Líderes empresariais movimentam debate internacional sobre economia inclusiva na UFPA
Além de líderes empresariais do Sistema B, o encontro reúne representantes de comunidades, organizações diversas e cidadãos
Empresas que geram impacto socioambiental positivo, com modelo de economia mais inclusiva e sustentável, são o foco do Encontro+B Amazônia 2025, que se encerra nesta sexta-feira, 5 de setembro, na Universidade Federal do Pará (UFPA). O evento reúne líderes empresariais de cerca de 20 países, incluindo Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Grécia, México, Holanda, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Espanha, Países Baixos, Reino Unido, Estados Unidos, Uruguai e Venezuela.
O reitor da UFPA, Gilmar Pereira da Silva, participou da abertura do evento. Ele destacou que a discussão sobre o clima precisa ser conectada a outras dimensões fundamentais para a vida na Amazônia. “A discussão sobre a questão climática deve estar conectada com a educação, com a saúde e também com o debate sobre soluções que envolvam uma produção sustentável e diversificada”, afirmou. Para o reitor, não é possível pensar o futuro da região repetindo modelos do passado, informou a assessoria.
“Não dá para a gente viver na Amazônia do mesmo modo que atuamos historicamente, com modelos produtivos ultrapassados, focados em monocultura. Por outro lado, não há como falar de futuro focando apenas na produção em larga escala, investindo em grandes projetos, sem compromisso ambiental e social. E vocês estão aqui, hoje, justamente para pensar diferente. Queremos contar com todos vocês para refletir sobre essa dinâmica, de forma coletiva. A Universidade está à disposição para contribuir com o debate e as soluções, por um mundo mais inclusivo e responsável”, concluiu o reitor, ao reforçar que a UFPA possui várias iniciativas de incentivo a modelos econômicos sustentáveis, como a Superintendência de Inovação e Desenvolvimento (SInD), que promove conhecimento e empreendedorismo na Amazônia, explica a assessoria.
Também durante a abertura, falando para uma plateia diversa que lotou o auditório do Centro de Eventos Benedito Nunes, da UFPA, Jay Coen-Gilbert, cofundador do B Lab - organização global responsável pelo Movimento B -,fez uma explicação sobre a lógica que impulsiona a conexão entre lucro e responsabilidade ambiental e social. Para ele, isso tem tudo a ver com o conceito de “cuidado”. Jay afirma que “o cuidado é uma forma de resistência e um retorno à nossa energia mais básica como seres humanos”. Ele acrescentou que, neste sentido, “as pessoas querem se engajar. O que estamos construindo juntos é uma nova cultura do cuidado”, concluiu.
Além de líderes empresariais do Sistema B, o encontro reúne representantes de comunidades, organizações diversas e cidadãos, com o objetivo de transformar a realidade amazônica e global. Sob o lema "A raiz do futuro", a proposta é aliar a temática empresarial às questões ambientais, em preparação para a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP 30).
Parceria
O encontro +B 2025 conta com o apoio do Movimento Ciência e Vozes da Amazônia na COP 30. Presente no primeiro dia da programação, a professora Izabela Jatene, do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e membro da Comissão Executiva do Ciência e Vozes, participou do painel “Direitos Humanos – Novos Padrões de Impacto”. Segundo a docente, um dos grandes desafios para a Amazônia é promover uma “revolução” sobre o que se pensa sobre a região. “Nós temos um grande desafio para lidar e precisamos olhar para uma mudança de perspectiva dentro da Amazônia: uma revolução por novas formas de conhecimento e de tecnologia, ouvindo, sobretudo, a nossa particularidade”, destacou.
A professora também ressaltou a importância do movimento criado pela UFPA em preparação para COP 30. Segundo ela, a iniciativa surgiu da percepção de que a Amazônia e suas populações não estavam sendo devidamente ouvidas nos debates climáticos. “Todas as discussões da COP pareciam passar por cima de nós, como se não existíssemos, como se as nossas vozes não ecoassem”, frisou. “Quando se disse que não haveria COP na UFPA, desde janeiro começamos a trabalhar e a organizar eventos, e este é um deles. Está acontecendo e muitos outros também acontecerão na Universidade Federal do Pará”, enfatizou, ao lembrar que a UFPA será entidade observadora na Zona Azul durante a conferência. “Será uma participação diferenciada, com uma ciência que escuta as vozes das populações tradicionais, indígenas e quilombolas”, concluiu.
O Sistema B Brasil representa no país o movimento internacional liderado pelo B Lab, uma organização sem fins lucrativos que surgiu nos Estados Unidos em 2006 e que criou a certificação de Empresas B (ou B Corps, no original em inglês). Organizado desde 2016, o Encontro+B já passou por países como Colômbia, Chile e Argentina. Em sua última edição, em 2023, levou mais de 850 pessoas de 27 países para Monterrey, no México — incluindo representantes do B Lab global, empresas B, investidores de impacto e lideranças sociais.
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