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Mais de 100 municípios paraenses são alvo de projeto para combater baixa cobertura vacinal

Estado está mais de 30% abaixo da meta de vacinação contra doenças graves e evitáveis, como poliomielite, sarampo e coqueluche

Camila Guimarães
fonte

Dados do departamento de informática do Sistema Único de Saúde (SUS), o DATASUS, mostram que, no Pará, algumas das principais vacinas do esquema de imunização infantil estão muito abaixo do índice de cobertura considerado seguro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Programa Nacional de Imunização (PNI), que, geralmente, fica em acima de 90%.

A vacina contra a poliomielite, por exemplo, tem cobertura de 70,2%, a primeira dose da tríplice viral (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola) está em 74,4%, e a pentavalente (que previne contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo B) está em 70,6%. Esses índices reacendem a preocupação de autoridades em saúde quanto ao retorno de doenças graves e consideradas evitáveis. Neste cenário, 123 municípios do Pará são alvos do projeto Busca Ativa Vacinal (BAV), realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com a Pfizer e em articulação com prefeituras e secretarias municipais.

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Projeto

Antônio Carlos Cabral, especialista em saúde e HIV na Amazônia Legal, pelo Unicef, explica que o projeto tem como objetivo mapear e localizar crianças menores de cinco anos que não foram vacinadas ou estão com a vacinação atrasada, e tomar as medidas para que elas recebam todas as doses. Ele conta que a proposta nasceu de uma preocupação geral com a queda na taxa de imunização brasileira desde 2015.

Hoje, no Brasil, três em cada dez crianças estão em situação de vacinação irregular (atraso ou ausência de vacinação), problema que se agravou de forma acentuada após a pandemia.

Na região amazônica e semiárida, o projeto contempla cerca de dois mil municípios que fazem parte do Selo Unicef. No Pará, Abaetetuba foi a primeira cidade a experimentar o projeto, que já iniciou, de forma experimental, pelo menos desde julho deste ano.

"Antes do lançamento da plataforma, a gente fez um projeto-piloto em algumas cidades. No Pará, a gente esteve em Abaetetuba, que tem uma realidade de mais de 70 ilhas. A gente escolheu esse município porque queria entender como a gente conseguiria fazer uma busca vacinal em uma população extremamente dispersa. Então, por ser uma população grande e ribeirinha, a gente queria entender como seria possível fazer a iniciativa funcionar também em outras localidades ribeirinhas", explica Antônio Carlos.

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O especialista conta que, na prática, o projeto começou com uma tentativa de articulação com a prefeitura local e representantes das secretarias que compõem o organograma administrativo do município, sobretudo as secretarias de saúde e educação. Isto porque, conforme Antônio explica, a proposta da BAV é essencialmente intersetorial:

"A ideia é trabalhar junto com os municípios, unindo áreas como saúde, educação e assistência social, em um esforço intersetorial. A gente precisava saber qual era o entendimento das equipes de saúde sobre a realidade local e se a nossa estratégia tinha aplicabilidade naquela comunidade ribeirinha. Nós nos deslocamos até lá e ouvimos as principais dificuldade e desafios para essa vacinação".

Nesse aspecto, o projeto-piloto observou que alguns dos grandes desafios para o incentivo à vacinação em Abaetetuba tem sido, além da questão do acesso físico às localidades, a desinformação, fake news e a baixa conscientização de pais e responsáveis sobre a importância da vacinação das crianças - problemas que Antônio acredita que podem ser superados com muito esforço coletivo:

"A gente tem a limitação do acesso aos serviços né? Porque, afinal, a assistência fluvial que chega a muitas comunidades não está lá o tempo todo, ela se desloca entre as ilhas. Além disso, as famílias têm baixa percepção do risco dessas doenças preveníveis. Muitos têm medo de dos efeitos adversos, mesmo eles sendo raríssimos. Tudo isso contribui para a baixa imunização. A gente acha importante envolver as lideranças locais, e até mesmo as lideranças religiosas, trazendo esse pessoal para a discussão, porque são pessoas que têm a credibilidade da população. É fundamental essa parceria".

Próximos passos

A fase experimental do projeto ainda não terminou completamente, explica Antônio. Ele conta que até o final de dezembro, cada município deve designar um gestor do município, responsável geral pela estratégia, e um coordenador operacional, responsável pela implementação, junto aos demais agentes públicos locais. A partir da formação dessa equipe, os membros farão parte de um treinamento EAD sobre a plataforma onde o projeto BAV funcionará, registrando, identificando e monitorando os casos de crianças não imunizadas ou com atraso vacinal. A expectativa é que a plataforma, que já está no ar, comece a funcionar em todo o Brasil a partir de março de 2023.

"Essa plataforma georreferencia os casos, permitindo que a gente saiba onde tem mais número de crianças com vacina em atraso ou sem vacina.  Esse sistema vai permitir que eu acione os responsáveis que podem ajudar a solucionar o problema", garante Antônio.

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