Pobreza afeta 44,9% da população do Norte; região é a segunda mais pobre do Brasil

O percentual de domicílios do Brasil em situação de segurança alimentar caiu de 65,1%, em 2004, para 63,3% em 2018 e para 41,3% em 2021

Fabyo Cruz
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O Norte é a segunda região brasileira com a maior proporção de pessoas pobres em sua população, correspondendo a 44,9% dos seus habitantes. Os dados fazem parte da pesquisa Síntese de Indicadores Sociais (SIS): uma análise das condições de vida da população brasileira 2022, divulgada nesta sexta-feira (2), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro. A constatação está alinhada com os resultados do estudo de 2021.

Já a região Nordeste lidera o embaraçoso ranking com 48,7% da sua população. Em um panorama nacional, o país bateu recorde de pessoas em situação de pobreza e extrema pobreza em 2021. Ao todo, quase uma em cada três pessoas no país, o equivalente a 29,4% da população, estava em situação de pobreza até pelo menos o ano passado e quase uma a cada dez pessoas, 8,4% estava na extrema pobreza.

Até o ano passado, o Brasil tinha 62,5 milhões de pessoas em situação de pobreza, ou seja, com uma renda diária de menos de US$ 5,5 dólares por dia, e 17,9 milhões em situação de extrema pobreza, com renda diária de menos US$ 1,90 por dia, segundo os critérios do Banco Mundial. Tanto os números absolutos quanto as porcentagens são as maiores desde o início da série histórica, em 2012.

Não apenas os números são recordes como o aumento entre 2020 e 2021, em meio a pandemia de covid-19, também é. Nesse período, o contingente abaixo da linha de pobreza cresceu 22,7%, o que significa mais 11,6 milhões de pessoas nessa situação, e o das pessoas na extrema pobreza aumentou 48,2%, ou mais 5,8 milhões.

As crianças e adolescentes com menos de 14 anos são as maiores vítimas da pobreza. Até o ano passado, 46,2% dessa população estava abaixo da linha da pobreza, o maior percentual da série, iniciada em 2012.

Desigualdade

A pobreza não atinge igualmente todos os grupos sociais. A publicação mostra que a proporção de pretos e pardos, conforme a definição do IBGE, abaixo da linha de pobreza (37,7%), é praticamente o dobro da proporção de brancos (18,6%). Em 2021, o rendimento domiciliar por pessoa caiu para R$ 1.353, o menor nível desde 2012. e o Índice de Gini voltou a crescer e chegou a 0,544, segundo maior patamar da série.

O Índice de Gini é um instrumento para medir o grau de concentração de renda, apontando a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. O índice varia de zero a um, sendo que zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. Já o um significa o extremo da desigualdade, ou seja, uma só pessoa detém toda a riqueza.

Os 10% da população com os menores rendimentos tiveram a maior redução, perdendo em torno de um terço do rendimento entre 2020 e 2021. O mesmo grupo teve o dobro de perdas das demais classes de rendimento entre 2019 e 2021. No extremo oposto, os 10% mais ricos perderam, entre 2019 e 2021, 11,2% dos rendimentos e, entre 2020 e 2021, 4,5%.

Insegurança alimentar

A pesquisa SIS mostra, ainda, que aumentou a insegurança alimentar no país. Isso acontece quando as pessoas não têm acesso regular e permanente a alimentos em quantidade e qualidade suficientes para sua sobrevivência. O percentual de domicílios do país em situação de segurança alimentar caiu de 65,1%, em 2004, para 63,3% em 2018 e para 41,3% em 2021. 

No dia 14 de setembro deste ano, uma pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Penssan) apontou que o Norte lidera o ranking de domicílios com as formas mais severas de insegurança alimentar, ou seja, moderada ou grave, com 45,2% de  seus habitantes. Da população que convive com a fome na região, a maioria (2,6 milhões) está no Pará. A taxa de paraenses que não têm acesso a alimentos em quantidade suficiente é de 30%

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