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Mural no Movimento de Emaús eterniza memória de padre Bruno

Cachorrinho de estimação do religioso emocionou população do bairro por ficar horas perto do desenho

Byanka Arruda

O Movimento República de Emaús, em memória de seu fundador, padre salesiano Bruno Sechi, falecido no dia 29 de maio deste ano, de causas naturais, fez uma grande homenagem nos muros da instituição filantrópica, situada no bairro do Bengui, em Belém. Do lado de fora, há agora o rosto do religioso e a frase "jamais nos deixem perder a esperança", uma das últimas ditas por ele minutos antes de morrer, em entrevista ao jornal O Liberal, ainda na tarde do dia 29 de maio. No muro, há ainda os dizeres "Padre Bruno Sechi, presente hoje e sempre".

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A pintura foi uma forma que os colaboradores, voluntários, estudantes e amigos encontraram de eternizar a presença do padre e mantê-lo sempre por perto. O padre se recuperava da covid-19 e morreu subitamente, deixando órfãos incontáveis gerações de meninos e meninas atendidos pelo projeto Emaús.

"Essa questão de homenagem ao padre Bruno, elas têm surgido, são várias homenagens. Uma delas é a divulgação dos 50 anos de criação do projeto, da própria questão da imagem do padre enquanto fundador da instituição. Um grupo de apoiadores queira homenagear o padre Bruno com uma pintura no muro, na frente, para que as pessoas passassem e sempre lembrassem da figura do fundador do Movimento, da figura importante que é o padre Bruno. São várias homenagens e essa é uma das que a gente se propôs a fazer. Para a gente, esse muro ali na frente também é muito simbólico, porque ali naquela área do Movimento, na entrada, há alguns anos era um grande lixão. As pessoas desrespeitavam, os moradores jogavam lixo, O padre Bruno resolveu fazer uma grande campanha, fez todos aderirmos, as crianças, a comunidade inteira, no sentido de cuidar daquela área como um patrimônio... Aquela área do muro, recebendo as pessoas, quando as pessoas passarem e olharem e se lembrarem sempre da figura dele. A ideia é proporcionar às pessoas uma passagem pelo lugar onde viveu essa figura que vai se eternizar para nós, para a luta por direitos humanos, por dignidade para a criança e para o adolescente. Esse espaço é muito simbólico, muito importante", explicou a coordenadora executiva do Emaús, Cleice Maciel, emocionada.

MELHOR AMIGO DO HOMEM

No dia que o desenho foi finalizado, uma cena chamou a atenção dos artistas e funcionários da instituição filantrópica: o cachorrinho "Dário", que era criado há quase 5 anos pelo padre, ficou vários minutos na frente do muro, como se admirasse a imagem do padre e pudesse reconhecê-lo. O reencontro simbólico entre os dois amigos de anos emocionou os voluntários do projeto. "O que as pessoas acharam interessante no dia foi a figura do cachorro do padre Bruno sentado perto da imagem dele desenhada. O Dário. Eu estava lá na frente e fiz esse registro. Ficou todo mundo muito comovido do cachorro dele sentado ali na frente da arte dos meninos", destacou.

A coordenadora recordou a relação entre o padre Bruno e seu bichinho de estimação, que o seguia por todos os lugares. O cachorrinho Dário é filho da cadela Surina, que também mora no espaço de Emaús há vários anos. "É um cachorro que sempre acompanhou o padre Bruno, sempre foi muito mimado por ele. O padre Bruno sempre teve muito carinho por ele e ele andava o tempo todo atrás do padre Bruno no Emaús. O padre Bruno saia, o 'Darinho' ia deixar ele lá no portão, correndo. Quando o padre Bruno chegava, ele conhecia pelo barulho do carro, da buzina. Ele sempre andou por toda área do Movimento, mas onde estivesse sempre saia correndo para ir ao encontro do padre Bruno. Eles eram inseparáveis", lembrou a coordenadora.

"O padre sempre foi muito carinhoso com os animais. Ele estava criando bode, cabras, galinhas e ele sempre ficava brincando e dava nome aos animais, colocava o nome dos funcionários do Movimento como uma brincadeira. Inclusive, 'Dário' é o nome de um ex-funcionário nosso, que o nome dele é Darivaldo e o padre resolveu homenagear. Ele sempre foi muito apegado a essa questão da natureza, das plantas, dos bichos. Ele tinha horta. Então, o Movimento é muito verde, tem muito contato com os animais. O padre gostava muito desse contato com os animais e ele achava muito saudável para as crianças. Ele sempre dizia que achava essa relação das crianças com os animais muito pedagógica. Era uma relação de muito afeto com as pessoas e com os animais", relembrou. 

Hoje, o animal de estimação está sob os cuidados dos apoiadores do Emaús. "Ele continua com a gente. Ele está sendo muito cuidado, faz parte do dia a dia e representa essa presença do padre também. Está triste, está sentindo muito, mas nós estamos fazendo o possível para que ele se sinta bem", afirmou a coordenadora.

CAMPANHA
Ainda convivendo com a dor recente da perda do padre Bruno, os coordenadores do movimento afirmam que darão continuidade aos sonhos de um mundo mais justo, iniciado há quase 50 anos pelo religioso no Emaús. A campanha financeira, iniciada em abril deste ano, segue em atividade para angariar recursos diante dos obstáculos trazidos pela pandemia de coronavírus.  A entidade atualmente ajuda cerca de 500 crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social, por meio da educação, do esporte, do lazer, da música, da dança e das artes de modo geral. O projeto completará no dia 12 de outubro 50 anos de atividades em prol das meninas e meninos de baixa renda, que vem no espaço uma oportunidade para enxergar e sonhar com um futuro melhor.  

A “vaquinha” virtual para o movimento, aberta no site de financiamento coletivo Kickante, que tem como meta a arrecadação de R$ 100 mil, terminará na próxima segunda-feira, 6. Até o momento, cerca de R$ 70 mil foram doados.

"A gente está seguindo com a campanha. Tem artistas que estão nos ajudando através de lives, divulgando as necessidades do movimento. Tem a divulgação da vaquinha virtual. Estamos correndo atrás de apoio, pedindo ajuda e nós não vamos parar, não vamos deixar as coisas paradas. São 50 anos de atividades e o padre Bruno nos deixou essa missão de seguir em frente e vamos seguir", afirmou.

PARA AJUDAR 

Doações em dinheiro

Banco do Brasil
CNPJ: 63.887.558.0001-50
Conta Corrente: 728749-6
Agência: 1686-1

Doações de objetos, roupas, calçados, móveis

Na sede do Emaús, no bairro do Bengui, antiga rua da Yamada, cujo nome será alterado para rua Padre Bruno Sechi

Pará