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Educação: conquistas devem ser coletivas

Acesso ao ensino, permanência na escola e aprendizagem efetiva permanecem como desafios, aponta pedagoga

O Liberal
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No Dia Mundial da Educação, a transcorrer nesta quinta-feira (28), refletir sobre como se pode contribuir para o avanço do processo educacional em respeito à cidadania de crianças, jovens e adultos pode ser uma boa ideia. Até para que alguns dos principais desafios nesse campo na Amazônia possam ser combatidos e vencidos como a necessidade de maior acesso ao ensino, a permanência e a aprendizagem efetiva, como aponta a pedagoga Eliana Felipe, doutora em Educação e professora associada do Instituto de Ciências da Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA). Em dezembro de 2021, como efeito da pandemia da covid, 244 mil crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos estavam fora das escolas no Brasil, indicando crescimento de 171,1% na evasão escolar em comparação a 2019, segundo levantamento da organização Todos pela Educação.

Para Eliana, a participação dos cidadãos em geral na formulação e debates de propostas educacionais é algo visceral para a reversão dos cenários desafiadores dos brasileiros. "A educação é muito importante para ser relegada à decisão de poucos, neste caso, os dirigentes ou formuladores de políticas", pontua. O maior desafio do país, na avaliação dessa educadora, é garantir escola pública de qualidade para todas as crianças e jovens, em condições de igualdade de oportunidades. Como frisa, o Brasil precisa investir na infraestrutura das escolas, na valorização dos professores, com a garantia de formação continuada, pagamento do piso salarial profissional nacional no caso dos professores da educação básica, garantia do custo-aluno qualidade e recursos públicos para as escolas públicas.

Sobre a tese defendida por muitos educadores de que a escola tem de ser atraente para os estudantes em geral, Eliana Felipe, ressalta que "a escola pode ser atraente se dispuser de recursos fundamentais como bibliotecas, laboratórios, Internet gratuita, entre outros recursos, além de uma Pedagogia inovadora capaz de dialogar com a diversidade de sujeitos que estão nas escolas e com a realidade complexa da vida no mundo contemporâneo". Observa ser fundamental se ter em vista "uma formação intelectual que prepare as crianças e jovens para participar plenamente da cultura e do trabalho", e isso "requer investimentos que o País ainda não assumiu".

Os pais podem ajudar o processo, acompanhando o trabalho da escola e da educação dos seus filhos. "A sociedade exigindo do poder público a observância da Constituição e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, participando efetivamente das lutas pela garantia do direito à educação".

Superação

Nesse contexto de desafios, vale a pena conhecer a história de quem encontrou na educação o seu escudo contra o preconceito e o seu caminho profissional. A pedagoga e professora Creuza Santos, 55 anos, nasceu em Abaetetuba, e ainda criança sofreu discriminação racial na escola, por ser negra. Ocorre que ela nunca deixou que isso a intimidasse e seguiu estudando. Cursou o Magistério no Instituto de Educação do Pará (IEP), nos anos 80, e formou-se em Pedagogia na UFPA, fez doutorado em Educação em Ciências e Matemática pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

Creuza era de família pobre, de nove irmãos, dos quais somente ela conseguiu acessar o ensino superior, e hoje serve de referência para os sobrinhos nos estudos. A professora atuou na Coordenação de Educação para Relações Étnico-Raciais da Seduc e permanece vinculada à Secretaria de Estado de Educação. "Eu me sinto feliz em contribuir para que outras pessoas negras e pobres consigam seguir nas escolas, tendo acesso ao conhecimento, a partir da nossa luta no Movimento Negro, da nossa resistência". Ainda nesta quarta-feira (27), Creuza Santos, orientava alunos de Pedagogia da Uepa na Brinquedoteca da instituição, no bairro do Telégrafo.

Credibilidade

Na rede pública estadual, como ressalta a secretária Eliete Braga, Seduc, desde 2019 o Governo Estadual atua na recuperação da estrutura física das escolas. A gestão já entregou 97 unidades escolares reconstruídas, mesmo com o contexto da pandemia da covid-19. "O Governo investiu no projeto pedagógico, para aperfeiçoar o processo de aprendizagem, o que inclui a formação dos professores, contando com o Centro de Formação, o Cefor, que em três anos atingiu 35 mil profissionais de educação, para isso dispondo de uma plataforma digital", afirmou a secretária Eliete.

Outro foco da Seduc tem sido na permanência dos estudantes nas escolas, ou seja, no combate à evasão escolar, e nesse sentido entrou em vigência o programa Reencontro com a Escola, com o fornecimento de bolsas de R$ 500,00 para concluintes do Ensino Médio e de R$ 100,00 para alunos do demais anos escolares. Na pandemia, a Secretaria investiu no Reforço Escolar, via internet e com atividades complementares via Caderno de Atividades distribuídos nas escolas, envolvendo  devolutivas.

A preparação de alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) envolve o programa Enem Pará com um polo metropolitano em Belém, o Enem Digital via Internet e o Enem Itinerante. Foi viabilizado o pagamento de reajuste salarial aos professores, o que reforça a credibilidade da sociedade na educação estadual pública, como destacou a titular da Seduc.

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