Fazenda da Esperança, referência em recuperação de vidas, celebra 10 anos de atuação em Mosqueiro
Para celebrar esse marco, uma programação será realizada na unidade de Belém neste fim de semana
Com uma década de trabalho social voltado ao acolhimento e recuperação de homens entre 18 e 60 anos em tratamento contra a dependência química, a Fazenda da Esperança, em Mosqueiro, comemora seus 10 anos - completados no dia 5 de julho - neste fim de semana. A celebração terá início no sábado (13) com gincanas e atividades recreativas, e segue no domingo (14) com encontro de famílias, missa presidida por Dom Alberto Taveira Corrêa, arcebispo emérito de Belém, além de momentos de confraternização.
A Unidade da Fazenda da Esperança em Mosqueiro, batizada de Nossa Senhora de Nazaré, atende em média de 100 a 120 pessoas em tratamento contra a dependência química. Fundada há 42 anos em São Paulo, a instituição é vinculada à Igreja Católica e tem como missão ajudar na recuperação de homens e mulheres que enfrentam problemas com álcool e outras drogas.
Segundo o responsável técnico e operacional da Fazenda da Esperança, este é um momento especial, pois será uma festa interna com a família dos acolhidos, os acolhidos e os voluntários da instituição. Luciano aponta que mais de 5 mil pessoas já passaram pela instituição ao longo dos mais de 10 anos. “Teremos gincanas e brincadeiras o dia todo. Essa é uma forma de celebrar esses 10 anos no estado do Pará, com essa unidade de Belém, salvando e restaurando vidas. No domingo, é o grande encontro, com as famílias. Também teremos um momento religioso”, explica.
Acolhimento
Luciano explica que a Fazenda da Esperança possui nove unidades no estado do Pará, totalizando 180 unidades a nível nacional. A unidade mais antiga tem 25 anos, enquanto a de Mosqueiro, mais recente, completou 10 anos. O gestor expressou satisfação em seus oito anos de trabalho, afirmando que acompanhou muitas vidas nesse período. Ele destacou que a fazenda acolhe 100 pessoas e que é gratificante observar a transformação de vida dos jovens e adultos que passam por lá, pois o que eles oferecem é a fé em Deus.
“A gente não tem outro método. O que oferecemos é Deus. É viver, concretamente, e colocar em prática a palavra de Deus. E isso tem transformado vidas. A fazenda tem dado uma resposta muito grande com resultados por meio desse estilo de vida. Somos um estilo de vida reconhecido pelo Vaticano. Somos uma família dentro da igreja. Hoje no Brasil são três carismas reconhecidos: a Fazenda da Esperança, a Canção Nova e a Shalom. Eles se sentem amados, que não têm família, têm esse afeto, têm um lar digno, têm um ambiente favorável para mudar suas histórias", relata Luciano.
Esperança
Para Luciano, é possível que as pessoas retomem suas vidas e se reintegrem à sociedade como novos indivíduos graças ao trabalho realizado pela Fazenda da Esperança: “A gente não tem o corpo clínico, porque a gente não é clínica. Realizamos essa recuperação baseada no tripé: trabalho, desenvolvimento humano, convivência e espiritualidade. Tudo isso por meio de oração do terço, missa, todos os dias, adoração. O que é colocado para eles é a palavra de Deus e pedido para ser colocado em prática durante o dia. A gente dá o amor e o amor ele transforma”.
O responsável técnico da Fazenda da Esperança afirmou que a instituição oferece diversas oficinas e cursos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). Entre eles, destacam-se a oficina de purificação, hidroponia, criação de peixe, suinocultura, piscicultura e um horto com plantas ornamentais e frutíferas. Ele enfatizou que essa variedade de espaços e atividades permite encaixar cada pessoa de acordo com seu perfil. Além disso, o que é produzido no local é comercializado para ajudar a manter a obra.
“Normalmente, os eventos fixos são a Festa da Juventude e a Tarde Alegre, que ajudam a contribuir para a arrecadação de fundos. Realizamos diversas ações, vendemos nossos produtos e contamos com doações de valores e alimentos de empresários. O governo, ocasionalmente, destina para nós bens apreendidos, e o Ibama doa madeiras apreendidas para nossa marcenaria. O Ministério Público do Trabalho também contribui. Deus envia as pessoas, os seus anjos. E por ser uma obra séria, as pessoas têm essa certeza, atraindo quem deseja ajudar”, conta.
Transformação de vidas
Luciano de Figueiredo, conta que a experiência na comunidade transformou a própria vida depois de anos de dependência química. Ele relata que enfrentou o vício por 11 anos e que a curiosidade o aproximou das drogas ainda jovem, dentro do condomínio onde morava. “Eu entrei numa vida que me levou a uma tentativa de suicídio, há 18 anos. E me apresentaram a Fazenda da Esperança. Na época eu fiz o procedimento e entrei em janeiro de 2007”, relata
Segundo ele, a permanência na Fazenda da Esperança não foi apenas um meio contra o uso de drogas, mas também um reencontro espiritual. “Eu entrei na fazenda para deixar de usar droga, mas eu posso dizer para que eu tive um encontro pessoal com Deus nessa obra, porque no pior momento da minha vida eu fui amado. As pessoas me acolheram lá com muito amor e isso tocou muito o meu coração.”
Depois do período inicial na Fazenda, Luciano disse que buscou novos caminhos. Mas o retorno à comunidade veio de forma definitiva “Eu saí, corri atrás dos meus sonhos e fiquei sete anos fora. Me formei em engenharia. Eu me encantei com esse estilo de vida e decidi dar minha vida em serviço a Deus. Então, há 12 anos eu moro dentro da Fazenda. Sou membro de promessa definitiva e prometi a Deus: enquanto eu tiver vida, eu vou dar minha vida por essas pessoas que um dia deram a vida por mim.”
“Eu não tenho nada a pedir a Deus mais, eu só tenho agradecer. Porque cada pessoa que se recupera, nenhum dinheiro no mundo paga. Ver uma pessoa recuperada, dando a volta por cima, assim como eu, que tive não só a minha vida, mas a vida de toda a minha família restaurada, não tem preço Minha família estava uma bagunça. Mas a partir da minha recuperação, todos puderam reencontrar a paz. E isso é algo que eu vou carregar para sempre. Enquanto eu tiver vida eu vou dar a essas pessoas, a esses Jesus abandonados que nos procuram”, acrescenta Luciano.
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