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No Pará, 60 mil diabéticos podem se beneficiar com uso de insulina inalável

Novidade foi autorizada esta semana pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)

Cleide Magalhães
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Mais de 60 mil diabéticos do Pará estão cadastrados no Sistema do Programa Hiperdia (Sishiperdia). Agora alguns deles terão a chance de contar com uma novidade em relação à medicação e melhorar a qualidade de vida. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Ministério da Saúde, autorizou a comercialização da primeira insulina inalável do Brasil. A resolução que concede o registro ao produto foi aprovada na última quinta-feira (30) e publicada nesta segunda-feira (3), no Diário Oficial da União.

Mesmo aprovada pela Anvisa, a medicação ainda vai levar alguns meses para estar disponível para a venda, uma vez que será necessária a aprovação do produto pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

Batizada de Afrezza®, a nova insulina é comercializada em pó, em cartuchos com três tipos de dosagem. A utilização será feita pelo paciente com diabetes por meio de um inalador. Nele, é encaixado um cartucho para que o pó seja aspirado. A substância é levada ao pulmão e absorvida pela corrente sanguínea, para reduzir os níveis de glicemia.

O servidor público Rafael Oliveira Reis, 31 anos, que mora no Coqueiro, em Belém, diz que ainda não está a par da novidade, mas destacou que a iniciativa é um avanço para a vida dos pacientes. "Ainda não me informei muito sobre esse novo tipo de insulina, pois li que ainda não foi liberado para crianças e jovens, somente para pessoas acima de 18 anos. Mas qualquer novidade nesse campo é importante. Sem dúvida vai aumentar a qualidade de vida de pacientes diabéticos, principalmente tipo 1”, disse Reis. Ele é pai de um menino, de 8 anos, que tem diabetes tipo 1 desde os 4 e faz uso das insulinas Degludeca (basal) e Humalog (ação rápida).

Tecnologia avançada

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) destacou, em nota, que, ao longo dos anos, as formulações de insulina evoluíram, mas o método de administração permaneceu inalterado – o paciente, até esta aprovação, administrava suas doses de forma subcutânea, por meio de bombas ou agulhas, conforme indicação do médico. Porém, a insulina inalável é uma forma de tratamento com tecnologia avançada, que tem ação ultrarrápida.

O doutor Freddy Eliaschewitz, assessor científico da SBD, explicou que a insulina inalável tem um perfil de ação único e muito mais rápido que a insulina administrada de forma subcutânea. “Mesmo a mais rápida das insulinas começará a agir, até ser absorvida pela pele, dentro de 30 a 40 minutos, e seu efeito terá duração de quatro ou cinco horas. A insulina inalável é absorvida rapidamente pela corrente sanguínea e começa a agir em dez minutos, com pico de ação em 15 minutos, e um efeito que dura de duas a três horas”.

Ainda de acordo com a SBD, o efeito é o mais semelhante ao do pâncreas de um ser humano sem diabetes, porém, o desenvolvimento desse tipo de insulina é desafiador e custoso. “Até então, os inaladores que conhecíamos só eram capazes de levar partículas até os brônquios, mas, no caso da insulina, ela precisaria chegar ao alvéolo. Também é necessário que a partícula tenha exatamente entre 1 e 3 mg. Se ela for mais pesada que isso, pode ser depositada na boca. Se for mais leve, pode ser eliminada na expiração. Dessa forma, ela nunca ficaria depositada onde deveria para ter o efeito correto no organismo”, esclareceu Eliaschewitz.

Diabetes no Pará

No Pará, segundo dados da última pesquisa sobre Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), em 2016, a estimativa de pessoas com diabetes é de 339.571. Isso corresponde a 6,3% da população adulta do Pará, que é de 5.390.02. Em Belém, a estimativa de diabetes é de 68.146 – isto é 6,3% da população adulta da cidade, que é de 1.081.683. 

Crianças e adolescentes com até 18 anos já correspondem a cerca de 20% do total de diabéticos no Pará. Os dados se referem à Pesquisa Nacional de Saúde de 2014, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) em parceria com o Ministério da Saúde. No Brasil, há cerca de cinco milhões de diabéticos. Destes, 300 mil são menores de 18 anos de idade, podendo aumentar em 50% até 2025. 

No Estado, o tratamento do diabetes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) começa nas Unidades Básicas de Saúde (UBS). Hoje estão cadastrados mais de 60 mil diabéticos no Sishiperdia. Ainda de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), em média, 60% dos cadastrados são do sexo feminino - o que corresponde a 35 mil pacientes. Todas as faixas etárias são atingidas, especialmente mulheres entre 55 e 59 anos e homens na faixa de 60 e 64 anos.

A Sespa frisou que o Sishiperdia alerta para a subnotificação de casos, “uma vez que muitos jovens sequer sabem que são diabéticos, além de que podem existir milhares de pessoas que optaram pelo tratamento na rede privada”. 

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