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Médico diz que máscara de copo plástico já salvou inúmeras crianças pelo Brasil

Márcio França explica motivos de improviso em hospital do Marajó e o por quê de transferência não ter ocorrido

Victor Furtado
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Os improvisos como copos plásticos no lugar de máscaras para respiração, assim como outras soluções para atendimento, são comuns na saúde pública do Brasil - e ainda mais em regiões pobres como o Arquipélago do Marajó. É o que afirma o médico Márcio França, que atendeu Diolene e Wendrio — mãe e filho que vinham sendo atendidos, de forma precária, no hospital de Cachoeira do Arari, desde o primeiro dia do ano.  Segundo França, que mora no Amazonas, não fossem máscaras de oxigênio no copo plástico, muitos bebês já teriam morrido no País. Na manhã desta sexta (3), horas antes da morte de Wendrio ser confirmada, o médico afirmava que era necessário um leito de UTI infantil para o recém-nascido. Segundo ele, poucos hospitais têm esses leitos disponíveis. 

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França chegou pontuar esta manhã alguns desafios específicos para o caso de Wendrio e Diolene. O primeiro é que a família estava sozinha e desamparada. É uma família pobre, que mal tem dinheiro para comida e roupas. Alguns desses suportes estão sendo dados pelos próprios trabalhadores do hospital, diz ele. Se a família fosse mandada para qualquer outra unidade, poderia ficar sem atendimento e numa condição ainda mais precária de suporte.

Outra dificuldade, reiterou o médico, é que há mais de 10 recém-nascidos na fila de espera por um leito de UTI infantil. "Não é só Cachoeira do Arari. Tem gente nas mesmas condições em Soure, Salvaterra... O bebê está registrado na Central de Leitos e estamos aguardando. Estou fazendo relatórios frequentes, destacando que a situação está se agravando e ele precisa de leito. Quanto à máscara de copinho, era melhor do que colocar uma máscara grande nele. É o que posso fazer", comentou esta sexta, antes da morte de Wendrio.

Na avaliação do médico, Wendrio tinha um quadro comum de um bebê prematuro: insuficiência respiratória por falta do desenvolvimento de surfactantes. É algo que os bebês desenvolvem a partir da 34ª semana de vida. O menino nasceu na 32ª semana. "Tudo é muito difícil. Não temos incubadora. E uma vaga de UTI infantil é mais difícil que para um adulto. É a realidade do Brasil. Com o peso dele, para idade, poderia até ser dado alta e ele ser recusado", disse.

"Fiz Medicina para ajudar as pessoas. Não prejudicar. Estou fazendo o possível para garantir a melhor transferência, alimentação e medicação. Infelizmente, só posso proporcionar suporte básico mesmo. O ideal seria uma transferência para a Santa Casa de Misericórdia. Não poderia aceitar transferir a família para ficar pelos corredores. Acho que a população não paga impostos para isso", concluiu França.

Em contato com redação, o Conselho Regional de Medicina disse que vai se pronunciar em nota sobre a denúncia feita pela família do bebê atendido pela saúde municipal em Cachoeira do Arari. Também procurado para comentar o caso, o Conselho Regional de Enfermagem no Pará (Coren-PA) disse que não emitirá nota a respeito do ocorrido.

O secretário municipal de Saúde de Cachoeira do Arari, Benedito Lalor, chegou a afirmar no início da tarde à redação integrada de O Liberal que o bebê Wendrio e a mãe Diolene Barbosa já teriam um leito garantido no Hospital de Barcarena. Porém, a equipe médica estaria aguardando o resgate aéreo para fazer o transporte deles. "Infelizmente, resgate aéreo para hoje [3 de janeiro] é impossível. Já havia demanda agendada e a previsão é de tempo fechado para nossa região".

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