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Secretário afirmou que já havia leito para o bebê, mas faltava aeronave

Clima fechado e falta de disponibilidade de voos impediu que resgate ocorresse nesta sexta

Victor Furtado
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O secretário municipal de Saúde de Cachoeira do Arari, Benedito Lalor, afirmou que o bebê Wendrio e a mãe Diolene Barbosa — que estavam sendo atendidos, de forma precária, no hospital do município - já tinha um leito garantido. O bebê seria levado ao Hospital de Barcarena. A equipe médica aguardava o resgate aéreo fazer o transporte deles. "Infelizmente, resgate aéreo para hoje [3 de janeiro] é impossível. Já havia demanda agendada e a previsão é de tempo fechado para nossa região", declarou Lalor no início da tarde desta sexta(3), minutos antes de confirmar a morte de Wendrio, esta tarde.

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Mais cedo, o secretário informou que a equipe médica já havia feito o possível para transferir a criança e a mãe para leitos adequados. Segundo o médico Márcio França, que atende a família, no Hospital de Cachoeira do Arari, o ideal seria uma UTI infantil. No entanto, o sistema de regulação de leitos já estava com pelo menos 10 recém-nascidos na fila de espera.

"Não é só Cachoeira do Arari. Praticamente todos os municípios estão enfrentando dificuldades em encontrar leitos. Nós aqui somos apenas atenção básica. Estamos tentando agendar o resgate aéreo para a manhã deste sábado (4). Espero que a criança sobreviva até lá. Tentei leito em Belém, mas não consegui. Porque se tivesse, a ambulância já estaria a caminho", avaliava o secretário no início da tarde.

"Lamentamos profundamente, mas não foi por negligência, pois desde ontem vínhamos lutando pelo leito. Esbarramos no resgate [aéreo], pelo tempo fechado na região", comentou o secretário municipal de Saúde de Cachoeira do Arari, Benedito Lalor, ao confirmar a morte do recém-nascido

Duas versões expõem usos de máscaras


Durante a conversa com o secretário de saúde de Cachoeira do Arari, que se deu por WhatsApp, ele foi questionado sobre o procedimento do hospital, a respeito do uso de um copo plástico como máscara de oxigênio improvisada. Ao questionar a equipe de enfermagem, ele recebeu uma resposta em áudio, que encaminhou à reportagem.

No áudio, há uma contradição quanto ao que o médico Márcio França disse: que teria feito o improviso com o copo pela falta de máscaras adequadas - o que, segundo ele afirma, é uma dificuldade generalizada, na saúde pública, em todo o Brasil. A equipe de enfermagem do hospital municipal, porém, diz outra coisa. Afirma que há máscaras, mas que essas seriam muito grandes para o procedimento no recém-nascido. A redação integrada de O Liberal optou por não publicar o áudio recebido, para preservar nomes lá citados. 

Durante o áudio, a enfermeira, não identificada, recomendou que os contatos com a imprensa fossem encerrados. E passou a fazer inúmeras acusações, a várias pessoas. Mas não chegou a explicar os procedimentos para garantir a estabilidade e saúde da criança e da mãe.

Na manhã desta sexta (3), a redação integrada de O Liberal ouviu ainda o médico Márcio França, que estava atendendo Diolene e Wendrio no hospital de Cachoeira do Arari. À reportagem, França disse que esse tipo de improviso na saúde pública é comum pelo Brasil - e mais ainda em regiões pobres como o Arquipélago do Marajó. Segundo o médico, não fossem máscaras de oxigênio no copo plástico, muitos bebês já teriam morrido.

Em contato com redação, o Conselho Regional de Medicina disse que vai se pronunciar sobre a denúncia em nota. Também procurado para comentar o caso, o Conselho Regional de Enfermagem no Pará (Coren-PA) disse que não emitirá nota a respeito do ocorrido.

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