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Obesidade é fator de risco para a covid-19 e às doenças cardiovasculares

Excesso de peso atinge 64,3% dos adultos paraenses

Cleide Magalhães
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A obesidade é fator de risco para as doenças cardiovasculares e à covid-19. No Brasil, um em cada quatro adultos, acima dos 20 anos de idade, estão obesos. O número de pessoas com sobrepeso, dobrou entre 2003 e 2019, de 43,3% para 61,7%. Além disso, pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) considerou que os casos mais frequentes são em mulheres.  

Em 2020, no Pará, o excesso de peso atinge 64,3% dos adultos, de 18 a 59 anos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), de acordo com dados do Ministério da Saúde. Ainda no Estado, entre os idosos a prevalência é de 47,17%. Em relação aos adolescentes, o percentual de excesso de peso é 26,72%. Já entre as crianças, é cerca de 7%. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, o excesso de peso inclui, além da obesidade, o sobrepeso. Isto é, o peso normal é daqueles que têm até 25 o Índice de Massa Corporal (IMC). Só é doença acima de 30 IMC. “A obesidade é uma condição clínica definida pelo critério do IMC e acima de 30 é considerado como obesidade. Há graus diferentes de obesidade: até 34.9 é grau um, até 39.9 grau dois e acima de 40 é grau três”, explica a médica endocrinologista Mayana Barros.

Ela estaca que a doença pode estar relacionada à fatores genéticos ou ao ambiente no qual a pessoa está inserida. E a importância da obesidade é que ela pode implicar no surgimento a outras doenças relacionada ao excesso de peso por tempo prolongado, como o diabetes, a hipertensão arterial, a osteoporose, os problemas de circulação e alterações da função renal.

“A obesidade pode levar inclusive à morte, que, em geral, ocorre por problemas cardiovasculares e pode levar ao infarto”, alerta a endocrinologista do Hospital Universitário João de Barros Barreto, do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (UFPA)/Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

Dona de casa ganhou peso após depressão

Com a morte da mãe, há 12 anos, a dona de casa Noeme Fernandes, 43 anos, chegou à depressão, que, segundo ela, a levou à obesidade. “Creio que eu tinha 29 anos de idade, fiquei muito deprimida com a morte da minha mãe e entrei em depressão, que não me deixava ter vontade de viver, de sair nem andar por aí, eu só ficava trancada em casa. Com um tempo, fui ganhando peso e cheguei a pesar 140 quilos”.

Noeme conta ainda que algum esforço para tentar emagrecer com dietas e atividades físicas, mas sempre parava e não conseguia avançar. “Foi quando soube que o Hospital Jean Bittar realizava bariátrica e procurei pelo serviço, mas levei ainda três anos para submeter-me à redução de estômago, que fiz quando estava com 126 quilos. A cirurgia mudou minha vida, porque não tenho mais vergonha de ninguém nem de sair nas ruas e visto a roupa que quero. Mantenho minhas caminhadas e dietas, porque a cirurgia é só uma ajuda”, afirma.

E, mesmo não sendo mais uma pessoa obesa, Noeme diz que toma todos os cuidados com a covid-19, como o uso de máscaras e higiene, “pois essa doença atinge qualquer pessoa”, afirma a dona de casa, que fez a bariátrica há quase um ano e meio e mora em Icoaraci, distrito de Belém.

Obesidade é fator de risco também à covid-19

Ainda segundo a endocrinologista Mayana Barros, os casos de obesidade são fatores de riscos não somente para as doenças cardiovasculares, mas também para a covid-19, doença ocasionada pelo novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2).

image Endócrinologista Mayana Barros explica que a obesidade pode agravar o padrão de inflamação em casos de covid-19 (Foto: Divulgação) 

“A obesidade é considerada um estado inflamatório, que quando associado a alguma doença, como a covid-19, pode agravar o padrão da inflamação da pessoa. É por isso que, às vezes, esses pacientes fazem quadros mais graves da covid-19. Ainda aprendemos sobre esta doença e ainda não sabemos todos os mecanismos, mas uma das opções pensada é o agravamento do estado inflamatório”, explica a médica.

No Pará, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informa que a prevalência de obesidade entre as pessoas que tiveram covid-19 está estimada em 0,28%.

“Acredita-se, no entanto, que esses dados podem estar subestimados, entre as outras comorbidades mais prevalentes, como cardiopatias e diabetes, é possível que outras pessoas apresentem excesso de peso. Porém, essa informação pode não ter sido registrada, daí a baixa prevalência”, afirma a Sespa.

A Sespa reforça que as orientações básicas para evitar a doença são o uso de máscara, álcool em gel, o distanciamento social e evitar aglomerações. 

A médica também frisa que as medidas de prevenções da covid-19 são iguais para todos. “Precisamos manter o uso de máscaras, lavagem constante das mãos, distanciamento social e, em caso de sintomas respiratórios, não sair de casa e ficar isolado do grupo”, solicita Mayana Barros.

Como evitar a obesidade

Para evitar a obesidade, de modo geral, é preciso manter bons hábitos de vida e o ideal é não deixar acumular e ganhar peso, que envolve questões multifatoriais. “Recomendamos ter hábito de alimentação saudável, preferir comidas de verdade no lugar de comidas artificiais, como ‘fast foods’, sucos de caixas e alimentos em lata. Além de atividade física contínua, como andar mais a pé, fazer caminhada, se movimentar”, orienta a endocrinologista.

Além disso, consultar um médico uma vez ao ano, fazer uma avaliação e o cálculo do IMC, e investigar outras coisas que possam influenciar o aumento de peso e as consequências do aumento de peso. “Quanto mais cedo obtiver o diagnóstico, mais cedo pode intervir com o tratamento medicamentoso. O paciente grau três pode ter mais benefício da cirurgia. Embora, em geral, o tratamento seja nutricional e com mudança de vida, fazendo atividade e dieta””, reforça a médica Mayana Barros.

 

Atendimentos

A Sespa informa que o atendimento de pessoas com sobrepeso e obesidade I é feito nas Unidades Municipais de Saúde, por ser um atendimento de nível primário de atenção. “Contudo, o governo estadual realiza atendimentos em nível secundário e terciário no Hospital Jean Bitar, com a realização de cirurgias bariátricas, um dos tratamentos disponíveis para quem tem obesidade mórbida. A cirurgia também está sendo realizada no Hospital Galileu, por meio do Programa Obesidade Zero”, destaca a Sespa.

Ambulatório de Obesidade

Apesar da principal referência na área da endocrinologia do Hospital Universitário João de Barros Barreto ser o diabetes, entre as patologias que o hospital atende há o Ambulatório de Obesidade, que atende pacientes regulados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Para conseguir um encaminhamento para o Ambulatório de Obesidade, é necessário a pessoa passar pelo atendimento na Atenção Básica de Saúde, a qual irá regular o paciente para as Unidades da Média e Alta Complexidade que possuem o serviço voltado para a doença. 

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