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Envolvido na morte da irmã Dorothy Stang é acusado de invadir terras públicas no Acre

De acordo com a polícia Civil, Amair é procurado por ameaçar moradores da região e, a partir de agora, por posse ilegal de arma

O Liberal
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Essa semana, a Polícia Civil cumpriu mandados judiciais na Fazenda Canaã, atualmente ocupada pela família de Amair Feijoli, dentro da Floresta Estadual do Antimary, no Acre. Feijoli foi condenado por envolvimento na morte de Dorothy Stang, missionária norte-americana assassinada em 2015. Agora, ele é investigado também por se apossar de terras públicas.

Na operação realizada na propriedade, foram apreendidas duas espingardas, um rifle calibre 22, munições e um colete a prova de balas, que, segundo o delegado responsável pelo cumprimento do mandado, pode ser patrimônio das forças de segurança. “Existia uma placa de identificação que foi suprimida, mas a gente tenta verificar se era da Polícia Militar, Polícia Civil ou outra força de segurança”, explicou o delegado Marcus Frank ao G1. Quatro pessoas foram presas por porte ilegal de armas de fogo.

De acordo com a polícia Civil, Amair é procurado por ameaçar moradores da região e, a partir de agora, por posse ilegal de arma. Já o filho dele, Patrick Coutinho da Cunha, é investigado por tentativa de homicídio. Ele teria se envolvido em uma briga motivada por disputa de terra e disparado duas vezes contra um agricultor. “Não localizamos nem ele (Amair) e nem outros familiares”, afirmou o delegado Marcos Frank. 

Conhecido como ‘Tato’, Amair Feijoli foi condenado a uma pena de 18 anos por intermediar a morte da missionária Dorothy Stang. De acordo com informações da Justiça do Pará, ele atuou na contratação dos pistoleiros Rayfran das Neves e Clodoaldo Batista para assassinar a norte-americana em um crime encomendado por Vitalmiro Bastos de Moura e Regivaldo Pereira Galvão. A irmã Dorothy, como era chamada, defendia o uso sustentável da floresta em áreas de assentamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e vivia sob constante ameaça de madeireiros. Stang foi morta com seis tiros, no município de Anapu (PA).

Na suspeita envolvendo o filho de Feijoli, um agricultor acusa a família de ocupar ilegalmente parte de uma propriedade adquirida pela vítima há cerca de seis anos, no município de Sena Madureira (SC). “Eu comprei do cara e falei com ele (Amair) para pagar pela terra, que é minha. Ele falou que ia pagar, mas passou dois anos me enrolando. Encontrei ele em um bar, perguntei se ia pagar e ele disse que não ia pagar, que não queria conversa”, disse o agricultor. Ele conta que, após esse diálogo, desferiu um golpe com taco de sinuca na cabeça de Amair, com quem travou luta corporal. Em seguida, Patrick se armou e desferiu dois tiros contra o agricultor, que precisou fugir para a mata para se proteger. 

Segundo o relato da vítima, essa discussão teria ocorrido em abril deste ano, mas esse não seria um caso isolado. O agricultor relata que Amair é conhecido por ameaçar produtores da região e que anda armado, com segurança, com o objetivo de intimidar quem vive na região. Já o advogado da família de Amair sustenta que seu cliente foi vítima de uma tentativa de homicídio. "Não morreu por sorte, porque houve um revide, pegou essa paulada na cabeça por trás. Existe no Acre um movimento muito estranho e ilegal dando força para esses invasores desrespeitarem uma área que vai ser comprovada que está escriturada no Amazonas, existe um proprietário e não foi invadida”, afirmou ao G1. 

As suspeitas não param por aí. Em 2021, Amair também foi investigado por desmatar ilegalmente uma área de 600 hectares, ação denunciada por um grupo de 40 moradores da Unidade de Conservação Ambiental Floresta Estadual Antimary, localizada na BR-364, no interior do estado do Acre. Segundo a denúncia recebida pela Promotoria de Justiça, Amair havia se mudado para uma propriedade na área, bloqueando alguns ramais de acesso, derrubando árvores ilegalmente e criando gado. Na última semana, o Batalhão de Policiamento Ambiental voltou a fim de investigar novas denúncias de crimes ambientais. A diligência prendeu três homens que estavam derrubando árvores na unidade de proteção ambiental. A polícia acredita que eles eram contratados por Amair Feijoli.

Dados do Instituto de Meio Ambiente do Acre (Imac) apontam que só de janeiro a maio deste ano, as propriedades ocupadas pela família de Amair tiveram mais de 225 hectares desmatados. Nesse mesmo período, só a filha dele, Patrícia Coutinho da Cunha, acumulou mais de R$ 1 milhão em multas por crimes ambientais cometidos na Unidade de Conservação Ambiental Floresta Estadual Antimary.

A Fazenda Canaã, citada no começo da reportagem, é alvo de uma ação civil pública que pede a desocupação da propriedade. Na ação, o Ministério Público Federal do Acre pede ainda indenização por danos ambientais e pelo tempo de usufruto da área, um valor que supera R$ 5 milhões. Amair Feijoli e Patrícia Coutinho da Cunha estão entre os citados no documento.

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