Semas interdita empresa em Abaetetuba por poluir rio com fezes e urina de gado
Rio Curuperê estava recebendo excrementos sem tratamento, o que adoeceu quem depende da água,já historicamente poluída
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) interditou a empresa multinacional Minerva Foods S.A, que fica no quilômetro 12 da rodovia PA-151, em Abaetetuba. O motivo é que a empresa construiu e utilizou, sem autorização do órgão estadual, uma vala para escoar os dejetos dos animais no meio ambiente. Os excrementos sem tratamento chegaram ao rio Curuperê.
Além da interdição, por conta da poluição dolosa ao meio ambiente, a Semas expediu outros dois autos de infração contra a empresa. As autuações são por descumprimento de condicionante de licença ambiental e por exercer atividade em desacordo com a licença de operação. Cada multa, por lei, pode chegar a R$ 5 milhões.
Só falta o resultado da análise da água contaminada, para a confirmação técnica de poluição. Caso seja confirmada, a empresa pode receber uma terceira multa ambiental, levando a punição até o teto de R$ 15 milhões. A Minerva Foods S.A. tem prazo legal de 15 dias para se manifestar.
Contudo, moradores de Abaetetuba já reclamam, há algum tempo, que a qualidade da água — já historicamente afetada pela poluição de mineradoras — piorou: passou a ter o fedor de fezes e urina de gado. O consumo levou várias pessoas a adoecer. A estimativa de moradores da área, sem uma confirmação da fonte da informação, é de que sejam mais de 200 toneladas de excrementos diários.
A Minerva Foods S.A., na ocasião de dois protestos, um em 16 de abril e outro no dia 30, negou qualquer poluição ao rio. O protesto foi de comunidades ribeirinhas do rio Curuperê e próximas. Ao todo, pelo menos 400 famílias são afetadas diretamente. A empresa, a segunda maior do segmento de carne bovina do Brasil, ainda não se manifestou sobre as punições aplicadas pela Semas. A Redação Integrada de O Liberal aguarda posicionamento.
O Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) já havia recebido pelos menos duas denúncias formais sobre essa poluição direta ao rio Curuperê, causada pela Minerva Foods S.A. Técnicos e promotores de justiça chegaram a fazer uma fiscalização na empresa.
No naufrágio do navio Haidar, em Barcarena, em outubro de 2015, havia bois da Minerva Foods S.A. A empresa foi incluída na lista de réus no processos. A fazenda onde a multinacional funciona foi instalada há sete anos.
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