Pará reduz 37% os casos de malária nos primeiros meses de 2025
Casos notificados no Estado caíram de 6.735 para 5.195 na comparação entre esses dois anos

Os casos de malária no Estado do Pará tiveram uma redução 37% até o final de abril de 2025 em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). Segundo dados da Coordenação Estadual de Controle da Malária, foram confirmados 5.195 casos da doença neste ano, contra 6.735 registros de 2024.
Em todo o ano de 2024, o Pará contabilizou 23.205 casos de malária, sem registro de óbitos. Até o momento, em 2025, também não houve óbitos causados pela doença no Estado.
A capital paraense registrou 70 casos positivos de malária em 2024, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma). Todos os casos foram importados, ou seja, contraídos fora do território de Belém. Não houve registro de óbito por malária no período. Em 2025, até essa terça-feira (06/05), foram notificados 22 casos positivos da doença, todos também importados. Assim como no ano anterior, não houve óbitos registrados.
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A Sesma reforçou que mantém vigilância contínua e ações preventivas para controle e tratamento adequado dos casos de malária, além de orientação aos profissionais de saúde e à população sobre a identificação precoce dos sintomas e a importância da busca por atendimento imediato.
Menos casos, mais ação
A médica infectologista, professora universitária e coordenadora científica da sociedade paraense de infectologia Tânia Chaves, destacou que a redução dos casos de malária no início de 2025 é resultado direto de ações coordenadas de saúde pública. “A queda deve ser celebrada. É fruto da ampliação do diagnóstico, da melhoria na assistência e do tratamento imediato, que reduz a transmissão”, afirmou.
Segundo ela, o uso de testes rápidos cresceu 90% em 2024, e o Ministério da Saúde investiu mais de R$ 17 milhões em medicamentos, insumos e testes. Um dos avanços foi a introdução da tafenoquina, medicamento de dose única já em uso em municípios com maior número de casos.
A maior incidência da doença ocorre no primeiro semestre, por conta do clima quente e úmido que favorece o mosquito Anopheles. “Mas a malária pode ocorrer o ano todo, dependendo da região”, alertou Tânia .
Sobre a política de combate, Tânia reforça que o foco está na redução da mortalidade, no controle vetorial e no diagnóstico precoce. “É essencial manter ações sustentáveis, especialmente em áreas indígenas, ribeirinhas e de difícil acesso”, pontua. Ela também defende educação contínua e comunicação clara com a população vulnerável.
A infectologista orienta que qualquer pessoa com febre alta, dor de cabeça e calafrios procure imediatamente uma unidade de saúde para fazer o exame de gota espessa. “O diagnóstico rápido e o tratamento imediato salvam vidas”, destaca.
Quanto à erradicação, ela esclarece: “Para doenças transmitidas por mosquito, falamos em eliminação, não erradicação. O Brasil trabalha para eliminar a malária até 2035.”
Sobre vacinas, ela lembra que já existem imunizantes contra o Plasmodium falciparum na África e destaca a pesquisa brasileira liderada pela paraense Irene Soares, da USP, que desenvolve a primeira vacina nacional contra o Plasmodium vivax, forma mais comum na Amazônia.
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