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Mais de 25% dos jovens do Brasil não estudam nem trabalham, aponta IBGE

No Pará, o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que 90 mil crianças e adolescentes estavam fora da escola

Camila Guimarães
fonte

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGEdivulgou nesta sexta-feira (2) que, em 2021, após dois anos de pandemia de covid-19, um em cada quatro brasileiros com idade entre 15 e 29 anos (25,8%) não estudava nem trabalhava. A maior parte desse grupo (62,5%) eram mulheres. No Pará, o último balanço divulgado pela Secretaria de Estado de Educação (Seduc) em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou que 90 mil crianças e adolescentes estavam fora da escola e, entre os que estudavam, cerca da metade estava com idade inadequada para a série que cursava, o que representa um déficit conhecido como distorção idade-série. A SeduC foi acionada para comentar os números e informou que está apurando para divulgar uma nota.

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Em detalhe, mais de 46% dos estudantes paraenses do ensino fundamental se enquadram no índice da distorção. No ensino médio, o número já ultrapassa os 50%. Apesar de já serem porcentagens preocupantes, esses números podem ser ainda maiores atualmente, já que correspondem a um levantamento com base em dados de 2019, anterior à pandemia, processo que agravou o cenário, como já indica os dados recentes do IBGE.

Na última quinta-feira, 1º, a Comissão de Educação (CE) do Senado Federal determinou que os anos de 2022 e 2023 sejam considerados o biênio de combate à evasão escolar, por meio de um conjunto de ações do chamado “Biênio da Busca Ativa: Toda Criança na Escola”. A decisão foi uma extensão do prazo inicial previsto pelo PL 4.458/2021, declarava o ano de 2022 como o grande ano de combate à evasão escolar. Agora, o objetivo é que as ações coordenadas pela União, com a colaboração dos demais entes federados e da sociedade civil, se estendam também para 2023, com a finalidade de diminuir o problema.

Ainda em maio deste ano, a Seduc e o Unicef firmaram parceria para combater tanto a evasão escolar quanto a distorção idade-série. À época, foi divulgado o resultado de uma ação conjunta chamada Busca Ativa Escolar (BAE), que de janeiro até o começo de maio de 2022, chegou a levar 6,7 mil estudantes de volta às aulas. Ainda assim, uma série de barreiras continuam influenciando no acesso e permanência de estudantes paraenses nas escolas

Para estudar, é preciso oportunidade

Quem viveu na pele a dificuldade de acessar e permanecer nos caminhos da educação, no Pará, foi Cleonice do Socorro, estudante de 50 anos. Natural de Anajás, no Marajó, ela conta que ter a chance de estudar foi algo conquistado com muito esforço. Nunca foi uma oportunidade viável desde o princípio:

“Eu não tive estudo quando eu era criança porque meus pais não tinham condições de colocar a gente no colégio e os colégios que tinham no interior eram poucos e, às vezes, não tinham vaga. Então, quando meus pais se separaram, e nós ficamos com meu pai, ele tinha dificuldade de botar a gente para estudar”, diz a estudante Cleonice Socorro.

image Cleonice do Socorro acredita que, dessa vez, conseguirá permanecer e terminar seus estudos. (Filipe Bispo / O Liberal)

Cleonice relata que chegou a se mudar para trabalhar em casa de família, na expectativa de poder se dedicar, em algum momento, aos estudos, porém, seus planos foram frustrados por violência doméstica e falta de recursos.

“Eu cheguei a morar com prostitutas que queriam que eu me prostituísse, mas eu não quis. Eu me amiguei com um rapaz e me mudei para Breves, mas lá, ele não me deixava sair de casa, me maltratava, tinha muito ciúmes e me batia, então eu fugi de novo. Foi quando eu vim para Belém, foi onde eu conheci meu atual marido, que estamos juntos há 30 anos. Foi aqui que eu vi as pessoas estudando e lendo e eu comecei a querer ler também”, ela conta.

Já adulta, Cleonice relata que tentou começar os estudos e passou quatro anos frequentando uma escola onde nunca chegou a aprender a ler. Ela copiava as palavras do quadro e do livro no caderno, mas sentia que não tinha a assistência necessária para aprender de fato. “O pessoal achava que eu já sabia ler, mas eu não sabia o que eu estava escrevendo”, comenta.

Frustrada, ela abandonou os estudos mais uma vez, mas este ano, foi motivada por uma amiga a tentar de novo. Ela conta que começou a estudar novamente após completar 50 anos de idade, em março, e espera que dessa vez avance no aprendizado:

“Agora, se Deus quiser, vou aprender tudo. Todos os dias eu vou para o colégio, é um lugar muito bom, os professores são muito legais, a merenda do colégio é muito boa, todos são muito bons. O que precisa para a gente se manter no colégio é a oportunidade”, afirma.

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