Rasga Mortalha: crença popular ameaça bem-estar de coruja

Tramita na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 4520/20 que endurece a pena para quem matar, perseguir, caçar, apanhar e utilizar sem permissão animais silvestres. A pena prevista na é reclusão de três a oito anos e multa.

O Liberal
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O Halloween já passou, mas os riscos com as corujas suindaras — conhecidas com rasga-mortalha — não passa nunca. Os diversos mitos da região amazônica que rondam a coruja da espécie Tyto furcata são muitos. As lendas que cercam esses animais são muito mais presentes nas regiões do norte e nordeste. O som emitido durante o voo é um timbre muito forte e acredita-se que quando ela passa pela área urbana, mau presságio e até morte pode ocorrer com quem está ali por perto.

Por conta dessas crenças, essas corujas são constantemente alvo de violência e preconceito popular. “As pessoas atiram pedras, dão tiro e provocam lesões que em sua maioria das vezes leva ao óbito desses animais. Nós já recebemos animais com traumas provocados por agressão, e ultimamente, temos recebido filhotes dessas corujas”, lamenta a professora Ana Silvia Ribeiro, coordenadora do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens (Cetras) da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra).

Ao contrário das crenças que ameaçam a preservação dessas espécies, a Suindara é essencial para o equilíbrio ambiental. A coordenadora complementa que é uma ave silvestre do topo da cadeia alimentar e são carnívoros. Se alimentam no ambiente natural de pequenos mamíferos, outras aves e insetos. A Coruja Rasga Mortalha está muito bem adaptada ao ambiente urbano e é uma importante controladora de roedores.

Além disso, também são considerados animais sinantrópicos, aqueles que se adaptaram a viver junto aos humanos. Por conta desses hábitos diários, muitas corujas acabam sendo vítimas de maus tratos. "Em 90% dos acidentes envolvendo animais, posso afirmar que são causados por questões humanas.  São tiros, linhas de pipa com linha de cerol e até mesmo pedradas. Também já recebemos até machucados feitos por tiro de arma artesanal", conta a professora Ana Silva.

 

Agredir um animal silvestre pode acarretar em multas

 

Se você encontrar um animal machucado,  é preciso avisar ou entregá-lo para o órgão ambiental do município. Em Belém,  a Secretaria de Meio Ambiente (SEMAS) é responsável pelo encaminhamento desse animal para o atendimento veterinário especializado. Ainda na capital, o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens (Cetras) e o Hospital Veterinário, ambos localizados na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), também são capacitados para recolhimentos desses animais.

“Se o animal estiver saudável e estiver em forro do prédio ou algum outro estabelecimento predial, deve ser chamado o corpo de bombeiro, o IBAMA, a Semas, para providenciarem a retirada do animal, que muitas vezes está com ninho e filhotes”, explica a professora.

Existe um projeto de lei que tramita pela Câmara dos Deputados que tem o objetivo de endurecer a lei vigente no artigo 32, da Lei nº 9.605/1998, a Lei do Meio Ambiente. Nela, consta que praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, é passível de detenção, de três meses a um ano, e multa.

 

(Karoline Caldeira, estagiária sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades)

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