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Pará tem 23,5% de sua população obesa, segundo Ministério da Saúde; a maioria é mulher

A obesidade aumenta o risco de diminuição de expectativa de vida e torna as pessoas mais suscetíveis a doenças de um modo geral, quando comparado com o sobrepeso

Fabyo Cruz
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O Pará registrou 23,5% de pessoas obesas em 2022, sendo as mulheres a maior parte desse percentual, informou a Secretaria de Saúde Pública do Pará (Sespa), a partir de dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde (MS), à reportagem. A obesidade aumenta o risco de diminuição de expectativa de vida e torna as pessoas mais suscetíveis a doenças de modo geral, quando comparado com o sobrepeso. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define sobrepeso e obesidade baseando-se no Índice de Massa Corpórea (IMC) - peso dividido pela altura ao quadrado: se o resultado for entre 25kg/m² e 29,9kg/m² temos sobrepeso; e se maior ou igual a 30kg/m2, estamos diante da obesidade. Pesando 159kg, o paraense Eduardo dos Santos, 38 anos, segue lutando contra a obesidade mórbida. Em novembro do ano passado, ele entrou em contato com o Grupo Liberal para pedir ajuda e, depois disso, conseguiu iniciar um tratamento no Hospital Regional Jean Bitar, em Belém. Naquela época, chegou a pesar quase 300kg. 

“Saí do hospital dia 19 de dezembro, estou com o balão gástrico, vou tirar ele dia 15 de junho deste ano, durante a cirurgia bariátrica”, comentou Eduardo. O balão gástrico é uma técnica que consiste na colocação de um balão no interior do estômago para ocupar algum do espaço e promover a sensação de plenitude, de forma que o paciente não sinta necessidade de se alimentar demais ou com bastante frequência, o que favorece a perda de peso. “Minha vida melhorou muito, me sinto diferente para o que tava”, diz o entrevistado ao lembrar dos tempos difíceis. 

image Eduardo dos Santos, 38 anos, entrou em contato com o Grupo Liberal para pedir ajuda e, depois disso, conseguiu iniciar um tratamento no Hospital Regional Jean Bitar, em Belém (Cláudio Pinheiro/O Liberal)

Ele tentava conseguir o atendimento especializado há pelo menos nove anos. Antes de ser internado em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), na Terra Firme, Eduardo enfrentava condições difíceis relacionadas à doença: estava há meses vivendo no chão de casa, onde mora com a mãe, pois não conseguia levantar devido ao peso. Ele também chegava a se alimentar e a fazer suas necessidades fisiológicas no mesmo local. 

Quem deu um grande passo na luta contra a obesidade foi o jovem Bernardo Heleno, 23 anos, que enfrenta a doença desde a adolescência. Ele conta que já passou por diversos tipos de tratamentos para perder peso, entre eles, medicação injetável, reeducação alimentar e a atividade de musculação. O paciente pesava 165,7 kg e sofria com complicações da doença quando iniciou o tratamento. Perdeu 61,7 kg, chegando a marca de 102kg. A meta é chegar a marca abaixo dos 100 kg com o tratamento que também associa reeducação alimentar e atividade física.

image O médico endocrinologista Rubens Toffolo (a esq.) acompanha o tratamento de Bernardo Heleno (a dir.) que já perdeu mais de 60 kg (Thiago Gomes / O Liberal)

A injeção utilizada em seu tratamento foi a semaglutida, substância semelhante ao hormônio GLP-1 produzida naturalmente pelo intestino. “Eu comecei primeiro somente com o medicamento já que estava muito acima do peso e tinha vergonha de sair na rua e outros ambientes públicos, então comecei a aplicar o medicamento e, seguindo o plano alimentar do doutor Rubens, que no começo era bem restrito, porém, com a ajuda do remédio, que mantinha o apetite bem controlado, às vezes quase nulo, podemos dizer que foi fácil de fazer”, comentou. 

A obesidade pode provocar diabetes e hipertensão?

O médico endocrinologista Rubens Toffolo, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, acompanha o tratamento de Bernardo Heleno. Ele explica que o primeiro sinal de que alguém está saindo do sobrepeso, em geral, é quando a pessoa passa a dormir mal, as roupas não servem mais, e sente-se cansado com facilidade e dores articulares e/ou na coluna. O especialista afirma que a obesidade pode levar à resistência insulínica e, com o passar do tempo, o pâncreas pode ter dificuldade de produzir insulina suficiente para as necessidades do corpo e o diabetes é instalado. Por outro lado, a obesidade pode produzir aumento da retenção de sódio pelos rins, causando hipertensão arterial.

Principais inovações na ciência para sobrepeso e obesidade

Estudos mais recentes apontam que o intestino é o órgão chave no balanço energético e, consequentemente, no peso, afirma Rubens Toffolo. “Os hormônios produzidos pelo intestino estão na vanguarda no controle do sobrepeso, associado a morbidades e obesidade. Atualmente, temos um hormônio produzido chamado GLP-1, que tem tido muito êxito na perda ponderal. Fora isso, mais recentemente, temos agonistas (associação de 2 hormônios) e tritagonista (3 hormônios), que chegam a ter efeito igual à cirurgia bariátrica (perda de 30% do peso corporal)”, assegurou o especialista. 

Atendimento gratuito no Pará

No Pará, o Programa Obesidade Zero tem o objetivo de acelerar o acesso gratuito à cirurgia bariátrica aos pacientes diagnosticados com a necessidade de intervenção e com indicação médica para o procedimento. Os pacientes fazem acompanhamento multidisciplinar com endocrinologista, cirurgião, psicólogo e nutricionista. No pré-operatório, o paciente é preparado do ponto de vista nutricional, psicológico e físico, incluindo o incentivo a perda de peso para otimizar o resultado da cirurgia. 

De acordo com a Sespa, o preparo para a bariátrica deve ser feito por, pelo menos, seis meses antes do procedimento cirúrgico e pode durar até dois anos, de acordo com as condições clínicas do usuário e conforme protocolo do Ministério da Saúde. Foram atendidos 3.057 usuários, em 2021, e 5.531, em 2022, totalizando 8.588 usuários, tendo sido realizadas, até hoje, 875 cirurgias bariátricas.

Dados sobre obesidade

  • Cerca de 25% dos brasileiros são obesos e 40% com sobrepeso: total de 66% estão acima do peso;
  • Roraima tem maior índice entre homens e Amazonas entre mulheres;
  • A obesidade mata, por ano, em média 168 mil Pessoas no Brasil;
  • Pará registrou 23,5% de pessoas obesas em 2022, sendo as mulheres a maior parte desse percentual

Fonte: Pesquisa Nacional de Saúde do Ministério da Saúde 2020/Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde

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