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Moradores da área da ponte Rio Moju dependem de embarcações para realizarem travessia

Sem a ponte, os ribeirinhos estão usando canoas e pequenas embarcações para fazer a travessia. Alguns conseguem uma renda extra com o serviço

Dilson Pimentel

"Depois desse acidente ficou muito difícil. A gente ficou ilhado. Ou sai de barco ou não sai", disse, nesta segunda-feira (8), o agricultor Marco Aurélio Santos, 38 anos. Ele mora perto da ponte Rio Moju, a terceira da Alça Viária, e que desabou, na madrugada de sábado (6). Marco contou que tem uma venda de açaí e de frutas. "Acabou o fluxo. Acabou tudo praticamente", afirmou. Na manhã desta segunda-feira (8), ele foi para Belém de barco. São seis horas de viagem, isso dependendo da maré. Na volta, de veículo, desceu no trevo que dá acesso ao município do Acará e distante aproximadamente dois quilômetros de onde o houve acidente, causado por uma balsa. "E viemos andando. Mais de 1,5 km até a ponte. Agora, é esperar o menino trazer a rabeta (embarcação pequena e veloz) pra gente atravessar", disse o agricultor. "Se continuar assim, vamos ficar à deriva. Daqui para lá não vai (carro). E, de lá para cá, não vem. O fluxo acabou", acrescentou ele, depois das 10 horas da manhã.

image Legenda (Igor Mota)

 

Com parte da ponte quebrada (268 metros), muitos ribeirinhos estão usando suas canoas para fazer a travessia dos moradores. E, assim, ter um rendimento extra. É o caso de José Gonçalves, de 31 anos. Ele começou a transportar os moradores na manhã de sábado, dia do acidente, ocorrido de madrugada. O lavrador disse não ter como saber quantas viagens já fez desde então. "Não tem como calcular. São muitas pessoas atravessando", afirmou. Por pessoa, ele cobra R$ 5,00 (ida e volta, são R$ 10). Por dia, fatura de R$ 50 a R$ 60. E gasta R$ 30 para colocar combustível na embarcação, o suficiente para ele trabalhar o dia todo. Diariamente, José começa esse transporte às 6 da manhã e vai até 17h30, 18 horas.

image Legenda (Igor Mota)

 

A ponte, perto da qual o Corpo de Bombeiros montou uma base, está interditada. E, para chegar às margens do rio, as pessoas vão por um caminho ao lado da ponte. É um atalho na qual, sobretudo quando chove, há muita lama. A dona de casa Marcelina da Silva Oliveira, 18 anos, percorria esse caminho. No colo, o filho Samuel, que tem um ano e três meses e está gripado. A jovem mora em Outeiro, mas tinha ido visitar a mãe, que reside do outro lado, às margens do rio Moju. "Agora (vindo de veículo), a gente desce aqui na ponte do Acará, vem andando a pé para pegar o barco aqui. E atravessa para o outro lado", disse. "Tá ruim, não tem como fazer nada para Belém, fazer as compras. Nem receber o Bolsa Família", contou. 

image Legenda (Igor Mota)

 

Detran orienta sobre rotas auxiliares para sul do Pará 

No trevo que dá acesso ao município de Acará, o trânsito foi desviado. E está interditado. E, nesse local, há uma unidade móvel de fiscalização do Detran. "Aqui, no trevo do Acará, distante dois quilômetros de onde caiu a ponte, se tornou uma área de segurança. Somente podem passar veículos de emergência do pessoal que está trabalhando, empenhado na solução dos problemas. A gente está fazendo o desvio aqui e informando as rotas auxiliares para acessar o sul do Pará", disse o agente de fiscalização Gleidson Araújo, do Detran. Ele explicou sobre as rotas auxiliares para o sul do Estado: "Seguindo no sentido Acará, você vai rodar cerca de 24 km até chegar no trevo da PA 252, conhecida como rodovia Perna Sul, que está passando por obras do governo do Estado. E vai cruzar 70 km, dos quais 20 são asfaltados e outros 50 ainda estão em obras. Ainda tem pontes precárias, de madeira. E você vai sair entre os municípios de Moju e Tailândia, cerca de 30 km do Moju", disse. 

Ele acrescentou: "Quem vai para Moju, Barcarena, Abaetetuba, Igarapé-Miri, Cametá faz o retorno e acessa esses 30 km. Quem vai para Tailândia, Marabá, Goianésia, acessando o restante do sul do Pará, vai pegar a esquerda aí. Tem outra opção de você, no mesmo trevo, em vez de você se dirigir à direita, desloca pela esquerda e vai até o município de Acará. Cerca de 16 km lá do trevo você tem o porto da balsa e vai fazer a travessia de balsa para Concórdia do Pará, vai acessar Tomé-Açu e vai sair na PA 150, lá na Vila de Palmares, 50 km de Tailândia". Em condições normais, o fluxo naquele trecho da Alça Viária é intenso. "Porém, hoje (segunda-feira, 8), a gente já notou uma redução significativa. O pessoal já está procurando o porto do Arapari (em Belém), que está com um reforço de balsa para travessia, que é o local mais próximo e mais seguro. E o restante está sendo desviado aqui, pela PA 252", disse o agente Araújo.

Mergulhadores fazem varreduras no fundo do rio

E, pelo terceiro dia seguido, os mergulhadores do Corpo de Bombeiros continuam as buscas pelo rio, iniciadas ainda no sábado. Comandante operacional do Corpo de Bombeiros, o tenente coronel Reginaldo Pinheiro disse que eles estão usando um sonar de varredura lateral (Side Scan). "Ele (o equipamento) faz uma espécie de mapeamento do fundo do rio. Aí, a gente tá trabalhando com 15 metros de profundidade. Mas ele vai além. A gente tá trabalhando nessa faixa do canal principal, onde está o rompimento da estrutura, fazendo a varredura do fundo do rio", disse. Até a manhã desta segunda-feira, os mergulhadores não encontraram nenhum indício que atestasse a queda de dois veículos no rio, conforme as primeiras informações repassadas às autoridades competentes. 

Durante as buscas, eles já descartaram duas possibilidades. Uma ocorreu no domingo (7). "Era uma parte de um bloco de concreto que estava submerso. Pela manhã, o pessoal mergulhou e identificou que outro ponto, que a gente chama de alvo, era um tronco de árvore submerso", disse. Como já se passaram 24 horas do acidente, eles também fizeram buscas na superfície, porque, depois desse período, o corpo geralmente flutua - a menos que esteja preso em algum obstáculo, como, por exemplo, um tronco. Nesse caso, quando há a possibilidade de que haja vítimas humanas, o protocolo recomenda que as buscas sejam realizadas por até cinco dias. "O protocolo são cinco dias. Até cinco dias. Se a gente tiver convicção de que, nesses dias em que a gente está varrendo o espaço, concretizou que não há, a gente encerra. Mas a gente trabalha com todas as hipóteses. Não podemos descartar nenhuma", afirmou o coronel Pinheiro. 

image Legenda (Igor Mota)

 

O trabalho dos mergulhadores vai de 8 até 18 horas. E depende das correntezas. Trata-se de uma operação complexa. "Aquele tabuleiro ainda não está estabilizado. Ele está sob a balsa. O tabuleiro é a estrutura que fica em cima dos pilares. Aquele tabuleiro está sob a balsa. Ele não está totalmente submerso. E está cedendo. Para o mergulho, oferece risco. O mergulhador não pode estar mergulhando em uma estrutura que ainda não está acomodada, o que pode colocar em risco a vida dos mergulhadores", disse. "Por dia, preparados para mergulho, são seis mergulhadores do Corpo de Bombeiros e seis da Marinha. Doze, portanto", disse. "Em média, cada mergulho demora 30 minutos, mas isso também depende da correnteza. Quanto menos a maré tiver correndo, se a correnteza tiver mais branca, o mergulho se torna mais viável", informou o oficial do Corpo de Bombeiros. 

Outra dificuldade enfrentada pelos mergulhadores é que se está no período da "maré de lance". "É quando as águas sobem mais rápido e descem mais rápido. A velocidade é muito intensa. Isso também dificulta para o mergulho", disse o coronel Pinheiro. Também durante a manhã, técnicos da Secretaria de Estado de Transportes (Setran) e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e militares do Exército estiveram no local. Uma equipe da Setran estava fazendo levantamento topográfico da área, para que seja estabelecido um ponto de travessia de balsa. Esse ponto ficará do lado esquerdo da ponte, já que, do lado direito, há um cemitério. Ainda segundo o coronel Pinheiro, o governador Helder Barbalho disse que deverá começar, nesta quarta-feira (10), a retirada dos entulhos (material resultante da queda da ponte) do leito do canal do rio. A Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) informou que interditou a área de navegação sob a ponte Rio Moju, localizada na rodovia PA-483, por apresentar riscos à navegação.

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