CONTINUE EM OLIBERAL.COM
X

Pará lidera internações por envenenamentos na região Norte

Nos últimos 10 anos, Estado registrou 2.047 casos, havendo quase 200 internações de 2023 até agora

Dilson Pimentel
fonte

O Pará lidera, na região Norte, o número de casos de internações por envenenamento. Nos últimos dez anos,  a região Norte, embora com menor peso absoluto, somou 3.980 registros. O Pará ocupa o primeiro lugar (2.047 casos), seguido por Rondônia (936). E, nos últimos três anos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), o Pará registrou quase 200 internações por envenenamento.

Conforme dados do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do Ministério da Saúde, o Pará contabilizou 84 internações por envenenamento em 2023, outras 61 em 2024 e, somente no primeiro semestre de 2025, já foram 49 registros. A maior parte das internações ocorreu em razão da ingestão acidental de medicamentos e de outras substâncias não especificadas. Entre os municípios com mais casos estão Alenquer, Uruará e Marabá.

Ainda segundo a Sespa, os números também revelam a gravidade dos casos fatais. Os dados mais recentes de óbitos, referentes a 2023, apontam 12 mortes por envenenamento no Pará. A maioria foi provocada de forma intencional, por gases e vapores.

Nos últimos dez anos, o Brasil contabilizou mais de 45 mil atendimentos em emergências da rede pública relacionados a envenenamento que precisaram de internação. Os números mostram o registro de um caso a cada duas horas no país, segundo dados divulgados na segunda-feira (8), pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

Além de envenenamentos classificados como acidentais ou indeterminados, a Abramede aponta que 3.461 pacientes internados via Sistema Único de Saúde (SUS) sofreram intoxicação proposital causada por terceiros. Com base na série histórica, o país registrou média de 4.551 casos de envenenamento ao ano no período entre 2009 e 2024, informou, ainda, a Agência Brasil.

VEJA MAIS:

image Mulher morre após comer feijão supostamente envenenado que ela mesma serviu ao marido e ao enteado
Caso ocorreu em Minas Gerais e principal suspeita é que ela tenha envenenado a comida propositalmente

image Polícia conclui que marido e sogra mataram professora por envenenamento no interior de SP

Em Belém, o médico intensivista Luiz Felipe Santiago Bittencourt falou sobre os cuidados imediatos de primeiros socorros e o que deve ser feito antes da chegada ao hospital. Em primeiro lugar, chamar ajuda ligando para 192 (Samu), 193 (Corpo de Bombeiros) ou para o Centro de Informações Toxicológicas.

Em seguida, deve-se avaliar a segurança da cena. Se houver risco de exposição, para quem está socorrendo, ao agente nocivo, é preciso esperar a chegada de ajuda especializada. “Deve-se procurar afastar a vítima da possível fonte de intoxicação. Também deve-se reunir necessário reunir o maior número possível de informações sobre o ocorrido (qual substância foi ingerida ou inalada, quantidade e tempo de exposição) e procurar deixar a vítima calma e tranquila”, disse.

Se a vítima estiver consciente, não se deve provocar vômito nem fazê-la ingerir líquidos como água e leite, pois, além de não conseguirem neutralizar os efeitos da intoxicação, podem acelerar o processo de absorção em determinadas situações. “Se a vítima estiver inconsciente, deve-se verificar a respiração. E, se estiver respirando normalmente, deve ser deitada de lado para evitar que possíveis vômitos sejam aspirados e causem asfixia”, explicou o médico intensivista Luiz Felipe.

Se a vítima estiver inconsciente e com respiração anormal, medidas de suporte básico à vida, passíveis de serem conduzidas por socorrista leigo até a chegada de ajuda especializada, devem ser iniciadas - sempre com o cuidado de não entrar em contato com a substância que causou a intoxicação.

Principais causas

Ainda segundo o médico, os medicamentos, como analgésicos, anti-inflamatórios, antidepressivos e sedativos costumam ser as causas mais frequentes. Porém, produtos domésticos de limpeza, como alvejantes e detergentes, são causas importantes, sobretudo na população pediátrica. Os pesticidas aparecem como causa relevante principalmente em exposições ocupacionais. “Devemos sempre lembrar também da importância das drogas recreativas e do álcool como importante causa de intoxicação grave”, disse. Nos ambientes confinados, como garagens, a intoxicação por monóxido de carbono e gases tóxicos devem ser sempre lembradas.

De acordo com o levantamento, envenenamentos relacionados a drogas, medicamentos e substâncias biológicas não especificadas (6.407 casos), a produtos químicos não especificados (6.556) e a substâncias químicas nocivas não especificadas (5.104) aparecem no topo da lista. O estudo mapeou ainda as principais causas identificadas em episódios acidentais de envenenamento. Nesse recorte, envenenamentos por exposição a analgésicos e a medicamentos para aliviar dor, febre e inflamação lideram a lista, com 2.225 casos. Na sequência, aparecem episódios envolvendo pesticidas (1.830), álcool por causas não determinadas (1.954) e anticonvulsivantes, sedativos e hipnóticos (1.941).

Regiões do país

A distribuição geográfica mostra que o Sudeste concentra quase metade dos casos, com mais de 19 mil ocorrências em 10 anos. O estado de São Paulo responde, sozinho, por 10.161 registros, seguido por Minas Gerais (6.154). O Sul aparece em segundo lugar, com 9.630 atendimentos — sendo o Paraná (3.764)) e o Rio Grande do Sul (3.278 mil) os estados mais afetados. Já o Nordeste totalizou 7.080 casos, com destaque para a Bahia (2.274) e Pernambuco (949).

No Centro-Oeste, foram 5.161 internações por envenenamento, lideradas pelo Distrito Federal (2.206 casos) e por Goiás (1.876l). A Região Norte, embora com menor peso absoluto, somou 3.980 registros no período, liderados pelo Pará (2.047) e por Rondônia (936).

Ao analisar as 3.461 internações por intoxicação proposital ou causada por terceiros, novamente, a maioria dos casos se concentra na Região Sudeste, com 1.513 casos ao longo do período analisado. No entanto, as outras cinco aparecem com totais muito próximos: o Sul registrou 551 ocorrências, o Nordeste, 492 ocorrências, o Centro-Oeste, 470 ocorrências, e o Norte, 435 ocorrências.

Em números absolutos, ocupam o topo do ranking os seguintes estados: São Paulo (754 casos), Minas Gerais (500 casos), Pará (295 casos), Paraná (289 casos), Goiás (248 casos), Bahia (199 casos), Rio de Janeiro (162 casos) e Santa Catarina (153 casos). No outro extremo aparecem Amapá (16 casos), Sergipe (8 casos), Alagoas (4 casos), Acre (3 casos) e Roraima (1 caso).

Perfis das vítimas

Os dados trazem também informações gerais sobre o perfil das vítimas de envenenamento, seja proposital ou acidental, sendo que a maioria dos casos envolve homens (23.796 registros). Com relação à idade das vítimas, o destaque são adultos jovens com idade entre 20 anos e 29 anos, que respondem por 7.313 registros, e crianças de 1 a 4 anos, que concentram 7.204 registros. As faixas com menos casos são bebês com menos de 1 ano e idosos, com idade entre 70 e 79 anos (com 1.612 registros) e com 80 anos ou mais (968).

Em dezembro de 2024, três pessoas de uma mesma família morreram no município de Torres (RS) após consumirem um bolo contaminado com arsênio. A nora da mulher que preparou o bolo foi presa acusada de ter envenenado a farinha usada no alimento.

Em janeiro de 2025, uma refeição adulterada com inseticida e oferecida durante uma ceia de Réveillon na cidade de Parnaíba (PI) deixou nove pessoas intoxicadas, das quais cinco morreram em decorrência do envenenamento – incluindo um bebê de menos de 2 anos.

Orientações à população

Ainda sobre o tema, o médico repassou algumas recomendações:

Jamais hesitar em pedir ajuda especializada imediata.

Não subestimar a gravidade da situação.

Não utilizar “antídotos” populares (como ingestão de água e leite).

Buscar medidas simples de afastamento da vítima da fonte de intoxicação e ter especial e imediata atenção às vias de respiração da vítima.

Fonte: Médico intensivista Luiz Felipe

 

 

Assine O Liberal e confira mais conteúdos e colunistas. 🗞
Entre no nosso grupo de notícias no WhatsApp e Telegram 📱
Pará
.
Ícone cancelar

Desculpe pela interrupção. Detectamos que você possui um bloqueador de anúncios ativo!

Oferecemos notícia e informação de graça, mas produzir conteúdo de qualidade não é.

Os anúncios são uma forma de garantir a receita do portal e o pagamento dos profissionais envolvidos.

Por favor, desative ou remova o bloqueador de anúncios do seu navegador para continuar sua navegação sem interrupções. Obrigado!

RELACIONADAS EM PARÁ

MAIS LIDAS EM PARÁ