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Pesquisa mostra que 28% dos pais avaliam que filhos precisam de reforço escolar

Na região norte, famílias de baixo nível socioeconômico são as mais afetadas. As séries iniciais de alfabetização são as que mais demandam por reforço.

Camila Guimarães e Laís Santana
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Uma pesquisa Datafolha, realizada em dezembro de 2021 com pais e responsáveis em todo o Brasil, avaliou a percepção da aprendizagem dos alunos que voltaram às aulas presenciais após o período de fechamento das escolas em razão da pandemia. Na região Norte, os dados apontam que 81% dos estudantes estão se sentindo animados com o retorno. Entretanto, aqueles com Nível Socioeconômico (NSE) mais baixo declaram maior necessidade de apoio e reforço escolar.

Segundo a pesquisa, essa necessidade foi observada em todo o país, uma vez que o reforço escolar foi escolhido como a estratégia prioritária na educação para os próximos dois anos, na opinião dos pais e responsáveis (28%). Porém, o percentual regional de famílias que têm recebido esse suporte nas escolas só chega a 38%. É o segundo menor índice do país, atrás somente do Nordeste (30%).

Para as famílias do norte, a alfabetização é o nível escolar que mais vai precisar de apoio. Já entre as disciplinas, os estudantes apontam que Português (77%) e Matemática (79%) são as matérias que mais vão demandar reforço.

A pesquisa revela que a principal estratégia que vem sendo executada nas escolas durante o retorno ao presencial ainda é o envio de orientações, por parte dos professores, sobre os conteúdos que serão repassados ou revistos. 81% dos estudantes da região norte afirmam que essas orientações são feitas por meio de whatsapp, uma vez quase metade dos estudantes entrevistados (46%) alegam não ter acesso à internet banda larga. Já o índice de estudantes com acesso a aparelho de celular com internet chega a 95%.

Essa dificuldade de acesso a computador ou notebook ligado à internet pode estar entre as razões para a grande aderência ao retorno presencial, uma vez que 42% dos estudantes entrevistados já voltaram plenamente às salas de aula, enquanto 22% ainda estão em ensino híbrido e apenas 31% ainda em formato totalmente remoto.

Apesar de pequeno o índice de pais ou responsáveis que afirmaram ter medo de seus filhos desistirem da escola (21%), o principal motivo é bastante expressivo: receio de não conseguir acompanhar as atividades no presencial (41%). “Conheço filho de outra pessoa que preferiu trabalhar a ter que ficar na escola. Já não está aprendendo mesmo, aí ele achou que era melhor só trabalhar. (...) Os meus filhos já estavam no ponto de falar: se o fulano parou de estudar, eu vou parar também”, comentou uma das participantes da pesquisa, cuja identidade foi preservada.

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Pesquisa revela desigualdade da educação brasileira, diz professora

Na avaliação de Josane Pinto, professora da Universidade do Estado do Pará (Uepa), a pequisa revela a desigualdade presente na educação brasileira, sobretudo na região Norte, e reforça a necessidade da figura do professor e a interação com os alunos em sala de aula. "Os alunos que se apresentam mais otimistas, mais animados, são aqueles que não tiveram tanta quebra da rotina com a pandemia porque tiveram acesso à internet, não sofreram tanto com o choque do ensino remoto, enquanto os alunos da escola pública mesmo com algumas iniciativas do governo, muitos alunos não tiveram acesso a internet, perderam conteúdo e não tiveram o desenvolvimento necessário. Com esse retorno nós temos a ênfase da necessidade da educação, da figura do professor em sala de aula e o quanto é importante essa interação", pontua. 

A especialista ressalta que a diferença da educação na região Norte para as demais regiões do país está no investimento destinado à área. "Por exemplo, o Pará ser em extensão muito grande, nem todos os municípios recebem o suporte de forma igualitária. Essa desigualdade se reflete mais nas regiões Norte e Nordeste. Nas outras, talvez por receberem mais recursos do Governo Federal, elas acabam tendo um maior apoio financeiro, fazendo com que a desigualdade social só aumente", ressalta.  

Neste momento de retorno as aulas, a professora ainda destaca a necessidade do suporte emocional aos alunos e a união entre escola e família. "Antes de tudo não é só o suporte em relação ao conteúdo, é também o suporte emocional que este aluno precisa. O aluno se encontra ansioso depois de muito tempo fora da sala de aula, ainda tem as preocupações relacionadas a pandemia. É um trabalho que ultrapassa a questão do ensino, as escolas devem trabalhar com o conteúdo, o reforço e também o emocional", acrescenta Josane Pinto. 

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