretamente relacionada com nossa capacidade de planejar o futuro, incluindo a sequência das estações do ano, o momento adequado para o plantio e para a colheita, etc”. 

Para além destas questões práticas, como frisa, “a Astronomia se relaciona com a nossa própria origem e com o fato de estarmos ou não sozinhos no Universo”. “O cálcio e o ferro, que existem em abundância em nosso corpo, por exemplo, foram formados em explosões estelares ocorridas muito tempo atrás e muito longe da Terra. Por isso, hoje sabemos que somos, neste sentido, "filhos das estrelas". Em relação à possibilidade de existência de vida fora da Terra, hoje sabemos da existência de milhares de exoplanetas (planetas localizados fora do Sistema Solar, orbitando outras estrelas). Falta agora descobrir se em algum ou alguns destes planetas existe vida, ou mesmo vida inteligente, como é o caso da Terra”, acrescenta.

Os astronautas, como destaca o professor, destacam-se pelas façanhas impressionantes que realizaram, como, por exemplo, as viagens tripuladas à Lua e a missão corretiva do telescópio espacial Hubble, o qual proporcionou um grande avanço na compreensão do Universo, além de belíssimas imagens, tendo a elas agregado um enorme valor científico. 

Uma das atividades realizadas por astronautas é a condução de experimentos científicos fora do ambiente da superfície da Terra, a bordo de estações espaciais que orbitam nosso planeta. Como acontece aqui na Terra, no entanto, também no espaço as operações têm sido robotizadas, com a redução da necessidade da atuação humana. "Vale destacar que a possibilidade de uma missão tripulada à Marte certamente reacende a chama iniciada com a viagem do homem à Lua”, destaca o professor Crispino.

 

Carreiras de astrônomo e astronauta são distintas

O professor Crispino explica que as carreiras de astrônomo e astronauta são bastante distintas, em geral. Via de regra, um astrônomo se forma a partir de um curso de graduação em Física ou diretamente em Astronomia. O número de cursos universitários de Astronomia é bem menor que o de Física. “Por exemplo, não há um curso de graduação em Astronomia em toda a Amazônia. A carreira de um astronauta normalmente está associada à carreira de um piloto de aeronaves, como é o caso do astronauta brasileiro Marcos Pontes”, pontua.

No entanto, a astronomia e os astronautas não saem de cena.  Paralelamente ao encerramento das atividades dos ônibus espaciais da NASA, a iniciativa privada iniciou a oferta de serviços de turismo espacial, “o que tem ganhado certo destaque, embora o valor cobrado para uma pessoa realizar uma viagem espacial acaba restringindo esta possibilidade para pouquíssimos indivíduos”. 

Por não haver um curso de graduação em Astronomia ou em Astronáutica na Amazônia, o Nastro destaca-se também por oferecer aulas gratuitas, que funcionam como preparação para a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA). Esse evento é organizado conjuntamente pela Sociedade Astronômica Brasileira (SAB) e pela Agência Espacial Brasileira (AEB). Durante estas aulas, são apresentados, por exemplo, os diferentes tipos de foguetes, tripulados ou não, a estação espacial internacional e outros itens. “Neste contexto, o sonho de ser um astronauta pode crescer muito nos estudantes, como é o caso do Antony Davi, que é aluno do curso preparatório do Nastro”, finaliza o professor Crispino.

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