Pará ainda não atinge metas de vacinação entre crianças; Sespa reforça importância da imunização
O alerta foi feito pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) nesta sexta-feira (17), data em que se celebra o Dia Nacional da Vacinação

Apesar dos avanços em alguns indicadores, o Pará ainda apresenta coberturas vacinais abaixo das metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde, especialmente entre crianças menores de cinco anos. O alerta foi feito pela Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) nesta sexta-feira (17), data em que se celebra o Dia Nacional da Vacinação. Atualmente, a cobertura vacinal no estado está em 89% para BCG; 70% para Poliomielite; 85% para Rotavírus; 84% para Pentavalente; 88% para Meningocócica C; 92% para Pneumocócica 10-valente e 89% para a Tríplice Viral (sarampo, caxumba e rubéola).
Ainda de acordo com a Sespa, entre outros grupos prioritários, a cobertura da vacina contra a Influenza está em 56% entre idosos e 82% entre gestantes. A secretaria informou que tem adotado uma série de ações para aumentar esses índices. Segundo a coordenadora estadual de imunização da Sespa, Jaíra Ataíde, o trabalho é realizado de forma articulada com os 144 municípios paraenses.
“Monitoramos os índices vacinais e discutimos os resultados em reuniões bipartite, incentivando que as secretarias municipais integrem a Atenção Primária ao Programa de Imunização. Esse trabalho conjunto é fundamental para identificar áreas de baixa cobertura e planejar estratégias mais eficazes”, destaca Ataíde.
A coordenadora ressalta que, embora alguns imunizantes estejam próximos da meta de 90%, é necessário o engajamento da população. “A vacinação é uma responsabilidade coletiva. Precisamos do comprometimento de todos para garantir a proteção da comunidade, especialmente dos grupos mais vulneráveis”, reforça Jaíra.
Campanha de multivacinação
Está em andamento a Campanha de Multivacinação, voltada à atualização da caderneta de crianças e adolescentes. A ação é promovida pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), em parceria com o Ministério da Saúde, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems). O Dia D de mobilização será neste sábado (18), com ampliação dos pontos de vacinação em todo o País.
Em novembro, o Estado também participará da 3ª etapa da vacinação contra a Influenza nos estados da Região Norte. Durante esse período, os municípios recebem um reforço de aproximadamente 30% nas doses mensais e são orientados a realizar ações de busca ativa de pessoas não vacinadas.
Microplanejamento
Para garantir o acesso à imunização em comunidades de difícil acesso, a Sespa detalhou que tem incentivado o uso do microplanejamento, uma estratégia que permite mapear as regiões mais isoladas e organizar os recursos humanos, financeiros e logísticos para alcançar toda a população. “O microplanejamento é essencial para garantir que nenhum paraense fique sem acesso à imunização. Mesmo nas comunidades mais longínquas, o SUS deve chegar com a proteção vacinal”, afirma Jaíra Ataíde.
A coordenadora reforça que todas as vacinas recomendadas pelo calendário nacional estão disponíveis gratuitamente nas salas de vacinação da rede pública. “As vacinas salvam vidas, principalmente de crianças, idosos e pessoas com baixa imunidade. O cartão de vacinação é o documento que comprova essa proteção e deve ser mantido sempre atualizado”, observa.
Ação integrada
Em nota, a Sespa ainda informou que apoia e coordena, junto aos municípios, a Campanha Nacional de Vacinação 2025, voltada à atualização da caderneta de crianças e adolescentes de até 15 anos. Todas as vacinas do Calendário Nacional estão disponíveis nas salas de imunização de rotina em todo o estado.
A Sespa reforça o apoio técnico e logístico às secretarias municipais de saúde, e orienta o microplanejamento das ações e o reforço das equipes de imunização durante o mês da mobilização. Para o Dia D de imunização, no Pará, os municípios contam com estoques estratégicos e recebem incremento de cerca de 30% nas doses durante o período da campanha, para garantir cobertura adequada em todas as regiões.
Importância da imunização
De acordo com o médico virologista Caio Botelho, essa campanha de vacinação visa aumentar a cobertura e a proteção contra doenças reemergentes, além de atualizar o calendário vacinal. Ele ressalta que o próprio programa Bolsa Família exige a atualização e que as vacinas estejam em dia, tornando a campanha um incentivo para as famílias se regularizarem.
“De crianças de 0 a 15 anos, temos, basicamente, um calendário vacinal mais robusto, desde vacinas como a febre amarela, que é de 10 em 10 anos, até vacinas de hepatite, com um intervalo de 1, 2 e 6 meses. O calendário vacinal é bem completo e é um momento para vacinar e proteger contra vulnerabilidades imediatas, principalmente quando a gente está falando de crianças que não foram vacinadas no primeiro ano de idade e também que moram em regiões onde há muita circulação de pessoas”, enfatiza.
O médico analisa ainda que às vésperas de um evento internacional, como a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), em Belém, é essencial que esse público esteja imunizado. Isso por conta da circulação externa de pessoas vindas de outros países, como alerta Botelho. “É necessário a gente pensar também na proteção vacinal, que é uma barreira, tanto individual quanto coletiva. Quanto mais crianças vacinadas tiverem, a nível escolar, ou seja, crianças de 2 até 15 anos, a gente vai ter uma barreira imunológica de todo aquele grupo”, observa.
“A iniciativa para recuperar o reforço vacinal também conta com movimentos da própria vacinação nas escolas, que ajuda muito. E além disso também, as famílias podem procurar uma unidade básica de saúde. Caso haja dúvidas se está faltando alguma vacina a ser feita, basta procurar a unidade básica de saúde que se terá uma orientação melhor de quais vacinas devem ser feitas, quando devem ser feitas e o período para serem realizadas”, orienta o médico.
Segurança das vacinas
Botelho reforça que as vacinas são seguras, especialmente as disponíveis nas unidades básicas de saúde, pois o Ministério da Saúde, por meio da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), aprova apenas aquelas com alta margem de segurança. O médico também lembra que a imunização garante proteção, também, para além da pessoa imunizada.
“Além disso, também temos a questão da proteção populacional. Quando se vacina uma criança, também se protege idosos e toda aquela comunidade escolar em que a criança está inserida. É importante também que professores atualizem seus calendários vacinais e também famílias com múltiplos filhos. Mais do que isso, é importante tirar dúvidas nas unidades de saúde e atualizar os calendários vacinais”, frisa Caio Botelho.
Mobilização nacional
Serão distribuídas cerca de 6,8 milhões de doses em todo o país, além de alertas emitidos pelo Meu SUS Digital a até 40 milhões de usuários, de acordo com o Ministério da Saúde. A campanha de multivacinação tem como objetivo imunizar menores de 15 anos, mobilizando Unidades Básicas de Saúde diariamente, ampliando o acesso, especialmente no “Dia D”.
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