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Novo Enem: série de mudanças inclui questões discursivas e interdisciplinares

Pedagogo avalia que alunos que se preparam para outros vestibulares devem sentir menos as mudanças

Camila Guimarães
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O Ministério da Educação (MEC) apresentou uma série de mudanças a serem implementadas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir de 2024. Entre elas estão a inclusão de questões abertas ou discursivas e o caráter interdisciplinar das perguntas, que abordarão mais de uma área de conhecimento ao mesmo tempo.

Segundo o MEC, a ideia é que o exame passe a valorizar mais a produção escrita do estudante. Para o diretor pedagógico do colégio Ideal Batista Campos, Cássio Maciel, essa é uma tendência geral da educação, presente também no conceito do Novo Ensino Médio, que já vem sendo aplicado nas escolas desde o começo de 2022.

“Nós temos um projeto pedagógico que está preocupado com o desenvolvimento de análises e competências do aluno. Nesse novo formato, o professor não é detentor do conhecimento, ele é mediador. É fundamental que, na sala de aula, o professor esteja ciente desse papel e o aluno esteja aberto ao debate e ao desenvolvimento de novas habilidades”.

Na visão do pedagogo, as turmas que vão encarar o Enem, em 2024, ainda têm um tempo para se preparar e irem se acostumando ao formato de estudo diferenciado. “As turmas, agora do primeiro ano, estão de acordo com o novo ensino médio, que já prepara para isso. Nós temos um modelo de trabalho mais flexível, com um conteúdo mais contextualizado, que busca sempre fazer link com a realidade do aluno e, a partir daí, ele já vai decidindo suas áreas de interesse”, especula Cássio.

Além da discursividade das questões, um ponto relevante do Novo Enem é a ideia da bonificação sobre a pontuação do estudante que tiver curso técnico. Cássio avalia que, esse acréscimo na nota “desequilibra, não no sentido da competência de cada um, mas no sentido de que, geralmente, os cursos técnicos são voltados mais para escola pública. Nas escolas privadas, essa não é uma realidade”.

Entretanto, ele considera que esse desequilíbrio não significa, necessariamente, uma desvantagem, para quem não fez curso técnico ou estuda em instituições particulares. Cássio acredita que tudo depende mais do preparo do aluno: “Alunos que se preparam para outros vestibulares que não só o Enem, como para a USP ou Unicamp, devem sentir menos essa mudança toda. Lá, por exemplo, já é comum o uso de perguntas discursivas. Então quem se prepara para outros vestibulares, vai estar bem preparado para o novo modelo do Enem”.

Por outro lado, outra das novidades anunciadas pelo MEC preocupa mais, do ponto de vista de Cássio: a interdisciplinaridade da prova de inglês com relação às demais áreas do conhecimento. Segundo o secretário de Educação Básica do MEC, Mauro Rabelo, pode ser que o Enem 2024 inclua uma questão de História escrita em inglês, por exemplo. Na visão do diretor pedagógico do Ideal, esse é um ponto delicado nas mudanças:

“A interdisciplinaridade não é o problema. Ela acontece quando a gente pega um tema e o questiona a partir de vários olhares. A questão do inglês é que não é muito legal, porque não é muito democrática. Sabemos que temos alunos que têm acesso a cursos, por exemplo, e outros que não tem”, avalia Cássio.

De modo geral, o pedagogo entende que o Enem 2024 vai ser um grande desafio para os concluintes do Ensino Médio daqui há três anos e não poderia deixar de ser: “Toda mudança drástica gera uma resistência. Os alunos que vão passar por essa primeira experiência podem sentir mais, porque não tinham uma referência anterior”, considera.

Até mesmo do ponto de vista do ensino, Cássio comenta que, por enquanto, existem muitas lacunas a serem esclarecidas. “A matriz curricular do Enem, que recomenda os conteúdos e os temas que deverão ser estudados, ainda não foi liberada. Então todas as escolas do Brasil estão às cegas nesse momento”. Porém, Cássio tem uma expectativa positiva, frente às grandes transformações: “O ponto positivo é que deixa o ensino menos engessado. Os alunos vão ter que ser mais críticos, mais reflexivos e estarem abertos ao novo”.

 

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