Pará tem hoje 12 mil jovens que não conseguem acessar o mercado de trabalho
Dificuldades de concluir os estudos culminam com problemas para trabalhar
Além da dificuldade de concluir os estudos, os jovens do Pará encontram obstáculos para entrar no mercado de trabalho. A Pesquisa por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada na última semana, aponta que 56,8% (1.255.280) dos 2.210.000 milhões paraenses entre 15 e 29 anos estavam desocupados em 2018. Entre eles, uma fatia de 25,6%, ou quase 567 mil indivíduos, tampouco estavam estudando. São os chamados nem-nem, que não estudam nem trabalham.
De acordo com o levantamento, o grupo “nem-nem” praticamente não se alterou em relação ao ano de 2017 (25,7%). Já na comparação com 2016, quando se iniciou a análise do IBGE, foi observado um incremento de 46 mil jovens paraenses nessa condição - eram 23,7% das pessoas nessa faixa. Em Belém, são mais de 130 mil jovens nesse grupo, o que corresponde a 23,3% do total de 562 mil pessoas na mesma faixa-etária. Em 2016, eram 20,4% ou 117 mil pessoas.
A questão de gênero também se reflete na Pnad. Segundo a pesquisa, o percentual de pessoas que não trabalha nem estuda é muito maior entre as mulheres. A margem masculina é de 17% enquanto a feminina chega a ser o dobro: 34,4%. “As mulheres estão comprometidas com outras formas de trabalho que não são contabilizadas, como afazeres domésticos, cuidado familiar de idosos, pessoas doentes e crianças. Por isso, encontram menos tempo para estudar ou trabalhar”, explicou a analista de informações do IBGE, Michella Reis.
Os números do IBGE mostram ainda que 34,1% das mulheres paraenses entre 15 e 24 anos estudavam, mas não estavam ocupadas no mercado de trabalho no ano passado. Com mais esse dado, a pesquisa chama a atenção de que sete em cada dez jovens (68,5%) estavam desempregadas em 2018. Entre os jovens do sexo masculino, a parcela sem ocupação chega a 45,5%, sendo que 28,5%, pelo menos, estava matriculada em uma escola, faculdade, curso técnico de nível médio ou de qualificação profissional.
A desigualdade racial também é destacada na pesquisa. “A mulher tem desvantagens em relação aos homens no mercado de trabalho, mas tem vantagens no nível de escolaridade. Já negros e pardos têm desvantagens em ambos os casos”, aponta Marcella. Em 2018, 26,6% da população negra ou parda não estudava nem trabalhava no Pará, ante 20,7% das pessoas brancas. No geral, 57,6% dos jovens negros estavam desocupados no ano passado. Entre os jovens da cor branca, a margem era de 52,7%.
Chances de perder o emprego também são acentuadas, diz FGV
Para Marcelo Neri, diretor da FGV Social, o jovem brasileiro enfrenta ainda outras armadilhas. “Há um problema muito grande para jovens que buscam o primeiro emprego, mas o problema não para por aí. Mesmo os que vencem a barreira do desemprego tendem a voltar para a desocupação”, observou. Segundo o diretor, a chance de pessoas na faixa etária entre 15 e 29 anos perder emprego no próximo ano é de 19,1%, enquanto para outros recortes de idade, é de 14,5%.
Em todo o País, 51,6% dos 47,3 milhões de jovens entre 15 e 29 anos estavam desocupados no último ano. A proporção destes jovens que não estudam nem trabalham foi de 23,0% ou 11 milhões de indivíduos. De um ano para o outro, esse contingente se manteve estável e, em relação a 2016, cresceu 5,5%, o que equivale a mais 619 mil pessoas nessa condição.
Entre as mulheres, 28,4% não estavam ocupadas, nem estudando ou se qualificando, percentual estável frente a 2017. Entre os homens, 17,6% estavam nessa condição (0,2 p.p. a mais que em 2017). Por outro lado, 28,1% das mulheres e 41,7% dos homens apenas trabalhavam e 30,2% das mulheres e 27% dos homens apenas estudavam ou se qualificavam.
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