Máscaras de mergulho viram alternativa para tratamento de pacientes de covid-19 no Pará

Máscaras de mergulho vêm sendo equipamentos preciosos para o atendimento a pacientes com problemas respiratórios nos municípios paraenses durante a pandemia da covid-19.  As máscaras são distribuídas pelo grupo Solidários da Saúde Pará, coordenado pela infectologista e professora universitária Marília Brasil. Um total de 250 máscaras desse tipo já foi repassado a pacientes em Belém e interior do Estado, entre outros equipamentos de proteção contra o novo coronavírus.

Marília Brasil teve a ideia de formar um grupo, por entender que o Pará enfrentaria grandes dificuldades com a pandemia da covid-19.  “Nós começamos a criar alternativas para principalmente proteger  o profissional da saúde, porque nós sabíamos ser aquele que é mais afetado , mais exposto.  O Solidário é um grupo multidisciplinar, com médicos e outros profissionais na coordenação  e na atuação; um grupo  interinstitucional, transdisciplinar, então, nós temos artesãos, aposentados, biotecnológos, diversas pessoas trabalhando em várias frentes. E temos experts em EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)”, salientou.

“Então, nós começamos a criar, elaborar  alternativas e a escalonar. Por exemplo, com máscaras PFF2, nós começamos a trabalhar num projeto de uma pós-graduanda da Universidades de Roraima, aperfeiçoamos e escalonamos para distribuir. Já distribuímos mais de 800 PFF2 feitas pelo grupo, assim como caixas de intubação  e outro tipo de máscaras que a gente utilizou”, disse Marília Brasil. O grupo atua desde o fim de março, mais de 60 mil itens já foram distribuídos  em municípios paraenses.

Mergulho
As máscaras de mergulho, como disse a professora Marília, foram idealizadas e se começou a trabalhar com elas na Itália. As máscaras são acopladas a um fluxo maior de oxigênio em um sistema adaptado em que o paciente recebe a chamada ventilação não invasiva. E o que é mais sério quando doenças são transmitidas por aerossol  é o aspecto da contaminação. “O sistema com máscara de mergulho evita essa situação”, disse a professora.  

“Ela é um equipamento seguro, que pode ser utilizado em vários locais, aumentando o fornecimento de oxigênio para esse paciente; muitas vezes, ele chega com a saturação baixa de oxigênio e, quando utiliza a máscara de mergulho, melhora. Isso retarda algumas vezes  ou o paciente melhora evitando uma intubação, ou se o paciente realmente está grave e vai precisar ser intubado, ganha-se um tempo para que ele possa, então, ter um recurso melhor”, pontuou a pesquisadora.

Como é de fácil instalação, o sistema com a máscara de mergulho pode ser utilizado em áreas mais remotas com sérias dificuldades de atendimento a pacientes.  Essa máscara é fabricada pela Decathlon e doada pela empresa Motiro. Em ação integrada a outras organizações solidárias, como Expedicionários da Saúde e Saúde Alegria, o Solidários da Saúde Pará  vem atuando para salvar vidas de pacientes – até o momento, já foram distribuídas mais de 250 máscaras no Pará nos municípios  do Pará. Em breve, novas entregas serão feitas, como destacou Marília Brasil. 

Para a fisioterapeuta Monizze Carleto, as máscaras de mergulho têm contribuído para experiências positivas com pacientes. “É uma máscara boa, que veda muito bem; então, assim, 95% de redução daquela propagação de aerossol. Isso está ajudando muito. E no interior faz a diferença; já tive contato com alguns médicos e notei que isso está ajudando, no interior, que ás vezes não têm nenhum respirador; a realidade do interior do Marajó, por exemplo, é muito difícil”, afirmou.