Jornalista de Parauapebas denuncia cuspe no rosto e ameaças de morte por Aurélio Goiano
Após o caso de violência física e verbal envolvendo a equipe do Grupo Liberal, mais casos do histórico violento de Goiano vieram à tona
Após o caso de violência física e verbal envolvendo a equipe do Grupo Liberal durante a cobertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém, o jornalista de Parauapebas Felipe Tommy denuncia ter sido alvo de agressões e ameaças do prefeito Aurélio Goiano (Avante), incluindo um episódio em que o gestor teria cuspido em seu rosto e o ameaçado de morte. Ele afirma que as investidas contra seu trabalho representam ataques à liberdade de imprensa e ao exercício profissional, situação que considera semelhante ao episódio recente envolvendo os jornalistas do Grupo Liberal.
Felipe Tommy relatou que um dos episódios foi em 2021, e aconteceu na delegacia, onde ele estava para participar de uma oitiva quando o vereador Aurélio Goiano começou a provocá-lo à distância. Ele disse que se aproximou de Goiano e começou a questioná-lo sobre a cassação do mandato. Foi nesse momento, segundo ele, que o vereador cuspiu nele. “Ele não gostou das perguntas. Ele cuspiu em mim duas vezes e disse: ‘Em b*sta a gente cospe’. Fui agredido simplesmente por fazer meu trabalho”, comenta.
“A abordagem ocorreu durante uma cobertura jornalística. Eu estava na delegacia para uma oitiva de outra matéria e, ao vê-lo no pátio, aproveitei a oportunidade para questioná-lo. Eu buscava ouvir a versão dele sobre a cassação, um assunto de evidente interesse público. Fui até ele, mas ele começou a me questionar e provocar à distância. Quando me aproximei e comecei a fazer as perguntas, ele cometeu o ato de cuspir em mim. Foi protocolado no Ministério Público uma denúncia informando tudo isso. Como ele retornou à Câmara, então ele voltou ao foro privilegiado, os processos não prosseguiram”, acrescenta Felipe.
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Ameaças
Felipe Tommy afirma, ainda que, na época dos fatos, Goiano, que não era prefeito - e era cotado para se candidatar à prefeitura -, já estava com o mandato cassado na Câmara Municipal. Tommy relata também que, durante a ameaça, o Aurélio não apenas fez provocações, mas também o agrediu verbal, moral e fisicamente, cuspindo nele duas vezes. Para o jornalista, as falas do agressor demonstram o ódio que ele nutre “pelo simples fato de ter sido questionado em sua função”.
Sobre o motivo da cassação do então vereador, Tommy relembra o caso. E que isso reforça o histórico controverso de Goiano: “Ele ameaçou de morte um servidor público e forjou uma assinatura da Desembargadora Luzia Nadja Guimarães Nascimento. Ameaçou de invadir a casa do prefeito Darci na época para cobrar demandas da população, tentou dar posse para o segundo lugar nas eleições de 2020 para a prefeitura de Parauapebas mediante um documento falso onde a desembargadora dava posse ao segundo colocado Júlio Cesar”.
Liberdade de imprensa
Felipe relatou que não se tratava de um incidente isolado. Ele mencionou que, em julho de 2023, Aurélio Goiano já havia se envolvido em uma situação violenta em frente a um mini-box chamado Nazaré, localizado no bairro Cidade Jardim, em Parauapebas.”Ele afirmou a testemunhas que queria me matar, dizendo que a vontade dele era dar um tiro na minha cabeça. Ele e outro homem estavam armados, fazendo ameaças. Em 2019, também em grupos de WhatsApp, ele havia prometido me agredir fisicamente, dizendo que queria ‘me pegar e dar umas lapadas na orelha’, essa foi a expressão que utilizou. Ele sempre agiu com violência contra todos que o questionaram aqui na cidade”, relata.
“Com certeza fere a liberdade de imprensa, porque o nosso trabalho é informar a sociedade e fiscalizar os agentes públicos. Eu trabalho com jornalismo investigativo, e minhas matérias são sempre pautadas em fatos e dados, inclusive protocolados no Ministério Público. E ele, inclusive, já foi apresentador, deveria entender isso. Intimidar jornalistas e a imprensa fere o Estado Democrático de Direito. Portanto, sim, fere a liberdade de imprensa”, pontua Tommy.
Comportamento explosivo
Esse histórico do prefeito de Parauapebas apenas reforça o comportamento explosivo tal qual o registrado contra os jornalistas do Grupo Liberal. Wesley Costa, Isis Bem e Vanessa Araújo foram agredidos no dia 14 de novembro dentro da Blue Zone da COP 30, em Belém, pelo prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano (Avante). Isis e Vanessa foram alvos de xingamentos e ofensas de gênero, enquanto Wesley foi agredido fisicamente com um tapa no rosto durante a cobertura.
O óculos do jornalista caiu ao chão e foi recolhido por uma pessoa que passava pelo local. Ele realizou o exame de corpo de delito, que deverá ajudar nas investigações da Polícia Civil, que apura o caso por meio da Seccional da Sacramenta. O prefeito foi retirado do evento pela equipe de segurança da ONU - e teve a credencial removida, posteriormente. Nas redes sociais, Goiano se manifestou em tom de deboche, dizendo que “tudo inventam para nos queimar”.
O exame de corpo de delito realizado no jornalista Wesley Costa confirmou que ele foi agredido durante a cobertura da COP. O resultado da perícia, divulgado na segunda-feira (24), reforça as acusações feitas contra o prefeito de Parauapebas. O laudo de lesão corporal aponta que Wesley apresentava uma “lesão traumática, de formato irregular, medindo 1,5 cm x 0,2 cm, localizada na mucosa bucal direita”, compatível com o impacto relatado.
A perícia também apresentou resultado positivo para o quesito de ofensa à integridade corporal (art. 129 do Código Penal), confirmando oficialmente que houve agressão física, conforme registrado pelo jornalista no atendimento médico após o episódio.
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