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Psicólogo orienta sobre como conversar com as crianças sobre a pandemia e as mortes por covid-19

Explicar a necessidade de distanciamento social e até a morte de parentes e amigos é necessário para amenizar as dores emocionais vivenciadas neste período

Andreia Espírito Santo
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Com a pandemia do novo coronavírus, a rotina das crianças se alterou. Agora, elas ficam em casa, com os pais, seguindo o isolamento social. Elas fazem parte de um grupo no qual a taxa de infecção é menor do que em adultos. No entanto, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que os cuidados sejam os mesmos, até porque há o indicativo que muitas podem ser assintomáticas e mesmo assim transmitir a doença.

Por isso, conversar com as crianças sobre o assunto é fundamental para que entendam o que está ocorrendo e porque necessitam ficar em casa. O psicólogo Reno Mendes orienta sobre como pode ser essa conversa e o que pode ser feito para distraí-las.

“Falar para uma criança que é necessário estar distante de um tio, primo ou qualquer outra pessoa que ela tenha afeição, pode ser um desafio para muitos pais. Até porque nem os próprios pais sabem muito o que é viver esse isolamento, é uma novidade para eles também. É importante contextualizar com o mundo das crianças. A tecnologia pode ser usada através da chamada de vídeo para amenizar essa ausência. Isso vale para os parentes, amigos, avós, entre outros. Claro, com a supervisão dos pais. Se não puder ser uma chamada de vídeo, recorra a ligações (já que nem todos tem o acesso à tecnologia), e se não der por ligações, que tal ir para o mundo infantil? Sugerir a criança um desenho que faça lembrar das pessoas que ama, para quando puder reencontrá-las, entregar. Ou perguntar para a criança o que ela sugere para que o distanciamento não fique tão difícil”, orienta.

Outra questão importante é sobre qual o cuidado quando for contar para a criança ou para o adolescente sobre a morte de algum familiar por causa da covid-19. Reno Mendes esclarece que a forma de conversar sobre o assunto vai depender da faixa etária em que esses filhos e filhas se encontram.

“É necessário a temática da morte e da perda das pessoas constantemente estarem nos assuntos familiares. Como é um tema ainda bastante evitado, é importante desmistificar que a ideia da morte é um fracasso, que é como encaramos rotineiramente, e que não é. É o encerramento de um ciclo, e que faz parte da vida. Sendo assim, vivenciamos perdas rotineiras. Essas perdas acontecem de forma sutil, e que acabamos não orientando. A orientação gera suporte emocional também. Para uma criança é fundamental dizer que a pessoa faleceu e não dizer que ela descansou. Quando você fala isso para a criança, ela pode entender que a pessoa estava cansada e uma hora acordará depois desse descanso”, comenta.

Reno lembra que a relação dos pais com a morte pode influenciar em como será transmitido para a criança. Mas que é possível trabalhar essa questão.

“Acreditamos, como adultos, que as crianças não entendem a morte. Elas não vão entender como nós, mas vão entender da forma delas. A morte, dependendo de quem a comunica, pode assustar a criança. E quanto mais falarmos para as crianças que algumas respostas não teremos sobre aquele momento ou assunto, mais ajuda na ideia de que o morrer não é algo assustador. Também precisamos ver como nós adultos pensamos na morte e sobre ela e qual a forma que vamos transmitir aos filhos. Se a morte é algo desesperador para mim, existe uma grande probabilidade de transmitir esse desespero para os filhos e filhas. E assim poderemos ter uma criança que lida com as perdas da forma como aprenderam com seus pais. Precisamos compreender que a morte é uma experiência, e se formos chorar pela perda de alguém amado, chorar é legal, faz parte de honrar aquilo que foi vivido”, explica o psicólogo.

A servidora pública Jacqueline Rodrigues Miranda Duarte, de 31 anos, conversa sempre com a filha, Isadora Rodrigues Leite, de 8 anos, sobre a pandemia do novo coronavírus. 

“Desde o início nós tentamos esclarecer sobre a gravidade da doença e que o isolamento social é a única forma de prevenção. Ela tem sido muito compreensiva e sempre busca novas informações. Antes falava coronavírus e agora também fala covid-19. Ela sempre repassa para a avó os cuidados que ela viu na televisão quando se falam por telefone. A nossa comunicação e também da imprensa têm reforçado o consciente dela da gravidade da pandemia e as medidas que podemos adotar no momento para controlar a contaminação. Ela está bem consciente e tranquila, apesar de sentir saudade de todos”, conta.

Segundo Jacqueline, a filha passou por várias fases durante a quarentena. 

“Aqui em casa a quarentena teve várias fases. No começo ela sentia muita falta de sair. Com o passar do tempo, ela passou a sentir muita falta do contato com os familiares. Ela nem reclama mais por não ir ao shopping, ao clube, à escola. Mas sim em não ter contato físico com os familiares. Ainda teve a particularidade do pai dela trabalhar na área da saúde. Então desde que começou o isolamento social não está podendo vê-la. Eles se falam por chamada de vídeo há mais de dois meses e ela sente muita falta do pai”, relata.

Isadora também falou sobre como tem sido esse período de isolamento social. 

“No início achei que a quarentena fosse acabar rápido. Depois de dois meses, fiquei chateada porque eu queria ver as pessoas. Estou com saudade do meu pai, dos meus avós, de todas as pessoas. Mas eu peço que as pessoas fiquem em casa. Porque vai passar. E quando passar, todos vão poder se ver e estar com saúde”, comenta a menina de 8 anos.

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