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Prefeito de Parauapebas tem histórico de agressões a comunicadores, dizem jornalistas

Relatos indicam que, antes mesmo do episódio registrado na sexta-feira (14) contra jornalistas do Grupo Liberal, Aurélio Goiano já havia protagonizado outras situações públicas de hostilidade

O Liberal

Profissionais da imprensa afirmam que o prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano (Avante), acumula um histórico de intimidação e agressões verbais contra a categoria. Relatos indicam que, antes mesmo do episódio registrado na sexta-feira (14) — quando três jornalistas do Grupo Liberal, Wesley Costa, Isis Bem e Vanessa Araújo, da Rádio Liberal+, foram agredidos dentro da Blue Zone da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP 30), em Belém — o prefeito já havia protagonizado outras situações públicas de hostilidade.

A jornalista da Rádio Liberal, Vanessa Araújo, relata que a reputação de Aurélio Goiano gera um "sentimento real de medo" na imprensa, uma vez que o prefeito tem um histórico de agressões a profissionais. Ela citou, ainda, um caso anterior em que ele chegou a cuspir no rosto de um colega de profissão em Parauapebas, além de desrespeitar os profissionais. “A fama dele não é muito boa. Ficou um sentimento real de medo. Além disso, ele costuma fazer esse tipo de coisa, como agredir a imprensa. Ele já cuspiu no rosto de um colega da imprensa também, lá em Parauapebas”, relata a jornalista.

“Ele [Aurélio Goiano] agride a gente verbalmente, ele acaba nos destratando enquanto profissionais. A repercussão não foi positiva e eu me senti realmente invadida como profissional, pois nunca havia passado por algo dessa natureza. Espero que a justiça seja feita. Nosso jurídico está trabalhando, e ainda aguardamos as imagens da ONU que não foram cedidas. Sabemos o que vimos. Eu testemunhei um colega ser atacado verbalmente, eu vi o tapa”, detalha Vanessa.

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O jornalista Wesley Costa, da Rádio Liberal +, foi agredido com um tapa no rosto pelo prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano (Avante), na última sexta-feira (14)

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O caso aconteceu na Blue Zone da Conferência da ONU em Belém, onde o prefeito de Parauapebas teve sua credencial suspensa pela organização

Também vítima da agressão na Blue Zone, a apresentadora da Rádio Liberal +, Ísis Bem, pontua que o comportamento do prefeito de Parauapebas não foi um fato isolado. “Em outras situações, e vimos que eram situações extremas, como ele cuspir no rosto de outros jornalistas ou fazer mídias em frente à delegacia. O que eu quero ressaltar é que, em seu local de trabalho, qualquer pessoa, seja jornalista ou não, ser desrespeitada dessa forma é algo muito grave. Você se sente vulnerável”, comenta.

Descredenciamento

O advogado criminalista Luiz Araújo, que representa as três vítimas agredidas pelo prefeito de Parauapebas, Aurélio Goiano, durante a cobertura da COP 30, solicitou às autoridades o descredenciamento imediato do gestor municipal, para que ele não possa mais acessar o evento.

Segundo o advogado, as jornalistas Isis Bem e Vanessa Araújo foram “brutalmente agredidas” e atacadas em razão de serem mulheres, enquanto o repórter Wesley Costa levou um tapa no rosto durante transmissão ao vivo. Araújo afirmou que os três profissionais relataram se sentir ameaçados e inseguros para continuar trabalhando dentro da COP 30.

Sindicato atua junto aos jornalistas

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Pará (Sinjor-PA), Vito Gemaque, afirma que, nesses casos, o sindicato orienta as pessoas sobre os procedimentos legais e as encaminha para a Comissão de Liberdade de Imprensa da OAB, que possui maior alcance de trabalho. “Quando as agressões são contra jornalistas que possuem registro profissional, porque isso que define se uma pessoa é jornalista, nós colocamos a nossa assessoria jurídica para orientar a vítima e acompanhamos o processo legal junto aos órgãos policiais e de justiça”, pontua Gemaque.

“E a gente sempre orienta todas as vítimas — jornalistas e comunicadores que foram agredidos ou ameaçados por causa da sua profissão — a procurarem um sindicato, a registrarem um boletim de ocorrência e, se possível, terem um advogado para acompanhar o caso. Não é o caso porque, muitas das vezes, os agressores são agentes do Estado, como é o caso do prefeito de Parauapebas. Há uma dificuldade da polícia, da Justiça e do Ministério Público em tomar as providências”, acrescenta o presidente do Sinjor-PA.

Segundo Gemaque, o advogado é essencial para ficar cobrando também o andamento do processo. “Aí o sindicato também entra, cobrando publicamente, enviando documentos e cobrando oficialmente os órgãos responsáveis para que tomem as medidas. Mas, infelizmente, a realidade é que, se não tiver esse acompanhamento — e na maioria dos casos não há denúncia, não há registro oficial. Eles acabam caindo no esquecimento. Então, essa é a orientação do sindicato”, frisa.

Histórico conturbado

O caso relatado por Ísis e Vanessa remete a agressão sofrida por Felipe Tommy, comunicador de Parauapebas. Em 2024, o então vereador Aurélio Goiano o xingou e cuspiu em seu rosto enquanto ele tentava entrevistá-lo sobre sua expulsão do PL.

O prefeito de Parauapebas também acumula outros históricos de polêmicas. Em 2022, quando ainda era vereador, ele esteve envolvido em controvérsias. Na época, o julgamento do Mandado de Segurança impetrado por Cássio de Menezes e Silva, o “Cássio da VS-10” (PSD), resultou em um afastamento de Goiano. Aurélio foi afastado pela primeira vez em outubro de 2021, na sua primeira derrota na justiça, como detalhado pela imprensa local.

Em 2021, o parlamento municipal decretou a perda do mandato do vereador Aurélio Ramos de Oliveira Neto, popularmente conhecido como Aurélio Goiano, do Partido Social Democrático (PSD). Na ocasião, foi detalhado que a perda do mandato eletivo para o cargo de vereador se deu em razão da prática de conduta incompatível com o decoro parlamentar, nos termos dos artigos 17, inciso II, da Lei Orgânica Municipal; 140, inciso II, da Resolução nº 08/2016, de 15 de dezembro de 2016; e 15, inciso III, da Resolução nº 01/2016, de 26 de abril de 2016.

Perícia

Até a quarta-feira (19), o laudo pericial sobre a agressão cometida contra o jornalista Wesley Costa ainda não tinha sido liberado. A Polícia Civil do Pará informou que o procedimento tem prazo inicial de até 10 dias úteis — a contar de quando ocorreu o episódio — para ser concluído, podendo ser prorrogado conforme a necessidade das investigações.

“A Polícia Civil do Pará informa que todos os procedimentos foram adotados ainda no dia do fato, como o registro do boletim de ocorrência na Seccional da Sacramenta, depoimento das vítimas, pedido de imagens e a perícia, realizada no mesmo dia. Todos esses elementos, assim como as oitivas dos envolvidos, vão compor o relatório final do inquérito policial. Em relação à perícia, o laudo tem o prazo inicial de 10 dias úteis, podendo ser prorrogado por igual período ou mais, conforme a necessidade das investigações”, detalha o comunicado, na íntegra.

Também na quarta-feira, a Câmara Municipal de Parauapebas se manifestou após as agressões cometidas contra os jornalistas do Grupo Liberal. Em resposta à Redação de O Liberal, a Câmara Municipal de Parauapebas vem a público afirmar que repudia todo e qualquer ato de violência, independentemente de autoria, motivação ou circunstância. A integridade física, moral e profissional de todos os cidadãos deve ser sempre preservada e respeitada”, detalhou a nota da Câmara Municipal.

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